Futebol

22 abril 2023, 14h56

Roger Schmidt

Roger Schmidt

ANTEVISÃO

Vencer e com foco total no grande objetivo são os desideratos do grupo de trabalho comandado por Roger Schmidt, que, na antevisão ao Benfica-Estoril, jogo da 29.ª jornada da Liga Bwin, agendado para as 18h00 de domingo, 23 de abril, no Estádio da Luz, deu conta das pretensões das águias no regresso à Catedral.

O duelo é visto como perigoso devido à posição ocupada pelo oponente na Liga, no entanto, Roger Schmidt salientou que a ambição dos seus atletas passa "por fazer um jogo de topo e ganhar", de modo a encurtar a caminhada para a conquista do Campeonato.

O técnico, entre os elogios ao "trabalho fantástico" que os seus jogadores têm feito na temporada, deu ainda a sua opinião sobre o VAR, a influência dos compromissos das seleções nacionais no rendimento dos jogadores nos clubes, assim como revelou o que sente em Portugal e a sua visão sobre o futebol nacional.

O Estoril ainda luta pela manutenção na Liga Bwin, que tipo de adversário espera amanhã [domingo] no Estádio da Luz?

Este tipo de jogos são sempre perigosos. Estamos na última fase da temporada, o Estoril está em risco de descer de divisão e se analisarmos os seus jogos nas últimas semanas vemos uma equipa que ainda acredita, que luta e que está a jogar um futebol com muita intensidade, especialmente no momento defensivo. Têm sempre muitos jogadores atrás da bola, são muito disciplinados, procuram os contra-ataques e se virem os jogos fora de casa contra outras equipas de topo eles estiveram muito bem. Será um jogo em que temos de estar muito focados e procurar soluções como fizemos muitas vezes durante a temporada. Claro que também temos de estar muito bem organizados no nosso posicionamento defensivo para prevenir os contra-ataques e os momentos de transição. Mas, claro, jogamos em casa, temos um grande objetivo, queremos ser campeões e olhamos em frente. Queremos fazer um jogo de topo e ganhar.

Roger Schmidt

"Será um jogo em que temos de estar muito focados, procurar soluções como fizemos muitas vezes durante a temporada. Claro que também temos de estar muito bem organizados no nosso posicionamento defensivo para prevenir os contra-ataques e os momentos de transição"

Roger Schmidt

O Benfica entra agora nos últimos seis jogos da época. Após a participação na Liga dos Campeões, em que atingiu os quartos de final, na Taça de Portugal e Taça da Liga, se o Benfica for campeão, como descreverá a primeira época no Clube?

Já o disse no início da época. Só posso julgar a temporada quando acabar, após o último jogo. Até ao momento, os jogadores têm estado muito bem. Temos uma equipa nova, muitos jogadores com um papel diferente na equipa, com responsabilidade, a jogar futebol em termos internacionais, onde têm de lutar por títulos. E quando vejo a sua motivação, o desempenho e a mentalidade, penso que, até agora, estão a fazer um trabalho fantástico, e a fazer uma época fantástica. Mas, no final, temos de mostrar também que temos o foco, a mentalidade e a concentração para os últimos jogos e sermos campeões. Se conseguiremos isso, será uma época fantástica. Mas, de momento, não estamos a olhar muito em frente, vamos passo a passo, jogo a jogo, e o nosso foco está no jogo de amanhã [domingo]. Em vencermos este jogo, o que será muito bom, pois não ganhamos há quatro jogos. Estamos muito motivados e focados, vejo a equipa em muito boa forma e a querer mostrá-lo em campo.

Roger Schmidt

"Temos uma equipa nova, muitos jogadores com um papel diferente na equipa, com responsabilidade, a jogar futebol em termos internacionais, onde têm de lutar por títulos. E quando vejo a sua motivação, o desempenho e a mentalidade, penso que, até agora, estão a fazer um trabalho fantástico, e a fazer uma época fantástica"

Está no Benfica desde o início da época, qual a sua opinião sobre a Liga e o futebol português? É o que esperava? E o barulho? As arbitragens?

São muitos temas. Já o disse algumas vezes, estou impressionado pela qualidade do futebol português, dos treinadores, é uma competição dura para ser campeão. Há equipas muito boas na Liga, como o Sporting, FC Porto e Braga. Mostraram-no na Liga e nas competições internacionais, que são muito bons. Mostraram não apenas bons resultados como um bom futebol, é óbvio para mim que a qualidade do futebol é muito boa. Cada Liga tem a sua cultura, às vezes jogamos em grandes estádios, outras vezes em pequenos, não com tantos adeptos. Mas eu gosto, estou muito feliz com esta experiência, por isso renovei o meu contrato. Sinto que estou no sítio certo. O barulho? Os media? Há muito foco no futebol, é uma grande coisa em Portugal, vê-se na televisão todas as noites e nos jornais. Não leio os jornais e não entendo as televisões, estou um pouco à margem, mas vejo que há muita gente interessada. Há adeptos entusiastas, que querem saber o que está à volta da equipa. Faz parte do futebol e gosto disso.

Roger Schmidt

"Cada Liga tem a sua cultura, às vezes jogamos em grandes estádios, outras vezes em pequenos, não com tantos adeptos. Mas eu gosto, estou muito feliz com esta experiência, por isso renovei o meu contrato. Sinto que estou no sítio certo"

A seguir ao jogo frente ao Inter deu a sua opinião sobre o VAR. Agora, de forma mais calma, o que pensa do VAR no futebol e em Portugal concretamente?

A minha afirmação foi um pouco influenciada pelo que se passou nos últimos três jogos, em que fomos muito infelizes. Nesses jogos podíamos ter tido uma grande penalidade em cada um dos desafios. Mas também teve a ver com aquela que é a minha opinião na totalidade. Estive na China com o VAR, nos Países Baixos com VAR e agora em Portugal. Se me perguntassem: o futebol deveria ou não continuar a ter VAR? Eu diria que não. Porque há muitas decisões diferentes, às vezes o VAR interfere, outras não, às vezes a comunicação com o árbitro existe, noutras não. Na minha opinião, daria toda a responsabilidade de novo para os árbitros, deixá-los que tomem as suas decisões. Não estarão sempre certos, mas isso é futebol. Para mim, é mais frustrante ter o VAR e ver decisões erradas. Se não tivesse a grande penalidade frente ao Inter sem VAR, diria que era difícil de ver e aceitava. Mas tendo VAR e ninguém vai verificar ou procurar a decisão certa, então isso é mais frustrante. Mas é a minha opinião, aceito perfeitamente que se continue a usar o VAR, porém, não gosto.

Roger Schmidt

"É mais frustrante ter o VAR e ver decisões erradas. Se não tivesse a grande penalidade frente ao Inter sem VAR, diria que era difícil de ver e aceitava. Mas tendo VAR e ninguém vai verificar ou procurar a decisão certa, então isso é mais frustrante"

Disse que a grande responsabilidade pelo menor desempenho da sua equipa era das seleções nacionais, mas qual é a sua responsabilidade pelos últimos jogos?

A minha responsabilidade é de 100 por cento! Sou o treinador e sou responsável por tudo. Não está totalmente correto na sua questão, porque me perguntaram sobre a paragem [para os compromissos das seleções nacionais] e os dias de férias. É crucial dar férias aos jogadores neste tipo de calendarização, porque os jogos são mais intensos, há mais jogos dos clubes, das seleções, e os intervalos são menores. Por isso, dar algum descanso aos jogadores é crucial. Seguem planos de trabalho individualizado em casa, mas podem descansar um pouco. O problema é que, às vezes, os jogadores nas seleções nacionais, alguns deles, não jogam, alguns ficam 10 a 12 dias no hotel, o treino é quase nulo, por isso é que perdem alguma forma. Mas não é só um problema nosso, mas de todos os treinadores. Mas não uso isso como desculpa. Se quer a minha opinião, dou-lhe a minha opinião. A minha responsabilidade é 100 por cento em tudo.

Texto: Rui Miguel Gomes
Fotos: Cátia Luís / SL Benfica
Última atualização: 21 de março de 2024

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