Futebol

24 abril 2025, 01h06

Bruno Lage

Bruno Lage

PÓS-JOGO

Carimbada a 39.ª presença na final da Taça de Portugal após a vitória desta quarta-feira, 23 de abril, do Benfica sobre o Tirsense (4-0), na 2.ª mão das meias-finais, Bruno Lage destacou o "resultado justo" alcançado no duelo disputado no Estádio da Luz.

Na zona de entrevistas rápidas da Sport TV, antes da conferência de Imprensa, o treinador das águias valorizou a caminhada da equipa na competição e falou de uma "exibição em crescendo" da sua equipa.

"Foi um percurso muito bom, marcámos acima dos 20 golos e chegámos com mérito ao Jamor, que era um dos objetivos da época. Sobre o jogo em si, o resultado de 0-5 [da 1.ª mão] dava-nos algum conforto e, como nunca jogámos de início com dois pontas de lança, tentámos criar uma dinâmica diferente, quer de pressionar, quer de posicionamento. E a equipa foi crescendo no jogo. Uma 1.ª parte morna, mas uma 2.ª parte já com a dinâmica pretendida. Ao intervalo, tivemos a oportunidade de corrigir um ou outro posicionamento. E, depois, o resultado surge com naturalidade. Uma palavra para o Tirsense, porque também fez um percurso muito bom. Tentou ao máximo, em particular neste jogo, evitar que o resultado se dilatasse. Nós tivemos várias oportunidades para marcar, marcámos 4 [golos], e acho que é um resultado justo", afirmou Bruno Lage.

Benfica-Tirsense

Abordando as 9 alterações no onze relativamente ao triunfo sobre o Vitória SC, por 0-3, na Liga Betclic, o comandante das águias explicou a permanência de António Silva entre as opções iniciais e elogiou o impacto dos 3 jovens da Formação lançados desde o banco, todos estreantes absolutos nas contas da equipa profissional de futebol das águias.

"Também queríamos ter gente sénior dentro do campo, com jogo. O António [Silva] é capitão de equipa, e, quando olhamos para a equipa que jogou o último jogo, com o Vitória SC, temos várias alterações no jogo. Mas não é uma equipa muito diferente daquela que jogou com o Santa Clara [na 22.ª jornada da Liga Betclic]. Era importante ter gente que conhecesse o nosso posicionamento, a nossa forma de jogar e, também, um sinal de respeito para com o Tirsense. Aproveitámos também para começar com 5 jogadores da nossa Formação. Tivemos oportunidade de fazer algumas alterações e estrear o [João] Veloso, que fez uma exibição muito positiva, o outro Félix [Hugo] e também dar oportunidade ao André [Gomes], o terceiro guarda-redes, que tem feito um trabalho fantástico com a equipa, joga regularmente na equipa B e também merecia ter a participação", elogiou.

Sobre a 39.ª presença do Benfica numa final da prova-rainha, Bruno Lage foi esclarecedor, colocando o próximo jogo da Liga Betclic, no domingo, 27 de abril, frente ao AVS, como a prioridade absoluta do Benfica.

"[Chegar à final] Significa muito. Era um objetivo pessoal, mas o objetivo do Clube é muito maior do que isso. E, depois, dentro de um mês, prepará-la para vencer. Mas, agora, aquilo que temos de fazer é, em 3/4 dias, preparar da melhor maneira o jogo aqui em casa com o AVS", frisou.

Benfica-Tirsense

O OBJETIVO DE VENCER A TAÇA

"[A análise deste jogo em que consegue a vitória e também garantir o objetivo de estar na final da Taça de Portugal] Olhe, foi exatamente isso que acabou de dizer. Carimbar a passagem para a final da Taça, queríamos muito estar no Jamor. É objetivo vencer a Taça, no Benfica não basta chegar às finais, temos de conquistar títulos. Sobre o jogo, jogámos no conforto do resultado da 1.ª mão, uma 1.ª parte morna, mas também em função daquilo que foi um posicionamento diferente, queríamos também criar esta dinâmica. Já tínhamos jogado em dois sistemas, mas ainda não tínhamos jogado concretamente com os dois avançados em simultâneo. Foi isso que aconteceu, um ou outro posicionamento quer na pressão, quer em termos de organização. Na 2.ª parte tivemos a oportunidade de corrigir, fomos criando várias oportunidades de golo, e é com justiça que vencemos, por 4. Olhando para trás, penso que fizemos uma boa campanha na Taça de Portugal e valorizámos muito o respeito que queríamos, e falámos sobre isso ontem [terça-feira], de dar também protagonismo ao Tirsense."

MUITO RESPEITO PELO TIRSENSE

"Avanço também para aquilo que tinha em mente, que é para vos dizer que esta sala é um espaço de liberdade, quer a vossa liberdade, assim também como a minha. Eu percebo e compreendo muito o vosso trabalho, porque é através de vós que eu comunico com os adeptos, é através de vós que eu comunico para fora, e eventualmente também com a vossa ajuda, às vezes também comunico para dentro. Por isso, o trabalho em colaboração é sempre bom, mas vocês hoje talvez vão entender a minha liberdade de ontem [terça-feira], de manter o foco naquilo que era o jogo com o Tirsense, e respeitar muito o Tirsense, porque queria toda a gente... Muitas alterações, muitas mexidas, vencer por 5-0, então o nosso foco e a minha liberdade de decidir, de valorizar muito o Tirsense. Por isso, e se o Ricardo [Lemos] me permite a liberdade, eu passava já a palavra ao Gustavo Lourenço, da CMTV, e você hoje tem a liberdade de fazer as perguntas que quer, eu tenho a liberdade de responder àquilo que acho que mereço responder. Vamos embora!"

Benfica-Tirsense

O "TRABALHO FANTÁSTICO" DOS JOGADORES DA FORMAÇÃO

"[Hoje lançou aqui o Hugo Félix, pergunto-lhe se é já a preparar o jogador para fazer dupla com o irmão na próxima época] Veja lá que eu andava enganado com o irmão do Félix, que eu tenho andado a meter é o outro [Nuno Félix], e só hoje é que percebi que este [Hugo] é que é o irmão [risos]. Hoje demos a oportunidade a muitos jogadores. Começámos com Samu [Samuel Soares], António Silva, Tiago Gouveia, Florentino, Adrian [Bajrami], cinco jogadores da formação, e, para além do Hugo [Félix], lançámos também o João Veloso e o André Gomes, que são miúdos que têm trabalhado muito connosco. Vou prolongar a sua pergunta na resposta, porque tenho aqui uma lista muito extensa, porque são realmente muitos jogadores que trabalham diretamente comigo e com a minha equipa técnica, e que não tivemos, até ao dia de hoje, também a oportunidade de proporcionar a estreia como tivemos a alguns jogadores. Como guarda-redes, o Diogo Ferreira; como defesas, o Diogo Spencer, o Gonçalo Oliveira, o Gustavo Marques, o Rui Silva, o João Fonseca, o Francisco Domingues, que é o Kiko, o Tiago Parente; o Rafael Luís, o Tiago Freitas, o Francisco Neto, o Eduardo Fernandes, que é o miúdo que é o Dudu, que joga nos Juniores, o Gustavo Varela e o José Melro, que são os dois avançados. Têm tido um trabalho fantástico, e nós estamos sempre atentos àquilo que é a evolução. Sobre o outro João [Félix], não é tema. O que é tema e que nós temos de acarinhar é, para jogar naquela posição, o Di Maria, o Aktur [Aktürkoğlu], os dois jogadores que começaram hoje de início, o Andreas [Schjelderup] e o Bruma, e depois a entrada, para jogar 35 minutos, do Zeki [Amdouni] e do Prestianni. Por isso, esses é que são tema, esses é que são os nossos jogadores, é esses que nós temos de acarinhar, é com esses que nós temos de trabalhar, fazer evoluir. O João [Félix] e o Bernardo [Silva] não são tema, há muito tempo que não falo com eles e já estão na vida deles, por isso, o Benfica tem de se concentrar é nestes jogadores que eu falei, que estes é que são o presente e eventualmente o futuro."

"UN DÍA A LA VEZ"

"[A mentalidade da equipa para jogar dois dérbis nesta fase decisiva da época] Para nós prepararmos esses duelos, temos de nos preparar da melhor maneira para o jogo já no domingo com o AVS. É com essa mentalidade, vou repetir aquilo que tenho dito nos últimos dias, que é: un día a la vez. Por isso, é um dia de cada vez que nós temos de preparar, ter o foco como nós tivemos para jogar assim, concentrados, dedicados, foi isso que eu hoje vi, a equipa concentrada, dedicada e a fazer um jogo sólido. É isso que nós temos de fazer até ao final. Temos quatro finais para o Campeonato e temos depois uma final no Jamor."

Benfica-Tirsense

O SONHO DO JAMOR

"[Como acha que se vai sentir no dia da final do Jamor] Já disputei várias finais, quer como treinador principal, como treinador adjunto, já estive numa final em Wembley, já estive numa final em Leiria, no Algarve... O facto de ontem [terça-feira] ter falado do Jamor não foi por nada de especial, eu comecei a minha carreira como treinador muito cedo, com 18/19 anos. Na altura, vocês sabem, sou de Setúbal, oportunidades de ir a jogos são mais difíceis, e depois de começar a trabalhar, com 18/19 anos... Pensei para mim: se um dia puder ir ao Jamor, eventualmente a pertencer a uma equipa técnica ou adjunto, e fazer uma final da Taça... E foi assim. Nunca fui, por exemplo, observar um [Torneio] Lopes da Silva, que se disputa por lá, nunca fui, e vou agora aos 49 anos. Era um sonho, mas, claro, o sonho agora é conquistar títulos para o Benfica, e a nossa mentalidade tem de ser esta de estar focados naquilo que nós controlamos, que é a nossa preparação, tentar motivar a todo o momento os nossos jogadores. Ainda hoje falámos sobre isso, são 5 jogos até final muito importantes. Falei com os jogadores menos utilizados, e eles têm de estar na motivação, e utilizei o exemplo do Éder. Não vou voltar a perguntar quem era o treinador do Tirsense, mas se lhe perguntar a si: diga-me um jogador que foi regularmente titular na campanha em que Portugal ganhou o Europeu... E se calhar dizemos 3, 4 ou 5 jogadores, mas toda a gente se vai recordar do Éder, que entrou na final e fez o golo. Por isso, qualquer destes jogadores tem de estar motivado, preparado, para, num pontapé, poder ser o herói da nossa campanha."

PROTEGER, APOIAR E ACARINHAR OS JOGADORES DO PLANTEL

"[A possibilidade de Bruno Lage atingir o triplete nesta temporada] Claro que sim, nós temos de continuar a trabalhar. Porque neste momento só vencemos a Taça da Liga e estamos a disputar o Campeonato até ao final. E vamos à final do Jamor, temos de estar com esse foco de vencer títulos. Não é o treinador que vai em busca de um objetivo próprio, é, sim, o Clube e a equipa. Por isso, estamos nesse caminho. E esse caminho, como lhe digo, são 4 finais no Campeonato, uma final para a Taça de Portugal. E, como as coisas estão, veja aquilo que aconteceu nos últimos 3 jogos. Por isso, nós nunca vamos perspetivar qual é o jogo que nos vai trazer mais dificuldades, qual é o resultado que vai estar mais apertado, onde é que podemos marcar mais ou menos golos. Aquilo que controlamos é a forma como preparamos, por isso, é preparar da melhor maneira o jogo agora contra o AVS. Sobre a outra questão [Bernardo Silva e João Félix não serem assuntos neste momento], eu acredito sempre que o futuro passe pela Formação e pelo talento que nós temos aqui. Não é um fechar de portas, mas eu acredito que, neste momento, fala-se do Bernardo, fala-se do João, como se falou do Ederson, enfim, tantos deles, estão numa dimensão diferente daquela que é o Benfica. Poderá eventualmente haver algum retorno, mas eu não acredito que seja na próxima época. Por isso, aquilo que nós temos de controlar, e neste momento, é aquilo que temos de fazer. Preparar-nos da melhor maneira com o AVS, proteger, apoiar e dar carinho e motivar os jogadores que estão aqui à nossa frente."

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UM SISTEMA COM DOIS PONTAS DE LANÇA

"[Dificuldades do Benfica em jogar em ataque organizado contra equipas mais fechadas] Não, olhe, ponha-se na situação dos jogadores. Foi aquilo que eu falei. Dois pontas de lança, dois alas. Jogar com dois pontas de lança puros, homens de área, homens que gostam de atacar a profundidade. Ter dois alas, tentar procurar espaços intermédios. E com várias alterações na equipa. Não foi fácil. Por isso é que eu lhe digo, a forma como nós preparámos o jogo, as instruções que demos na 1.ª parte para corrigir um ou outro posicionamento, depois a tentativa de correção na 2.ª parte, acho que a equipa foi crescendo. Por isso é que as dinâmicas não acontecem de um dia para o outro. Nós sabemos muito bem quais são os dois sistemas que dominamos, sabemos muito bem quais são os nossos pontos fortes e quais os nossos espaços a atacar, mas acho que, em função do resultado, em função também de ter Arthur [Cabral] e Belotti connosco, este poderia ser o jogo, até pelo facto de estarmos a jogar em casa, para nós podermos experimentar esta dupla de pontas de lança, porque eventualmente, num dos próximos jogos, durante um determinado período de jogo, nós podemos jogar assim. Já o fizemos, ainda no jogo com o Arouca em casa, nós passámos para dois e depois até marcámos o 2-1. Não revela nada. Revela, sim, é que as dinâmicas e a interpretação dos temas vêm com trabalho, com muito trabalho."

Texto: Redação
Fotos: Cátia Luís e Tânia Paulo / SL Benfica
Última atualização: 24 de abril de 2025

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