Futebol

07 abril 2025, 02h28

Bruno Lage

Bruno Lage

PÓS-JOGO

Na análise da vitória histórica neste domingo, 6 de abril, do Benfica no reduto do FC Porto, por 1-4, Bruno Lage escolheu a palavra "determinação" para sintetizar uma exibição a roçar a perfeição no clássico da 28.ª jornada da Liga Betclic.

Um grupo maduro que soube "ser família, ser equipa, ser tropa" esteve na base de um triunfo importante para as contas do Campeonato e marcado por um grande acerto com bola, sem bola, nas transições e nas bolas paradas, como destacou o treinador na entrevista rápida, à Sport TV.

"Tínhamos falado ontem [sábado] que vínhamos cá para vencer o jogo, e foi isso que fizemos. Mas, acima de tudo, com uma grande determinação. Foi aquilo que pedi aos jogadores antes de entrarem em campo, reforçar aquilo que tenho falado nos últimos tempos, da família que eles são. Um jogo sempre com uma grande dinâmica, uma grande velocidade, com ambas as equipas a procurar o golo. E veio ao de cima a determinação da nossa equipa em fazer um grande jogo, em ser equipa, em ser família, em ser tropa. Por isso, desde o primeiro minuto foi essa a nossa indicação. Bola de saída para a frente, marcámos cedo e controlámos com e sem bola. Muito fortes, também, nas transições e na bola parada. O 2.º golo nasce de uma bola parada muito bem trabalhada da nossa parte. Enfim, foram 90 minutos em que nos correu tudo bem. É isso que eu peço sempre aos jogadores, olhar para aquilo que podemos fazer a cada momento. Hoje [domingo], era o momento de pôr em prática o nosso jogo, a nossa determinação, a nossa maturidade, que eu sinto que a equipa vai crescendo ao longo dos tempos. E, como tínhamos falado ontem [sábado], são 3 pontos, 3 pontos importantes naquilo que é o nosso objetivo de vencer o Campeonato", sublinhou Bruno Lage.

FC Porto-Benfica

Primeiro jogador do Benfica a marcar um hat-trick no Estádio do Dragão, Pavlidis foi alvo dos elogios do treinador, que contextualizou a grande exibição do camisola 14 com a força demonstrada pelo coletivo.

"Simboliza um pouco aquilo que é a vida de um jogador de futebol e a vida das equipas. Se recuarmos, as vozes contra as prestações deles eram maiores do que são agora. Enfim, por isso é que, em cada momento, o que temos de garantir é foco total na nossa tarefa, continuar a trabalhar, porque só assim podemos evoluir. O Pavlidis tem feito um trabalho muito importante. Foi uma vitória da equipa, mas, claro, ter homens que possam criar, possam marcar golos é sempre importante."

Apontando o compromisso defensivo de Di María como a ilustração do enorme espírito de equipa das águias, Bruno Lage falou de uma "demonstração de força" vital para aquilo que falta jogar da competição.

"Quando se olha para aquilo que é o nosso calendário nesta reta final, com as saídas, nós tínhamos de dar uma demonstração da nossa força, e foi isso que fizemos. Perante uma grande equipa, com jogadores de enorme qualidade, jogámos em equipa", disse.

O treinador também abordou o estado físico de Tomás Araújo, substituído aos 62' por Dahl: "São situações distintas, porque, momentos antes, tentou fazer um corte numa antecipação, abriu demasiado a perna e sentiu ali um desconforto. Mas nada que o colocasse em perigo. Fez o jogo que fez, cumpriu, e já tínhamos preparado todos os laterais. Uma vez mais, optámos por o Samuel [Dahl] cumprir à direita e, depois, fechar o jogo com o Fredrik [Aursnes] à direita."

FC Porto-Benfica

CLÁSSICO MUITO BEM PREPARADO

"[O que levou a esta vitória histórica e categórica no Estádio do Dragão?] Primeiro, cumprir com aquilo que tínhamos falado ontem [sábado] na antevisão, de vir jogar no [Estádio do] Dragão perante a equipa do FC Porto com a vontade de vencer. Depois, com a determinação com que o fizemos e mérito total dos jogadores. Partilhar, também, este mérito com a minha equipa técnica, porque ela preparou muito bem o jogo. E estou a dizer a equipa técnica, os meus adjuntos. Eu só tive de ajustar e ultimar os últimos detalhes, mas eles fizeram uma preparação muito forte do jogo. Fico sempre muito grato, porque só assim é que me consigo concentrar num jogo de cada vez e, quando as coisas chegaram até mim, quer da parte dos analistas, quer da parte dos adjuntos, as pessoas que estão ali ao meu lado no banco, o jogo correu na perfeição. Fizemos aquilo que tínhamos de fazer sem bola, com bola e, inclusive, na bola parada. O canto curto de onde nasce o 2.º golo foi algo que foi ensaiado, por isso, partilhar este mérito que eu quero dar aos jogadores com a minha equipa técnica. E mérito, também, dos jogadores pela determinação. Aquilo que temos falado ultimamente, de sermos família, equipa, tropa, hoje [domingo] tínhamos de o ser. E só o fomos com uma grande determinação."

APOIO INCANSÁVEL DOS ADEPTOS

"É algo que tem acontecido desde que nós chegámos. Lembro-me do nosso 1.º jogo fora, com o Estrela Vermelha [1.ª jornada da fase de liga da Champions League], da forma como eles se fizeram ouvir. É isso que nós pretendemos e é isso que nós gostamos dos nossos adeptos. Pretendo, da minha equipa, que chegue e, independentemente do campo, jogue como jogou. E os adeptos, gostamos sempre de ouvir este apoio, que foi determinante. Desde a saída do Estádio da Luz, como na saída, hoje [domingo], do hotel e, depois, durante os 90 minutos."

FC Porto-Benfica

VÁRIAS FINAIS PELA FRENTE

"[Embalo para a reta final] Não, esta vitória dá-nos 3 pontos e dá-nos a consistência de que temos vindo a falar nos últimos 2 meses. Por isso, é nesse sentido que vejo a equipa a crescer, é nesse sentido que vejo todos os jogadores, independentemente de jogarem de início ou não, darem o contributo à equipa, e é nesse caminho que temos de continuar. Muita calma, sabendo que foi um jogo, como falámos ontem [sábado], importante, não decisivo. Ganhámos apenas 3 pontos, ainda temos várias finais pela frente, e agora a nossa concentração tem de ser já no próximo jogo com o Tirsense, porque se aproxima uma meia-final da Taça de Portugal, e nós queremos estar presentes na final."

CONSISTÊNCIA E GRANDE DETERMINAÇÃO

"[Esperava uma diferença mais dilatada?] Vou responder recordando a sua questão de ontem [sábado], que foi o que é que vamos prometer para o jogo de amanhã [hoje] quando sofremos 2 golos com o Farense. Isto é o futebol. E depois eu respondi: o que é mais importante é aquilo que a equipa vai produzindo a cada momento. Não se pode marcar em todas as oportunidades que criámos. Inclusivamente, já trocámos várias vezes, entre respostas e perguntas, a tal mentalidade assassina a que me tenho referido. O que é importante é ver a equipa a crescer, sentir que cria oportunidades de golo, e a cada momento marcar golos e conquistar os 3 pontos com boas exibições e a tal consistência, que eu não vou largar esta palavra até ao fim, porque acho que é importante. [A pressão sobre o Sporting] A pressão cabe-nos a nós, de continuarmos neste caminho. Vencemos, neste momento estamos em 1.º, o Sporting joga amanhã [segunda-feira], mas o nosso foco tem de estar no jogo do Tirsense e a seguir no jogo do Arouca, são jogos importantes. Ontem [sábado] até falei um pouco sobre isso, as várias equipas da Europa que estão nos primeiros lugares, quando jogam com equipas mais de meio da tabela ou do fundo da tabela, os jogos na reta final são difíceis; vocês ontem [sábado] viram o Real Madrid a perder com o Valência, o Barcelona a empatar, por isso temos de estar é com esta determinação muito grande, porque nós não vamos saber qual é o jogo que vai ser difícil, qual é o jogo em que vamos ter mais problemas, por isso o foco tem de ser total naquilo que é o que controlamos, que é o que fazemos em campo."

FC Porto-Benfica

UM JOGO DE CADA VEZ

"[Vitória e equipa em crescendo vem desmistificar o calendário mais difícil do Benfica até final do Campeonato?] Tal como lhe disse, nós temos de fazer e encarar a competição com um jogo de cada vez, porque, independentemente das saídas e do valor do adversário, nós não sabemos qual é o jogo que nos pode trazer mais problemas. Recordo-me de que, em 2019, quando fomos campeões, tivemos um jogo muito difícil, em casa, com o Tondela do Pepa. Vencemos por 1-0 [com um golo tardio]... por isso aquilo que temos de estar é focados naquilo que fazemos, com enorme determinação, e depois, em campo, jogar o jogo de forma ofensiva como nós falámos."

FOCO NO DESEMPENHO DA EQUIPA

"[Este é o FC Porto mais frágil que encontrou?] Aquilo que é importante – e cabe-me a mim analisar – é o jogo que o Benfica faz a cada momento. Não parte de mim estar a analisar as outras equipas. Se estou a dizer que, para este jogo, grande parte do trabalho foi feito pela minha equipa técnica, e só tive de fechar e preparar a apresentação para os jogadores, como deve calcular, depois não tenho tempo para analisar as outras equipas. Cabe-me a mim ver o que é que vamos fazer a cada momento, olhar e refletir. Vamos analisar este jogo, porque, independentemente do jogo que fizemos, há sempre um ou outro detalhe que podemos melhorar. Por exemplo, na situação em que perdemos a bola e que deu origem ao lance do golo do FC Porto. Enfim, são situações para as quais gostamos sempre de olhar e tentar perceber o jogo, independentemente do resultado. Esse é que é o meu foco."

FC Porto-Benfica

A "LIÇÃO" DE DI MARÍA

"[Importante a defender e a atacar] Sim, quer a defender, quer a atacar. Não gosto de olhar muito para o lado estatístico do jogo, mas, se calhar, o Di María, na 1.ª parte, foi o nosso jogador que mais bolas recuperou. Se calhar, termina aquele tabu de quando cá cheguei, de que o Di María não defendia. Acho que ele deu uma lição de como é que pode defender e como é que pode jogar ligeiramente mais baixo ou, depois, sair a pressionar. Mérito total do jogador, de entender os dois jogadores que apareciam naquela posição. A única coisa que tentámos para surpreender o FC Porto, a análise que nós fizemos ao longo da partida, foi, em termos estratégicos, alterar a nossa saída a três. Normalmente fazemos a saída pelo lado esquerdo, quer pelo Carreras, quer pelo Kökcü; desta vez fizemos pelo lado direito, mantendo o Tomás [Araújo] numa posição mais baixa, com Aktürkoğlu e Carreras mais subidos no lado contrário. Nós já o tínhamos feito, fomos recuperar algumas ideias do que tínhamos feito no jogo com o Boavista. Até posso dizer que, a atacar, tentámos fazer aquilo que fizemos com o Boavista na 6.ª jornada, e, na nossa organização defensiva, porque o FC Porto mete muita gente dentro, e com muita qualidade, tentámos replicar aquilo que fizemos com o Mónaco."

TOMÁS ARAÚJO TRABALHA MUITO

[Como é feita a gestão de Tomás Araújo?] "Não é de conversas, é de trabalho e de treino. Por isso, ele trabalha muito, dentro do campo, fora do campo, e hoje jogou 60/65 minutos de enorme qualidade, por isso, ele está disponível para ajudar a equipa, é isso que nós pretendemos, é isso que nós queremos até final da época."

Texto: Redação
Fotos: Tânia Paulo / SL Benfica
Última atualização: 7 de abril de 2025

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