Final manchada pela polémica

RESUMO DO JOGO

Numa final da Taça da Liga de futsal em que o Benfica teve ascendente sobre o Sporting, acumulou ocasiões de golo, mas pecou na eficácia (2-4), a polémica foi a maior mancha: o embate ficou marcado por uma decisão incompreensível da equipa de arbitragem a menos de um minuto e meio do termo do dérbi, a qual motivará um protesto do Clube junto da Federação Portuguesa de Futebol, exigindo a repetição do encontro.

Ultrapassados com categoria Braga (5-1) e Belenenses (2-7), nos quartos de final e na meia-final da final eight da competição, chegou a hora do encontro decisivo, com o Presidente Rui Costa presente no Pavilhão Municipal da Póvoa de Varzim, neste domingo, 21 de janeiro.

O minuto inicial da partida foi adverso para as águias. Na sequência de um canto, o Sporting adiantou-se, com um golo de Taynan (0-1).

Os encarnados não se deixaram abalar. Pelo contrário, pressionaram, tiveram capacidade para circular a bola e criaram sucessivas ocasiões de golo. Henrique, guarda-redes do Sporting, teve muito trabalho e, por mérito do Benfica, foi forçado a diversas intervenções apertadas.

Aos 4', após canto, Jacaré, sem marcação, não conseguiu acertar no alvo. Oportunidade flagrante! Com o Sporting a tentar reequilibrar, Léo Gugiel travou a tentativa de Alex Merlim. Num dérbi emotivo, de parada e resposta, aos 6', Higor de Souza, com um disparo cruzado, voltou a encontrar a oposição de Henrique.

Aos 8', mais um lance em que a eficácia falou mais alto. Depois de uma chance clara de Higor de Souza, cujo remate foi defendido pelo guardião leonino, deu-se o contragolpe dos verdes e brancos. Pany Varela atirou para intervenção de Léo Gugiel, mas, na recarga, Sokolov fez o 0-2.

A equipa técnica do Benfica ainda solicitou que os árbitros visionassem as imagens, por eventual ação faltosa de Diogo Santos sobre Higor de Souza, no lance que antecedeu o golo, mas a decisão manteve-se.

Num pavilhão repleto e com os cânticos dos adeptos das águias bem audíveis, num apoio permanente, o Benfica continuou a impor-se em quadra, determinado a operar a reviravolta. Sempre a rondar a baliza contrária, faltou capacidade para ultrapassar Henrique. Aos 17', Afonso Jesus desperdiçou mais uma oportunidade entre as muitas criadas.

Até que Ivan Chishkala aproveitou uma desatenção do Sporting para reduzir (1-2, aos 18'), um golo que premiou a produção ofensiva dos encarnados.

A 2m25s do intervalo, os leões cometeram a 5.ª falta, situação que o Benfica tentou aproveitar. No entanto, foram os verdes e brancos que faturaram, num lance de bola parada concluído por Taynan (1-3, aos 19').

Incessante na procura do golo, no derradeiro minuto da primeira parte, o Benfica poderia ter feito o segundo tento, o que não se verificou. O claro ascendente dos comandados de Mário Silva era merecedor de outro resultado ao intervalo...

Na segunda metade, a toada manteve-se. O Benfica teve mais bola, dominou, revelou muito querer e as ocasiões de perigo surtiram efeito, aos 34'. Na sequência de um canto apontado por Carlos Monteiro, João Matos desviou para a própria baliza. Com 2-3, o dérbi eterno, com protagonistas de grande qualidade em quadra, tornou-se ainda mais quente.

Pouco depois, o Benfica solicitou que a equipa de arbitragem recorresse às imagens televisivas, mas não foi assinalada sanção num lance entre Taynan e Higor de Souza.

O Sporting, por Taynan, atirou uma bola ao poste e o Benfica respondeu com mais lances que terminaram com defesas de Henrique, nomeadamente aos 36' e aos 38', momentos em que o guardião verde e branco travou os remates de Arthur. Do outro lado, também Léo Gugiel esteve sensacional, ao defender três remates consecutivos.

Emocionante, o dérbi ficou marcado por um momento incompreensível perto do final. A menos de um minuto e meio do fim, o Benfica partiu para o ataque em superioridade numérica. Jacaré preparava-se para receber a bola na direita, quando Taynan, que estava no banco de suplentes do Sporting, entrou na quadra e cortou o esférico, impedindo que a jogada prosseguisse. A equipa de arbitragem visionou as imagens do momento e... apenas exibiu cartão amarelo ao atleta verde e branco! Este lance motivou, de resto, uma posição oficial do Clube. Tendo em conta a conduta antidesportiva do atleta rival, o Benfica exige, junto da Federação Portuguesa de Futebol, a repetição da final.

Faltavam 1m22s para o final, Mário Silva solicitou timeout e lançou o capitão Bruno Coelho como guarda-redes avançado. Era o tudo por tudo, na tentativa de, pelo menos, empatar o jogo. Nesta fase, os árbitros vislumbraram a 6.ª falta dos encarnados. Na conversão do livre de 10 metros, Tomás Paçó, a 21 segundos do final, bateu Martim Figueira. O tempo escasseava e o marcador não se alterou (2-4).

O próximo desafio do Benfica está calendarizado para sábado, 27 de janeiro. No Pavilhão Fidelidade, às 20h00, terá lugar a receção ao Fundão, duelo da 4.ª eliminatória da Taça de Portugal.

DECLARAÇÕES

Mário Silva (treinador do Benfica): "A verdade é que o Benfica foi a melhor equipa durante os 40 minutos. Parece-me que é uma evidência. Não precisamos de estar aqui com desculpas: nem sempre a melhor equipa ganha, mas sim a equipa que acaba por ser mais eficaz nas ações ofensivas e defensivas. Até muito perto do final, apesar desse maior ascendente durante 30 e muitos minutos por parte do Benfica, o Sporting, por competência própria, estava na frente do marcador. Depois, é difícil explicar... Costumo ensinar aos meus filhos que, entre o certo e o caminho mais rápido para ganhar, escolham sempre o certo, porque o certo vai ganhar mais vezes. Foi assim que fiz durante toda a minha vida, foi assim que cheguei ao Benfica e é assim que, um dia, irei sair desta instituição, que sirvo com toda a dedicação e paixão. Sou do tempo, com 22 anos de futsal sénior, em que atletas aqueciam por detrás dos bancos para poder fazer esta vergonha, em que se molhavam campos para poder fazer esta vergonha... Isto [um jogador adversário (Taynan) saiu do banco de suplentes, entrou em campo, travou um ataque do Benfica em superioridade numérica e viu apenas um cartão amarelo...], em 2024, acontecer no desporto... Tenho dificuldade em adjetivar. Saio triste, não pela derrota, não pelo brio que os meus atletas tiveram durante os 40 minutos, não pela exibição, porque nós fomos melhores. Já ganhámos jogos ao Sporting a sermos piores naquilo em que eu estou a dizer que fomos melhores que o Sporting. Podíamos ter sido melhores e ter perdido na mesma. Agora, criámos muito mais situações de finalização, tivemos muito mais controlo e domínio, e os dérbis não se podem tornar em vale tudo. Se levarmos o desporto para o vale tudo... No desporto há três resultados possíveis, hoje só havia dois. Ganhar faz parte, temos de saber que perder faz parte. Esta equipa tinha três títulos, neste momento perdeu um e recuperou um, a Supertaça, e vai continuar à procura, porque este foi um objetivo perdido. A medalha que tenho aqui... não me deixaram ter outra, a mim e aos meus atletas. O apelo que eu faço é este: se estas situações forem admoestadas com cartão amarelo e não houver um castigo severo, sério, para quem está fora da superfície de jogo e entra para parar o jogo, não sei onde vamos parar. Estavam presentes treinadores do atual curso de nível III para poderem ser treinadores da Liga Placard e eles hoje aprenderam a forma errada de ganhar. E a instituição Sporting também não merece ganhar dessa forma."

Higor de Souza (pivô do Benfica): "É um pouco difícil falar neste momento. Não entrámos atentos nos primeiros cinco minutos e isso foi crucial. Logo depois tomámos conta do jogo, mas o futsal é assim... Os primeiros cinco minutos do jogo foram chave."