"Roger Schmidt já não é treinador do Benfica"

DECLARAÇÕES 

Na sequência do comunicado da Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD à CMVM, a dar conta do início das negociações com o treinador Roger Schmidt para a cessação do contrato de trabalho desportivo com efeitos imediatos, o Presidente Rui Costa esclareceu o que motivou a saída do técnico alemão.

Em conferência de Imprensa, no Benfica Campus, Rui Costa agradeceu a Roger Schmidt pelo trabalho efetuado, clarificou que o sucessor será conhecido em breve e apontou ao futuro.

"Como já tiveram conhecimento, porque antes de me sentar nesta sala de imprensa, tivemos de comunicar à CMVM que Roger Schmidt já não é treinador do Benfica, confirmo isso. Queria agradecer também por estes dois anos, e quase meio, por todo o esforço e todo o trabalho que Roger Schmidt desenvolveu no nosso Clube, pelos dois títulos alcançados, pela quantidade de jogadores que desenvolveu formados dentro da nossa casa, mas, pese embora tivéssemos a ambição e a ideia de criar uma estabilidade no Clube, e prosseguir com um treinador mais do que um ano, mesmo não tendo ganho Campeonato, chegado ao fim de quatro jornadas, decidimos que era o momento de trocar face aos resultados e às exibições que não conseguimos obter e que ambicionávamos nesta altura. Como tal, repito, Roger Schmidt já não é o treinador do Benfica e neste momento estamos já a olhar para o futuro. Já estamos a trabalhar no novo treinador, que muito em breve irão saber quem é. Não era, de facto, este início de temporada que nós esperávamos, e, portanto, entendemos que não havia modo de prosseguir nestas condições e, consequência, trocar de treinador neste momento", começou por afirmar o Presidente, antes de responder às questões da Imprensa.

No comunicado à CMVM, falou-se em negociações com o ex-treinador do Benfica. Como é a questão da indemnização ao treinador? O que mudou de maio, em que deu um voto de confiança ao treinador, para o momento atual?

Em relação à rescisão, é tal e qual como vem no comunicado à CMVM. Como calculam, foi comunicado neste dia ao treinador que já não era treinador do Benfica e que acabámos aqui a relação. E, de consequência, temos agora de tratar da desvinculação completa, que será tratada também com os agentes e o advogado de Roger Schmidt. Por isso fizemos a comunicação dessa maneira. O que mudou de maio para agora foi exatamente aquilo que eu disse anteriormente. Acreditámos e pensámos que era o melhor para o Benfica dar esta estabilidade e dar este voto de confiança, atendendo, também, que acreditávamos plenamente que era mais fácil fazer o 1.º ano de Roger Schmidt do que o 2.º ano de Roger Schmidt. Estas quatro jornadas indicaram o contrário e, portanto, entendemos que este era o momento de alterar.

Disse que já está à procura de novas alternativas. Leonardo Jardim passa pelo futuro do Benfica?

Não disse que estávamos já a trabalhar nas novas soluções. Disse que estávamos, já, a trabalhar no futuro do Benfica e que em breve iriam saber quem era o treinador do Benfica. Não vale a pena estarmos a falar de nomes, tenho visto e tenho lido muitos nomes na Imprensa, alguns deles, inclusive, que até estão empregados e, portanto, os Benfiquistas irão saber, em primeira mão, quem será o novo treinador do Benfica. Não me façam agora estar a especular em nomes. Certo é que é muito em breve.

Como é que o treinador Roger Schmidt reagiu quando foi comunicada a decisão? A equipa vai ter alguém a comandá-la de forma interina? Pode confirmar uma notícia de há minutos, avançada que Marcos Leonardo foi vendido ao Al-Hilal por 40 milhões de euros?

Não vamos misturar as coisas. Hoje, estamos aqui para falar de Roger Schmidt e do treinador do Benfica, neste caso, dos treinadores, porque, não sendo mais treinador do Benfica, teremos de apresentar rapidamente um outro treinador. Lembrar que, neste momento, os Campeonatos estão parados para a pausa FIFA e, portanto, não vai ficar nenhum interino porque até ao dia de recomeçarmos os treinos iremos já ter novo treinador, com toda a certeza. É nesse sentido, é no futuro que estamos a trabalhar, acreditando plenamente que, pese embora o handicap que criámos em nós próprios de perder cinco pontos em quatro jornadas, temos valor e qualidade para dar a volta à situação, e é nisso que nós estamos a pensar. O novo treinador irá entrar em tempo de trabalhar o que puder trabalhar nesta fase, porque há aqui um reparo que eu gostava de fazer: embora estejamos numa pausa FIFA, e que possa dar a imagem de que o novo treinador terá aqui muito espaço até ao próximo jogo para trabalhar a equipa, relembrar que nós, neste momento, no Benfica Campus, iremos ficar com apenas cinco ou seis jogadores, porque o resto estará nas seleções nacionais. E, portanto, irá trabalhar de outra forma, irá trabalhar na análise que tem de fazer para quando tiver os jogadores à disposição estar em condições de montar a equipa, de trabalhá-la e de a preparar para o futuro, porque acreditamos plenamente, pese embora este handicap, que temos muita margem e muita qualidade para dar a volta à situação. Evidentemente, quando se chega a um dia como este, é sempre uma desilusão para toda a gente que trabalha. É uma desilusão para mim, é uma desilusão para Roger Schmidt, mas houve um entendimento. É um grande homem, não posso esquecer isso, nunca poderei esquecer isso. Uma coisa é o treinador e, portanto, profissionalmente, nós entendermos que estava na hora de mudar; outra coisa são as relações humanas, e essa, a relação humana, não foi minimamente beliscada.

Pela resposta que deu há pouco, deu de certa forma a entender que este início de época foi perdido. Acredita piamente que o Benfica, com este plantel, que não foi construído para o treinador que está a chegar, tem qualidade para dar a volta à situação e ainda tentar lutar por títulos nesta temporada? Muita da contestação que tem surgido contra Roger Schmidt nos últimos dias vem também, nas últimas semanas, de alguma forma associada a si. Acha que tem condições totais e plenas de continuar a ser o Presidente do Benfica no restante do mandato?

Começo pelo fim. Eu trabalho arduamente no Benfica, diariamente para o bem do Benfica e, portanto, assim continuarei a fazer. Por isso mesmo, já estou a planear o futuro. Entendemos, como disse já várias vezes, que este era o momento de trocar de treinador e o meu foco, agora, é essencialmente esse. Eu não penso em eleições. Honestamente, eu não estou aqui para pensar em eleições. Estou aqui para pensar no futuro do Benfica, estou aqui para pensar no dia a dia do Benfica, e é nisso que eu me foco diariamente, é nisso que eu trabalho diariamente. O meu foco, neste momento, é resolver este problema que se criou em termos de treinador e, já nos próximos dias, estar a apresentar um novo treinador que seja um garante para o futuro do Benfica, também. Em relação às possibilidades que nós temos, ou não temos, de conquistar títulos neste ano, tenho plena convicção disso. É verdade que quando se constrói um plantel, se constrói um plantel também muito à imagem de um treinador, mas nós não construímos um plantel só à imagem do treinador Roger Schmidt. O treinador que chegar hoje ao Benfica terá, com certeza absoluta – e ele poderá confirmar isso no futuro –, um plantel de ótima qualidade. É um plantel que está preparado para ganhar e que está pronto para ganhar, independentemente do treinador que o tenha. É nessa expectativa, nessa esperança que nós temos, e é, também, nesse perfil que nós iremos seguir a linha de raciocínio de trazer um treinador que tenha mais ou menos o mesmo perfil, enquanto sistema tático e qualidade de jogadores, para prosseguir o futuro do Benfica, com a máxima convicção – repito aquilo que disse, creio eu, mais do que uma vez – que esta época não está perdida. Temos aqui este handicap, mas está nas nossas mãos recuperá-lo. Temos todo o tempo do mundo para fazê-lo e temos qualidade suficiente no plantel para o fazer, também.

É mais fácil acertar no totobola à segunda-feira. Tendo em conta os resultados e o desgaste de Roger Schmidt desde a época passada, arrepende-se de não ter tomado a decisão no final da época passada? Disse que o Benfica terá treinador aquando do regresso aos trabalhos. Quando será?

Como disse, temos hoje cinco ou seis jogadores no Benfica Campus disponíveis. Todos os outros estarão nas respetivas seleções e portanto haverá uns dias de folga para estes 5 jogadores. E quando voltarem ao trabalho, a meio da semana, final da semana, já teremos o novo treinador a trabalhar com a equipa. Não temos bolas de cristal, e como eu disse, nós acreditámos na estabilidade e naquilo que tínhamos feito, em conjunto, sobretudo no 1.º ano de Roger Schmidt. E achámos que era mais fácil repetir o 1.º ano do que o 2.º, e procurámos fazer por isso. Procurámos reforçar, procurámos perceber o que não tinha corrido bem no 2.º ano, em busca do que foi, sobretudo, os oito/nove primeiros meses de Roger Schmidt no Benfica onde estávamos todos deslumbrados com a equipa do Benfica e com o próprio treinador. Portanto, foi nessa qualidade que eu tomei a decisão que tomei. Não jogo no totobola à segunda-feira, acima de tudo tenho de pensar no momento o que considero melhor para o Benfica. Naquele momento, achei que o melhor era a continuidade. Neste momento, acho que o melhor era separação, neste caso, e começarmos um novo ciclo com um novo treinador.

Falou várias vezes no futuro e em olhar para a frente. Neste momento, como olha para o futuro?

Com otimismo, com muito otimismo. Uma, não sei ser de outra maneira. Outra, sei a qualidade de jogadores que temos no plantel e daquilo que podem fazer. Foi um início de época que fugiu a todas as nossas expectativas e às expectativas de todos os Benfiquistas. Temos estes cinco pontos perdidos em quatro jornadas, não temos uma exibição que nos desse a segurança daquilo que seria o futuro, e daí a mudança. Essa mudança espero que venha espevitar muito o ambiente, venha espevitar os jogadores, venha trazer uma outra aura à equipa, um outro ambiente à volta da equipa. Sei que os Benfiquistas estarão sempre com a equipa, e aproveito para agradecer, mesmo ontem [sexta-feira, 31 de agosto], no empate em Moreira [de Cónegos], não foi com certeza absoluta por falta do apoio dos adeptos, como não tem sido. Temos de dar a volta a esta situação, dependemos de nós próprios. Sou um otimista por natureza, e por consequência acredito plenamente na força do Benfica, na força do plantel do Benfica. Estou muito convencido que esta será uma época positiva para o Clube.