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Futebol
14 fevereiro 2025, 13h12
Bruno Lage
O treinador do Benfica, em conferência de Imprensa realizada no Benfica Campus nesta sexta-feira, 14 de fevereiro, enalteceu a qualidade de um oponente que "está a fazer um campeonato muito bom".
Bruno Lage lamentou o facto de o calendário colocar a equipa em competição com um intervalo inferior a 72 horas, abordou as lesões de Di María e Aursnes, revelando ainda que Leandro será o lateral-direito titular em Ponta Delgada.
O Benfica vai defrontar o Santa Clara, nos Açores. Trata-se de um adversário que tem uma das melhores defesas deste Campeonato Nacional. Como é que antecipa este encontro?
Tudo isso, e a fazer um campeonato muito bom. Com o adversário a jogar em casa, sabemos as dificuldades de defrontar o Santa Clara, por tudo. Como tal, temos de estar no nosso melhor. Frescos e com enorme ambição de vencer o jogo, é isso que temos de fazer. Sabemos que vamos jogar frente a uma linha de cinco [defesas], uma equipa com bons mecanismos, a fazer um bom campeonato, muito agressiva no ataque à profundidade, os três homens da frente com uma dinâmica muito boa, com muitas trocas posicionais, e, como tal, temos de estar preparados. Sinto que a nossa equipa também se dá bem a defrontar linhas de cinco, temos tido essa capacidade. Por isso, bastante otimistas e preparados para fazer um bom jogo.
"Temos de estar no nosso melhor. Frescos e com enorme ambição de vencer o jogo, é isso que temos de fazer"
Bruno Lage
O Benfica tem enfrentado problemas físicos recentemente e, se as contas não me falham, no espaço de cinco dias são quatro viagens. Pergunto-lhe: de que maneira é que se gere o plantel com esta sobrecarga? Este jogo com o Santa Clara obriga-o a fazer mexidas e a dar minutos a quem não tem tido tantos?
Vou socorrer-me aqui da minha cábula [Bruno Lage levanta e mostra o seu caderno]. Os homens das câmaras já estão a fazer um zoom [sorrisos]. Isto não é tanto das viagens, mas as viagens também contam… O mais, realmente, é o tempo que temos de intervalo entre os jogos. Jogámos às 9 da noite no Mónaco e, ao terceiro dia, vamos jogar às 5 da tarde dos Açores. Por isso, nem o mínimo [de intervalo de tempo], que são as 72 horas, vamos ter para sair de um jogo e preparar o jogo seguinte. Por isso, aquilo que temos de fazer é olhar para todos os dados, e os dados estão aqui, para eventualmente uma pergunta que venha a seguir, e escolher o melhor onze. Quando digo que, a cada momento, nós escolhemos o melhor onze, é essencialmente por isso. É perceber quem está fresco, quem está disponível para fazer o jogo em função daquilo que é a estratégia.
"Em função daquilo que é o nosso trabalho, as decisões não são tomadas por acaso, são tomadas por dados científicos"
Di María faz hoje 37 anos. Lesionou-se na coxa esquerda, voltou, lesionou-se, novamente, no mesmo local, só aguentou 18 minutos em campo [no jogo frente ao Mónaco]. Como foi feita essa gestão? Esse regresso, tão rápido, não pode prejudicar o regresso dele à competição? E, já agora, o seu comentário às tais imagens de Florentino [lance na área do Benfica no final do Benfica-Moreirense, da 21.ª jornada da Liga Betclic].
Olhe... Começo pela segunda. A minha agenda foi igual à sua. Você ainda regressou mais tarde do que eu do Mónaco. A minha foi de preparar jogos, fazer a viagem, chegar aqui, almoçar, treinar, chegar a casa às 8 da noite, estar um pouco com a família e estar aqui hoje para preparar o jogo. Ainda não tive a oportunidade de ver as imagens, e quando percebi que são imagens da bancada... nem vou ver. Aquilo que eu lanço como desafio – já que você me lançou o desafio de ver as imagens – é nós tratarmos todos os penáltis, que já aconteceram nesta época, da mesma forma. Meter todos os treinadores a ver e a analisar todos os pénaltis da Primeira Liga desta forma. Sobre o Di María, vou-lhe dizer... Até de uma forma muito simples, e por isso já vinha preparado para essa questão [mostra caderno com registos]. A minha formação, sou licenciado em Educação Física, Saúde e Desporto. Por isso, veja lá que eu até sei o que é que é o esternocleidomastóideo. Por isso, nós discutimos, analisamos e tomamos decisões em cima de factos, e os factos são estes. Para além do conhecimento que eu tenho, depois ainda tenho os dados objetivos daquilo que é o treino e as sensações que o jogador vai tendo. E aquilo que aconteceu na saída do Di María, na primeira situação... O Di María não esteve lesionado; o Di María sentiu um desconforto. Os exames médicos – fizemos a radiografia e a ecografia – foram analisados por radiologistas, quer dentro do Benfica, quer fora do Benfica, o jogador não apresentava nenhum tipo de lesão. Posto isto, fez tudo aquilo que entendemos que devem ser necessários... Vou-lhe até dar um exemplo: atingiu, em média, 30 km/hora em termos de velocidade no treino; fez todos os exercícios de mecanismo da lesão próprios daquilo que é normal; fizemos as mesmas solicitações que normalmente fazemos no jogo, e temos estes registos [mostra apontamentos]. Eu tenho um elemento da minha equipa técnica apenas para isto, que é o Alexandre Silva. Desde 2018, quando vim para a equipa B, comecei a ter esta preocupação para não termos lesões, e termos de ter o cuidado naquilo que é a dinâmica da carga para cada jogador. Por isso, há um tratamento individual para cada jogador... Mas voltando àquilo que é a questão do Di María: para aquilo que foi, aquilo que acabei de explicar, a sensibilidade que o jogador tinha, que, passado dois dias, não teve dor, fez mais no treino do que fez no jogo, nós estávamos seguros para poder utilizá-lo o mais rápido possível, e assim foi. Mas agora temos esta lesão, mas isso... temos a dele como temos as dos outros que aconteceram recentemente. Sempre que colocamos 11 jogadores em jogo, mais os 5, ou até mesmo no aquecimento, ou até mesmo no treino, os jogadores podem estar sujeitos a lesão. Mas, em função daquilo que é o nosso trabalho, as decisões não são tomadas por acaso, são tomadas por dados científicos, resultados de exames que os jogadores fazem e, claro, também com a sensibilidade do jogador, ainda por mais ele, que hoje faz 37 anos e conhece muito bem o seu corpo para nos dar um feedback próprio sobre isso.
"Mercado de janeiro? Fomos em busca daquilo que eu achava que era fundamental, nos acertos que eu achava que podíamos fazer, em função também do mercado. Por isso, acho que fizemos um mercado bom"
Bah não joga mais nesta época, Tomás Araújo saiu com queixas no último jogo, e quem poderia jogar nesta posição, Aursnes, também está lesionado. Quem é que é opção para lateral-direito? Como é que está a gerir esta situação?
A opção de lateral-direito para amanhã [sábado] é o Leandro, e a gestão dele foi feita desde o início da minha entrada. Tentar identificar um potencial jogador para cada posição, porque essa é também uma tarefa do treinador do Benfica, em particular quando se tem a Formação que se tem, e depois, também, o passado que tenho na Formação, de conhecer muito bem o Clube e a forma de trabalhar. Identificar muito bem em três mercados – internacional, nacional e na nossa academia – um potencial jogador para cada posição. Esse jogador foi identificado, começou desde cedo a trabalhar connosco, passou a jogar mais tempo na equipa B, está pronto para jogar e vai ser o titular amanhã.
Sabendo aquilo que sabe hoje, em relação às lesões e ao desfalque que o plantel do Benfica sofreu nas últimas semanas, não se arrepende de não ter tido uma postura compradora mais agressiva no mercado de janeiro?
Quase que vou usar as palavras da sua colega… Tínhamos Bah, tínhamos Tomás [Araújo], Fredrik [Aursnes] ainda podia jogar lá [a defesa-direito], ainda temos um miúdo, o Leandro [Santos], e ainda temos o [Diogo] Spencer, se acontecer alguma coisa ao Leandro. Temos cinco soluções, são válidas, acho que fizemos o mercado que tivemos de fazer. Fomos em busca daquilo que eu achava que era fundamental, nos acertos que eu achava que podíamos fazer, em função também do mercado. Por isso, acho que fizemos um mercado bom.
"A opção de lateral-direito para amanhã [sábado] é o Leandro. (...) Está pronto para jogar e vai ser o titular"
Tendo em conta que o calendário não vai parar, e o Benfica vai continuar a ter muitos jogos, com a ausência de tantos jogadores, a sobrecarga irá recair sobre outros. Teme que isso possa agudizar esta onda de lesões? Teme que os colegas tenham receio de jogar com maior intensidade quando veem que tantos colegas estão a lesionar-se?
Isso não existe. Os jogadores quando entram em campo não pensam em nada, pensam em jogar e em contribuir. Agora, claro que sim, cada vez que há uma lesão em qualquer plantel, não é só do Benfica, em qualquer plantel do mundo, só se... Como é vou explicar isto? Partindo de uma ideia que se tem 2 jogadores por cada posição, em função de equipas com a dimensão do Benfica, que jogam regularmente de 3 em 3 dias – e nós amanhã [sábado, 15 de fevereiro, frente ao Santa Clara] nem vamos conseguir fazer isso –, a partir do momento em que um jogador deixa de poder contribuir por lesão, os outros jogadores têm de ser sujeitos a uma solicitação maior. Sendo sujeitos a uma solicitação maior, estão mais sujeitos a lesão. Amanhã, aquilo que eu não quero, mas por força das circunstâncias, é colocar os jogadores em risco, e vamos ter de o fazer, num limite. Temos dois ou três jogadores que terão de fazer, no limite. Mas isso faz parte da vida. Aquilo que cabe a mim é encontrar soluções, temos as soluções que temos no nosso plantel, e aquilo que lhe disse na última conferência: para além dos jogadores, já trabalharam comigo praticamente as duas equipas, quer a equipa B, quer os Sub-23, uma grande rotatividade. Conheço perfeitamente os dois plantéis, e eles cada vez têm um conhecimento melhor daquilo que eu quero para cada posição, e é seguramente ali que nós vamos encontrar soluções para dar resposta a cada momento.
Não sei se tomou conhecimento hoje ou se viu, através das redes sociais, as declarações de Di María a um podcast em que fala do defeso passado relativamente a propostas que recebeu da Arábia Saudita de um clube, e que acabou por rejeitar para assinar pelo Benfica. O que eu lhe pergunto é, até porque ele acaba o contrato agora no final desta temporada, se espera que a continuidade dele fique o mais rapidamente fechada para que não aconteça algo como o que aconteceu no defesa passado.
Acho que isto é um assunto que tem de ser tratado no tempo certo, mas o mais importante é o sentimento do jogador, e eu conheço vários jogadores com esse sentimento. Ao invés de querer ir para campeonatos com outra dimensão, menor, preferem terminar a carreira num sítio que seja especial. No mesmo sentido que vi as declarações do Cancelo, é por aí. Voltar ao Benfica – e ainda bem quem tem essa mentalidade – no tempo certo, em que possa ajudar a ganhar títulos. Por isso, quer o Di María, quer o Cancelo, acho que tiveram, se têm essa ideia na carreira, têm no tempo certo, e em tempo certo será tomada a melhor decisão, quer para o Benfica, quer para o jogador.
"Conheço perfeitamente os dois plantéis [equipa B e Sub-23], e eles cada vez têm um conhecimento melhor daquilo que eu quero para cada posição, e é seguramente ali que nós vamos encontrar soluções para dar resposta a cada momento"
Quero perguntar sobre Otamendi. Parece que a cada jogo se sente a influência que o central tem, ainda agora tem sido totalista de minutos da equipa na Champions League. Como ele está em final de contrato, gostaria que Otamendi renovasse com o Benfica? E, já agora também, só para ter certeza: Tomás Araújo estará disponível para o jogo com o Santa Clara?
Ainda não sabemos, ainda vamos ter tempo para analisar a situação do Tomás [Araújo]. Sobre o Nico [Otamendi], a mesma resposta do Di María. Têm os dois 37 anos, o Nico fez no dia do jogo com o Mónaco, o Di María faz hoje. Aproveitar também para lhes dar os parabéns publicamente. São dois profissionais excelentes, têm uma dedicação muito grande, e aquilo que eu noto e que podia realçar aqui como exemplo é a forma como os dois, que já ganharam o que ganharam, celebraram a vitória da Taça da Liga. Isso por si só representa muito bem o prazer e o gosto que eles têm de estar cá, por isso, a seu tempo, Presidente, com a minha opinião, e aquilo que for o melhor para o Benfica e para os jogadores será a melhor decisão para todos.