Sven-Göran Eriksson: Para sempre um de nós!

Faleceu nesta segunda-feira, 26 de agosto, Sven-Göran Eriksson, ex-técnico que comandou o SL Benfica durante cinco temporadas (1982/83 e 1983/84, e 1989/90 a 1991/92). Veja alguns testemunhos de homenagem a um dos treinadores mais emblemáticos da história do Clube...

FERNANDO SEARA

"Em abril, quando estive com ele – nós que nos conhecemos na primeira presença dele no nosso querido Benfica, em 1982 –, respondeu-me, naquele seu português que eu fui aprendendo, 'gosto de o ver'. Abraçámo-nos, tive a sensação de que não aguentaria muito tempo, tendo consciência da vida vivida e de duas coisas: ele foi um revolucionário no futebol português e do futebol do Benfica. Percebemos com os senhores jogadores que ele treinou, que revolucionou o treino, a metodologia, o elemento tático e técnico, mas, cima de tudo, a forma de relação com o jogador. Ouvi-o de tantos, e tantos. Com ele, tivemos momentos empolgantes. O momento do Benfica-Marselha [da Liga Europa 2023/24], em particular do intervalo, fica no nosso registo pessoal, no registo do Benfica, que o soube homenagear em vida. Ele que teve a vida vivida, mas, sendo homenageado em vida, posso dizer a todos e a todas que ele sentiu isso, e isso acarinhou-o e fortaleceu-o naquele coração imenso, que é o coração de um homem de futebol."

Ouça Fernando Seara

TONI

"É, naturalmente, uma hora de dor para toda a família Benfiquista. Quando o Eriksson, há uns meses, referiu que tinha pouco tempo de vida, mostrou aí muita força e muita coragem ao fazer essa abordagem. Felizmente, tivemos todos a oportunidade de nos despedir dele em vida, os adeptos do Benfica, os seus antigos jogadores e dirigentes. Foi um momento que recordarão, porque tiveram essa ocasião. A partida de Eriksson é aquela dor, dor no fundo, mas também saudade de alguém que deixou um legado muito importante, não só no Benfica, mas também a sua passagem no futebol português. Foi marcante pela forma como ele estava no desporto, no futebol e também pela sua grandeza de carácter que manifestou aqui e em todo lado em que passou. É, hoje, um dia de profunda tristeza para todos aqueles que amam o futebol, para todos os que amam o Benfica. Penso que o Eriksson era consensual e também transversal a todas as cores em Portugal. Por isso, é um dia de profunda tristeza, mas também de uma saudade imensa de alguém que nos marcou. Desde 1982 tivemos uma relação que em, a cada dia, se cimentou numa grande amizade."

Ouça Toni

HUMBERTO COELHO

"É uma triste notícia, mas penso que nós todos estávamos à espera. A homenagem que ele teve [no Estádio da Luz] foi extraordinária por parte de toda a família Benfiquista. Mostrou que, de facto, eram os últimos tempos que ele podia viver. Acho que mostra bem aquilo que ele era, uma pessoa com princípios de bem e, essencialmente, do ponto de vista profissional, era um treinador extraordinário. Chegou e trouxe ao Benfica uma metodologia nova de treinos que agradou a todos os jogadores. Geria muito bem o balneário, a equipa, geria muito bem o banco. Era uma pessoa afável, respeitosa, sem problemas. Criámos uma amizade muito grande que irá perdurar. Há uma saudade enorme, mas também há a memória daquilo que ele fez que ajudou muito a mim e à equipa a conseguir os objetivos que uma grande equipa como o Benfica tem."

Ouça Humberto Coelho

RUI ÁGUAS

"Aquilo que se decidiu fazer, por um lado, deve-lhe ter feito bem, de tirar aquele peso da morte, de falar e sair para a rua e contar o seu caso. Acho que acabou por suavizar de alguma maneira, se é que isso é possível, para este momento que sabíamos estar próximo. Estamos a falar de uma pessoa muito especial, muito marcante, muito diferente. Naquele tempo fez completamente a diferença em termos táticos, de treino, mas principalmente, para mim, na postura que ele tinha, a abertura que permitia e a partilha. Eu era dos jogadores capitães na altura e ele não tinha problema nenhum de chamar e perguntar a minha opinião. Era de uma proximidade muito especial. Depois, sempre tranquilo, sempre calmo, dificilmente se alterava e nós apreciávamos muito essa característica."

Ouça Rui Águas

SHÉU HAN

"Hoje é um dia muito triste. Acabámos de perder alguém que fez uma transformação muito marcante nos jogadores na minha época e, eventualmente, também no futebol português. A partir dos anos 80 o futebol português, o jogador português, o público português, tiveram uma visão diferente daquilo que era e do que seria nas próximas décadas. Isso é um traço muito marcante para todos nós. Naturalmente, antes demais, nós tínhamos de refletir sobre o jogo... e o jogo, afinal, era tão simples. A metodologia de treino era tão fácil de assimilar. Recordo-me quando se preparava um treino, se sugeria um lugar para fazer determinado tipo de treino, ele dizia 'sou treinador de futebol, não sou treinador de atletismo', isso marcou logo, digamos, o que vinha aí. Havia sempre uma identificação muito clara do que iria ser a partir daquele momento."

Ouça Shéu Han

ANTÓNIO BASTOS LOPES

"Perdemos um gentleman, não só no Benfica, como a nível mundial. Conseguiu virar uma equipa quase trintona e mudar os modos de treino. De tal maneira que numa idade em que os jogadores começam a desconfiar de tudo e de todos depressa vimos que ali era o caminho. Que ele ia fazer coisas novas, como trouxe, nos explicou e executou para que nos conseguíssemos adaptar de tal maneira que tivesse o sucesso que teve. É muito triste para mim, já o foi quando ele veio fazer a sua despedida ao Estádio da Luz. Foi triste para ele, mas também o foi para nós. Todos estávamos arrepiados de estar com uma pessoa que teve a força de dizer que ia morrer e de se vir despedir de nós. De tal maneira que ainda sentimos mais hoje a partida dele."

Ouça António Bastos Lopes

JOSÉ LUÍS

"É sempre uma notícia muito triste. Não só pelo treinador, mas pelo ser humano extraordinário. Eriksson foi um treinador muito especial. Para os jogadores, para o Benfica e para os adeptos. Deixou muita coisa. Ajudava os jogadores, preocupava-se com os jogadores. Ensinava e explicava bem. Estamos muito gratos à pessoa e ao treinador que foi Eriksson. Recordo-me de tudo o que o Eriksson me disse como se fosse hoje. As coisas que ele fazia no treino, e, sobretudo, o ajudar e o querer ajudar o ser humano e o atleta. Será sempre um dos melhores treinadores que passou pelo futebol mundial. [Homenagem feita pelo clube em abril de 2024] Fiquei muito satisfeito pela vinda ao Benfica. Ficam para sempre os grandes momentos que nós, atletas, passámos com este extraordinário ser humano."

Ouça José Luís

ÁLVARO MAGALHÃES

"É uma notícia muito dura. Sabíamos que atravessava uma doença muito difícil. Mas temos sempre a esperança que as coisas corram bem e que se prolonguem por mais tempo. Eriksson, além de estar na história do Benfica, vai deixar saudades. A todos os que trabalharam com ele – jogadores, dirigentes e também os adeptos do Benfica, que o viram a colocaram em campo uma equipa sempre para ganhar – vai deixar muitas saudades. Um ser humano de excelência. Sempre preocupado com os jogadores, não só no treino, como na sua vida pessoal. É o treinador que revolucionou o futebol português. Partiu aquele que nos ensinou e ajudou a sermos melhores. Parte um amigo de excelência. Tínhamos uma relação familiar. Era muito simples, de uma educação fantástica. Criou uma mentalidade ganhadora, mais ambiciosa, naquela equipa do Benfica. Fica na história do Benfica e do futebol mundial porque era uma pessoa diferente."

Ouça Álvaro Magalhães

CARLOS MANUEL

"É um momento particularmente duro para todos nós. Não só para o Benfica, como para todo o futebol português. Estamos perante um homem que modificou, pela sua forma de estar, pela sua comunicação, pelo seu carácter, o futebol português. Todos temos de estar um pouco 'doentes' pelo Sven. Era um homem fantástico, quando chegou, mudou-nos completamente a cabeça. Além dessa sua forma de estar, os métodos eram inovadores para todos nós. Até os mais velhos se sentiram muito mais novos pela forma do Sven trabalhar. Afável, com uma gestão de comportamentos muito boa, sempre com uma palavra para cada jogador, o diálogo era constante. Sempre foi o mesmo, nunca fugiu ao diálogo, rapidamente quis aprender o nosso português. Acima de tudo, a sua maneira de ser, o saber gerir o grupo, os jogadores, quem não jogava. O Sven, nesse aspecto, foi fantástico. Em abril, quando esteve cá, foi uma coisa fantástica, sabendo que tinha uma doença incurável, e que podia partir a qualquer hora, não deixou de ter a sua alegria, de nos dar alguns conselhos para a vida. Não esperávamos outra coisa deste grande senhor. É um homem que não podemos esquecer."

Ouça Carlos Manuel

CARLOS PEREIRA

"O Sven-Göran Eriksson era uma pessoa especial. Em 1982 a média de idades do plantel era por volta dos 30 anos e eram grandes jogadores, porém, eram de uma segunda leva do futebol europeu porque nunca conseguiram ganhar títulos europeus. Com Sven-Göran Eriksson os jogadores não melhoraram sob o ponto de vista técnico ou físico, melhoram foi sob o ponto de vista na forma de encarar a pressão, na forma de encarar a vida e as pessoas. Isso é que foi a verdadeira revolução. Para Eriksson ser profissional era muito mais que jogar futebol, entrar no campo, jogar o jogo e sair do campo. Ser jogador era muito mais do que isso. E essa geração de jogadores não só aprendeu essa lição como transportou para outras gerações todos esses ensinamentos, essa maneira de estar e encarar o futebol."

Ouça Carlos Pereira

JOÃO ALVES

"Eriksson trouxe para Portugal e para o Benfica ideias novas. Em termos táticos, no respeito ao extra-futebol, àquilo que vai para além das quatro linhas, daquela hora e meia. Na final da Taça UEFA [1983] o estágio que fizemos foi à hora de almoço, que fomos almoçar todos ao hotel. Sempre naquela perspetiva de máxima responsabilidade, máxima liberdade. Conseguiu impor as suas ideias. Saiu dali uma equipa que em termos ofensivos era muito forte, que defendia muito bem, taticamente disciplinada, que marcava muitos golos, dominadora, fizemos uma época fantástica. O míster Eriksson foi dos treinadores mais importantes da minha carreira."

Ouça João Alves

DANIEL KENEDY

"É um dia triste. Partiu alguém muito importante para o futebol mundial, muito importante para o Benfica. Marcou uma geração muito forte. Eu, especialmente, estou-lhe muito grato porque, como sempre disse, com 17 anos foi o treinador que me pôs a treinar na equipa principal. Ainda era júnior e lembro-me das palavras dele antes de ir embora 'foste o melhor jogador jovem que vi'. Isso marcou-me para o resto da vida e são palavras que me vão marcar para sempre. Tive a oportunidade de estar recentemente no Estádio da Luz e poder vê-lo e ele lembrou-se do meu nome. São coisas que vão ficar, memórias deste grande homem, deste grande treinador."

Ouça Daniel Kenedy

ANTÓNIO VELOSO

"Foi o meu primeiro treinador quando cheguei ao Benfica. Logo de início, fui titular, no fundo, graças a ele. Disse-me, vais jogar na direita ou na esquerda. Meteu-me na esquerda, e foi onde joguei até se ir embora. Era um treinador muito simpático, sempre atento a tudo. A maneira dele treinar e falar com os jogadores era muito simpática. Sem gritar. Foi sempre um treinador que, quer eu, quer os meus colegas, gostavam. Acho que não há ninguém com queixas. Tudo o que dizia, cumpríamos com rigor. Tínhamos respeito por ele, tal como ele tinha por nós. Sempre positivo em todos os aspetos."

Ouça António Veloso

SILVINO

"A morte do nosso grande campeão, Eriksson... Um grande homem. Um dos melhores treinadores que tive na minha vida. Nunca me poderei esquecer dos conselhos que me deu enquanto guarda-redes. Um grande homem. Um grande profissional e um dos melhores treinadores do mundo."

Ouça Silvino