Futebol feminino

21 março 2025, 18h15

Filipa Patão

Filipa Patão na orientação do treino no Benfica Campus

Prepara-se novo capítulo de um dos duelos mais intensos do futebol feminino português. Benfica e Sporting voltam a encontrar-se, desta vez no dérbi dos quartos de final da Taça de Portugal, agendado para as 18h00 deste sábado, 22 de março, no Estádio da Luz.

Nesta temporada, é o quinto embate entre as eternas rivais, agora na prova-rainha. As jogadoras conhecem-se, os estilos estão estudados, e a margem para surpresas é cada vez menor. Ou talvez não. Filipa Patão, treinadora do Benfica, reconhece essa realidade, mas reforça que há sempre espaço para nuances e ajustes, e lembra que a preparação mental será decisiva.

"É difícil surpreender, como é óbvio, mas há sempre nuances em todos os jogos, que são diferentes, seja estrategicamente, seja de opções de jogadoras. Há sempre algo que pode ser alterado, principalmente quando observamos e refletimos sobre aquilo que foi o jogo anterior. Já são bastantes partidas com o Sporting, bastantes jogos que também nos fazem refletir e perceber quais são as debilidades e quais são as forças do adversário. Mas também temos de estar preparados porque o adversário também pode mudar e, estrategicamente, também pode apresentar outras coisas e outras formas de estar no jogo que nos podem criar problemas. Portanto, eu acho que, primeiro que tudo, é dar muita inteligência emocional às jogadoras para que, precisamente, todas as alterações ou todos os momentos menos bons do jogo possam ser ultrapassados", disse a técnica encarnada na conferência de imprensa realizada ao início da tarde desta quinta-feira, 20 de março, no Benfica Campus.

Filipa Patão

Ouça Filipa Patão

O Benfica venceu o último embate contra o Sporting (na final da Taça da Liga), mas Filipa Patão recusa que isso tenha impacto no jogo deste sábado. Para a treinadora, cada partida é um desafio novo, e as jogadoras têm de estar preparadas para responder ao inesperado.

"Eu tive a oportunidade de dizer na Taça da Liga que o que está para trás não tem qualquer tipo de interferência naquilo que vai ocorrer à frente. São jogos diferentes. Claro que uma equipa que vem de vitórias vem sempre, animicamente, melhor. Mas isso, por vezes, também pode ser perigoso. Porque, às vezes, o conforto excessivo que uma equipa pode criar por vir de vitórias, ou por vir de conquistas, pode criar outro tipo de problemas durante um jogo. Eu gosto de olhar para as coisas como sendo jogos isolados, como não tendo qualquer tipo de interferência naquilo que está para trás. E acho que as jogadoras sabem isso e trabalham dessa forma durante a semana, a pensar que é um jogo completamente diferente, com estratégias possivelmente também diferentes, com jogadoras diferentes, se calhar, dentro do campo, de um lado e do outro. E aquilo que elas fizeram anteriormente não vai entrar em campo. Aquilo que vai entrar em campo é a capacidade que elas têm de resolver os jogos, de decidir durante os jogos, de controlar as suas emoções durante os vários momentos que o jogo vai ter, e, depois, prepararem-se o melhor possível durante a semana. Porque é o que eu costumo dizer: jogamos como treinamos e treinamos como jogamos. E isso é muito importante para uma equipa estar preparada para esses grandes momentos", destacou a treinadora.

Filipa Patão

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No horizonte está a passagem para as meias-finais da Taça de Portugal, mas Filipa Patão vê mais além.

"O que me move… Eu acho que já tive a oportunidade de responder a uma pergunta semelhante, que tem que ver com a quantidade também de momentos onde não conseguimos ter sucesso. Porque a minha vida aqui no Benfica não foi só feita de sucessos. Esta equipa não viveu só de vitórias, esta equipa também perdeu taças, também perdeu jogos, também tivemos momentos menos bons, como, por exemplo, nesta época, na Supertaça, ou o não acesso à Liga dos Campeões. Portanto, cada ano representa uma história nova, conquistas novas, e a verdade é que nós não conquistámos tudo aqui ainda. A Champions é um desses casos. Portanto, o que me move todos os dias é saber que no próximo ano, ou no próximo dia, ou na próxima semana, eu tenho de ser uma melhor versão daquilo que fui anteriormente. Se nós pensarmos dessa forma, temos sempre um novo objetivo à nossa frente, mesmo que seja num sítio onde já conquistámos tantas coisas. Mas e então? A próxima conquista, o próximo momento, a forma como vai ser, tudo é diferente. Se nós vivermos sempre assim, eu acho que estamos mais próximos de apresentar sempre uma melhor versão nossa, e se calhar podemos ir mais longe e com novas conquistas", reforçou.

Laís Araújo

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Dentro das quatro linhas, Laís Araújo é uma das atletas que expressam a mentalidade benfiquista. Para a defesa brasileira, os dérbis têm um sabor especial, ainda mais quando jogados no imponente Estádio da Luz.

"Jogar contra o Sporting é sempre especial porque é um dérbi e traz-nos muitas sensações. Mais especial ainda é jogar no Estádio da Luz, que tem uma energia diferente, os nossos adeptos estão sempre presentes, e para nós tem corrido bem. Temos sempre crescido a cada partida contra o Sporting, e espero que seja mais um jogo em que o Benfica possa sair vencedor. Todos os jogos que jogamos são para ganhar. Ser Benfica é pensar sempre na vitória, é querer sempre ter essa ambição de vencer, não importa o adversário. Como é um dérbi, é sempre um jogo especial, é um jogo que requer muita estratégia de ambas as partes, porque conhecemo-nos muito, mas, se continuarmos com o nosso trabalho bem feito e com dedicação, acho que vamos sair vencedoras mais uma vez", desejou a defesa encarnada.

O equilíbrio tem sido uma constante nestes encontros, e a camisola 80 do grupo liderado por Filipa Patão reforça que não há favoritos.

"Sempre que jogamos contra o Sporting é um jogo de 50-50. Acho que temos tido melhores resultados nos últimos jogos contra elas, e, sempre que não corre tão bem, conseguimos crescer no jogo seguinte e voltar a vencer. Isso é muito positivo, demonstra muita resiliência da nossa equipa", considerou.

Laís Araújo

Laís Araújo vê neste dérbi mais uma oportunidade para se continuar a demonstrar a evolução do futebol feminino em Portugal.

"É uma oportunidade muito boa para mostrar o futebol português e o seu crescimento. Certamente que o Sporting nos dá muito trabalho, e nós também lhes damos trabalho, mas continuamos a ajudar-nos mutuamente a crescer. A cada jogo que passa, a cada ano que passa, isso só demonstra que o Campeonato tem evoluído. Consequentemente, isso faz com que as outras equipas também queiram crescer para poder lutar connosco. E acho que é mais por aí. É sempre um jogo que exige muita estratégia, porque nos conhecemos bem, mas ser Benfica é querer vencer sempre e tentar ao máximo fazer tudo para ganhar. Acho que o que nos leva além é essa ambição do Benfica", finalizou.

BALANÇO DOS DÉRBIS

CONVOCADAS

Andreia Faria, Anna Gasper, Andreia Norton, Beatriz Cameirão, Carole Costa, Catarina Amado, Cristina Prieto, Christy Ucheibe, Joana Silva, Jody Brown, Letícia Almeida, Laís Araújo, Lara Martins, Lena Pauels, Lúcia Alves, Marie Alidou, Marit Lund, Nycole Raysla, Rute Costa e Rakel Engesvi.

Texto: Redação
Fotos: Tânia Paulo / SL Benfica
Última atualização: 21 de março de 2025

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