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Futebol
26 janeiro 2025, 17h15
Bruno Lage
Antes de começar a responder às questões dos jornalistas, o treinador do Benfica prestou uma declaração prévia.
"Deixe-me antecipar, já agora, porque esta conferência deve-se exatamente a isso [áudios divulgados]. Já percebi qual era a pergunta. Fomos nós que fizemos a conferência e ela deve-se a uma conversa, que eu pensava privada, com um conjunto de adeptos que estavam à nossa espera na chegada a Lisboa. Primeiro, dizer que fui ter com os adeptos da mesma forma que, quando ganhamos troféus, mostramos a taça aos adeptos, da mesma forma que, num momento menos positivo, fui o primeiro a dizê-lo. Quer na conferência de Imprensa, que sentia perfeitamente a desilusão dos adeptos porque demos um passo em falso no Campeonato, assim como, à saída [de Rio Maior], na entrada para o autocarro, fui ter com os adeptos e disse que entendia perfeitamente a desilusão do resultado de ontem [derrota por 3-1 com o Casa Pia]. E, depois, uma longa conversa de 30 minutos com os adeptos que estavam à nossa espera. Foi uma conversa que eu pensava privada, veio a público e estamos aqui hoje [domingo, 26 de janeiro] para esclarecer tudo sobre essa conversa. E como tal, aqui estou eu. Temos um jogo muito importante para tratar e aquilo que eu quero é que fique tudo muito claro e que se esclareça tudo sobre o assunto de ontem [sábado, 25 de janeiro] para toda a gente, incluindo eu, os jogadores, equipa técnica e os adeptos do Benfica comecem a pensar no jogo com a Juventus", disse Bruno Lage.
Falou com Rui Costa depois desse áudio ter sido tornado público? O que lhe disse o Presidente? É um sinal de confiança ter o Presidente aqui nesta sala de Imprensa?
Falámos e a nossa intenção foi vir aqui esclarecer a público o significado daquele áudio. E a confiança é mútua, quer de um lado quer do outro.
Está a dizer que a confiança é mútua, mas a verdade é que no áudio que ouvimos, ouvimos, também, Bruno Lage a questionar, provavelmente, decisões da própria Direção; a questionar o compromisso dos jogadores, a forma como estes se apresentam durante exibições, que não saltam à bola; diz que vai trazer jogadores que já queriam voltar para o Benfica; que nenhum outro treinador vai conseguir resolver, mas que o treinador Bruno Lage vai resolver. Pergunto-lhe se está a culpar toda a gente, menos a assumir a responsabilidade?
Que fique muito claro que a responsabilidade do resultado de ontem [Casa Pia-Benfica] e do insucesso, é do treinador. Sou eu. Agora, a minha exigência para com os jogadores tem de ser máxima. Vou-me socorrer aqui dos meus apontamentos, apenas para referir, porque há uma frase que é solta de um áudio de um minuto e meio de uma longa conversa de 30 minutos. Aquilo que eu disse, por exemplo, sobre a situação de não saltar, veio no contexto do que eu tinha acabado de dizer na conferência de Imprensa. Uma equipa que chega em 1.º lugar não pode sofrer os golos que temos vindo a sofrer. Desde o momento em que chegámos ao 1.º lugar, até ao dia de hoje, não podemos sofrer aqueles golos. Alguns de penálti, e outros de bola parada, em que não saltámos. Nunca foi de referir que os jogadores não lutam, não correm, ou não saltam; foi na situação de bola parada, não saltámos. E mais: antes de isto ser tornado público, quer na conferência [de Imprensa], quer, depois, na conversa com os adeptos, isto é tudo apontado aos jogadores. É sempre uma análise crítica que nós fazemos, individual e coletivamente, dos erros que vamos cometendo. E cabe-me sempre a mim criar todas as condições para continuar a evoluir a equipa naquilo que eu sinto que não está bem. Tenho dito várias vezes aqui, que há algumas coisas que já conseguimos fazer bem, controlar bem, e há outras que, por si só, ainda não fazemos. Temos de continuar a evoluir, temos de continuar a trabalhar, e esse é um momento que foi bastante visível nos últimos jogos. A questão dos 20 milhões e dos 5 milhões vem de um contexto em que os adeptos, pela emoção... Tiramos estes jogadores do plantel e metemos miúdos. Foi uma tentativa de explicar que as coisas de mercado não funcionam assim. Os ativos dos clubes não funcionam assim. Não se pode tirar um jogador dos 20 milhões, e usado como exemplo, de fora de um plantel que, depois, o valor de mercado valem 5 milhões. Depois, como é que a equipa, ou um clube, que eventualmente quer vender ou transferir algum jogador tem condições para receber o valor investido em determinado jogador para contratar outro? Há uma vontade muito grande – e as outras frases que você diz – de enquanto treinador português, e que conhece a casa como ninguém, sentir que, alinhado com as três pessoas que tenho aqui à minha frente [Presidente Rui Costa, diretor-geral do futebol profissional Lourenço Pereira Coelho e diretor desportivo Rui Pedro Braz], temos todas as condições de fazer os ajustes que nós achamos necessários para sermos ainda mais competentes. Continuo, aproveito a sua pergunta para dizer, a acreditar muito no plantel. O plantel tem enorme qualidade, mas, como todos os plantéis, nós sentimos que temos capacidade e competência para os fazer evoluir e crescer. E temos ainda o espaço de sensivelmente 15 dias para trabalhar nesse sentido e fazer evoluir este plantel.
"Aquilo que eu quis passar, e sinto que passei após meia hora de conversa, é que a união é muito importante"
Bruno Lage
O Benfica ganhou uma Taça da Liga há bem pouco tempo. Como explica este clima de instabilidade em tão pouco tempo?
A estabilidade e a instabilidade vêm dos resultados. Agora, o mais importante é que nós estamos juntos. Há um sentimento de união muito grande aqui, porque nós temos consciência do trabalho que temos de fazer. E temos ainda esse espaço para fazer. Na evolução da equipa, há coisas que já fizemos. Já nos aproximámos do 1.º lugar, depois não fomos competentes para nos mantermos em 1.º lugar. Já fizemos alguns jogadores chegar ao patamar de exigência que eu acho que são muito bons, há outros que temos de continuar a trabalhar para eles chegarem até nós. Porque, a jogar de três em três dias, os resultados é que vão dando estabilidade. E, aprimorando ou dando mais um toque à pergunta anterior, um treinador que entende muito bem a casa e que sabe a exigência do Benfica, percebe, perfeitamente, como tem de ajudar os jogadores a evoluir para eles perceberem o que é representar o Benfica. Vencer apenas uma Taça da Liga não chega, mas foi, para já, o único troféu que teve um fim e nós conquistámos. Ainda há um longo caminho a percorrer. Repito: demos ontem [sábado, 25 de janeiro] um passo em falso no Campeonato, mas temos já um jogo muito importante na Liga dos Campeões e, neste momento, só dependemos de nós para passar à fase seguinte. Ainda há muito espaço, porque temos, sensivelmente, 15 jornadas para realizar do Campeonato e tem sido um Campeonato muito irregular, onde todas as equipas têm perdido pontos, quem sabe pelo novo formato da Liga dos Campeões. Ainda estamos, também, na Taça de Portugal. Por isso, ainda temos um longo caminho a percorrer e aquilo que nós mais queremos, e que ainda não conseguimos, é a consistência. Porque esta equipa já provou que sabe jogar bem e aquilo que nós queremos é consistência.
"A confiança é mútua, quer de um lado, quer do outro"
Teve vontade de dizer o que disse, ou o que disse foi devido à pressão dos adeptos na garagem? De que forma sente confiança por parte dos adeptos e de que forma o podem ajudar, como pediu?
Olhe, senti que foi uma conversa muito boa. E espero que esta conversa seja nesse mesmo sentido. É verdade que eu estou a falar para vocês, vocês estão a fazer o vosso trabalho, os comentadores estão na televisão, vão comentar tudo aquilo que nós aqui estamos a dizer, mas esta tem de ser uma conversa para todos os Benfiquistas. Muito seguro daquilo que eu estava a dizer, foi uma conversa de 35 minutos que vocês só tiveram acesso a um minuto e meio de áudio com coisas fora de contexto. Aquilo que eu quis passar, e sinto que passei após meia hora de conversa, é que a união é muito importante. Foi aquilo que nós fizemos numa primeira fase. Vou dar-lhe um exemplo, que nós sentimos isso, e ontem [sábado, 25 de janeiro] tive oportunidade de dizer aos nossos adeptos. O quanto foi importante no primeiro passo a união dos adeptos no título que eu ajudei a conquistar, no 37. E se há dúvidas disso, vejam só as imagens da nossa chegada a Vila do Conde, ou a nossa chegada ao último jogo aqui com o Santa Clara. O quanto eu sofri e paguei por isso na pandemia, em que não senti esta pressão e não senti o apoio dos adeptos para nós termos uma reação. Só eu sei enquanto treinador, e depois é verdade, o treinador seguinte também passou pelo mesmo, de jogar em estádios vazios. Em sentirmos a força dos nossos adeptos benfiquistas. Por isso, neste momento, aquilo que eu quis foi, de controlo emocional absoluto da minha parte, quando passei pelos adeptos, primeiro, quer na conferência, depois à saída do estádio, e depois ali [Estádio da Luz], eu não podia passar por eles e não ter uma palavra para com eles. Porque eu sei o que eles estão a passar, eu sei o que eles estão a sentir. Eles sabem que nós também sofremos muito, mas também eles sofrem igual, ou até muito mais. E aquilo que eu quis passar foi de confiança, continuem a apoiar-nos. Nós sabemos o que é que estamos a fazer, temos um caminho a fazer, vamos fazê-lo, e temos muito ainda a ganhar nesta época.
"Nós sabemos o que é que estamos a fazer, temos um caminho a fazer e vamos fazê-lo"
Bruno Lage, estas críticas que vieram hoje [domingo, 26 de janeiro] a lume minam a confiança do balneário no treinador. Não tenha a mais pequena dúvida. Quero saber como vai ultrapassar isso e se em algum momento, desde a divulgação do áudio, até agora, a esta conferência de Imprensa, chegou a ponderar pôr o seu lugar à disposição?
Vou-lhe dizer o seguinte: não mina. Sabe porquê? Porque todas as análises, e aquilo que eu disse aos jogadores, aquilo que eu disse, no áudio, já o tinha dito anteriormente na conferência de Imprensa. E mais: já tinha falado com os jogadores sobre isso. Porque eles sabem disso, eles também sofrem com isso e têm o conhecimento do trabalho que tiveram de fazer... O facto de estarmos a jogar há sensivelmente três meses de forma consecutiva, o quanto custou e o quanto eles deram para passar para o 1.º lugar. Eles também fazem uma análise crítica – fizemos todos –, porque a forma como uma equipa que chega à 1.ª posição e a forma como nós temos sofrido os golos, não é de uma equipa que está em 1.º [lugar], não é de uma equipa que quer vencer provas. A prova disso foi que, depois, tivemos uma resposta muito boa na Taça da Liga. É aquilo que eu quero novamente dos meus jogadores, e, enquanto treinador, é a exigência que eu passo. Por isso, tudo aquilo que foi dito foi analisado com os atletas e eles percebem perfeitamente aquilo que eu quero e qual é a exigência do Clube para com eles.
Uma das questões que chamou mais a atenção nesse áudio foi o Bruno Lage a falar das dificuldades da equipa em dar três toques consecutivos na bola, sobretudo no jogo com o Casa Pia. Também sente responsabilidade por essa dificuldade?
Claramente. Mas muito simples, uma vez mais fazer o contexto. Ainda bem que você tocou nesse assunto que é o seguinte. Quem faz os jogos que nós fizemos, pelo menos os últimos frente a Braga, Sporting, Famalicão, Farense, Barcelona, e, depois, ainda fazer os primeiros 30 minutos com o Casa Pia, em que marcámos o golo e temos boas jogadas e boas oportunidades. E depois perder o controlo do jogo e passar parte desse jogo sem conseguir dar três toques seguidos, a permitir muitas transições ao adversário, como foi o facto de nós termos sofrido o segundo e o terceiro golos. Por isso, são tudo situações que, de uma longa conversa, é preciso criar o contexto para isso. Porque, mal seria, o treinador que tem visto esta equipa a jogar e que já fez bons resultados e que já provou que sabe jogar bem e jogar bem sob pressão, viesse publicamente criticar que a equipa não soubesse dar três toques seguidos. Mas, sim, foi em função do contexto e, particularmente, na segunda parte do jogo de ontem [sábado, 25 de janeiro].
"Tudo aquilo que foi dito foi analisado com os atletas e eles percebem perfeitamente aquilo que eu quero e qual é a exigência do Clube para com eles"
Permita-me voltar aos jogadores de 20 milhões. Há dois jogadores que custaram 20 milhões ou mais milhões de euros ao Benfica, falo de Arthur Cabral e de Kökcü. Diretamente, está insatisfeito com o rendimento destes dois jogadores e se alguma vez se sentiu obrigado a colocar jogadores em campo pelo preço que custaram para os valorizar?
Volto a repetir, a questão dos 20 milhões, a conversa vem de trás. Um dos adeptos disse que temos um plantel em que a maioria dos jogadores custou 20 milhões, e usei isso como essa frase. E, normalmente, quando os adeptos estão aborrecidos, qual é a intenção? É 'tira este e joga com os miúdos'. E eu quis-lhes dizer que, pelo menos para eles entenderem um bocadinho do que é que é o funcionamento do Clube. Tu não podes tirar – e usem os 20 como exemplo –, porque ser 20, ser 10 ou ser 5, o preço de mercado tem que se ter em consideração. Qualquer jogador que esteja aqui... Imagine, nós temos um jogador, independentemente do preço, e por alguma razão, uma chatice, um problema, passa a treinar na equipa B. Valorizamos ou desvalorizamos o jogador? Desvalorizamos. Foi esse sentido que eu quis passar aos adeptos que as coisas não são feitas assim. O Presidente está aqui à minha frente. Nunca, nunca me pediu para jogar A, B ou C. Nem enquanto diretor desportivo, nem enquanto Presidente. Tenho total liberdade e sou eu o responsável de escolher o onze, de escolher a estratégia, e sou eu o máximo responsável no insucesso.
"Temos a obrigação de fazer já na quarta-feira [29 de janeiro, frente à Juventus] uma boa exibição para que os adeptos continuem a acreditar em nós e a apoiar-nos"
Falou dos jogos em que a equipa esteve bem, e apontou o lado menos negativo, mas fala de uma equipa que não quer vencer provas, com estes defeitos que apontou. Como é que explica isso? De muito bom, para alguém que não mostra capacidade e vontade para vencer.
Não é vontade. Quem está numa posição de 1.º lugar, para vencer, não pode sofrer este tipo de golos. Sofremos golos de bola parada e golos de penálti quando estávamos em 1.º lugar. Mesmo a final [da Taça da Liga], numa 1.ª parte em que sinto que fomos melhores que o nosso adversário, damos-lhe a oportunidade de chegar à igualdade através de um penálti. Não é de vontade. É apenas, sim, estarmos numa posição em que não podemos – para além do mérito do adversário – sofrer golos desta maneira.
Feito o esclarecimento, que mensagem é que quer deixar aos Benfiquistas?
Não com as palavras que usei no final do jogo, quando me dirigi aos adeptos antes de ir para o autocarro, nem ontem [sábado, 25 de janeiro], mas é recordar e perceber que com o apoio deles nós somos... e precisamos do apoio deles para ser o Benfica. Há um longo trabalho a fazer. Perante um mau resultado, é claro que a confiança dos adeptos em nós fica menor, mas nós estamos convictos em voltar a fazer boas exibições e bons resultados. Temos obrigação de fazer já na quarta-feira [29 de janeiro, frente à Juventus] uma boa exibição para que os adeptos continuem a acreditar em nós e a apoiar-nos. Porque o apoio deles é fundamental. A presença deles é fundamental. Eu repito o quanto foram importantes na conquista de títulos e de nos empurrarem para a frente, assim como, na altura da crítica, a ausência deles também foi péssima para nós. Por isso, a presença dos adeptos é muito importante. Nós sabemos o que estamos a fazer, há questões que estão completamente identificadas e vamos tentar resolver o mais rapidamente possível. E uma delas já é aquilo que nós estamos a trabalhar. Antes do jogo, hoje [domingo] de manhã, já estivemos a preparar as situações em que nós temos tido alguma dificuldade nos últimos momentos, que são situações de bola parada e de transição após esse momento de bola parada.