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Clube
Treinador sueco, um nome marcante na história do Sport Lisboa e Benfica, deixa um legado de sucesso, inovação e cavalheirismo.
26 agosto 2024, 19h04
Sven-Göran Eriksson
Nascido em 5 de fevereiro de 1948 em Sunne, na Suécia, Sven-Göran Eriksson nutriu desde cedo uma enorme paixão pelo futebol. Dos primeiros toques na bola, o jovem "Svennis", como era carinhosamente chamado no seio familiar, abraçou uma carreira profissional precocemente interrompida em 1974 devido a uma grave lesão no joelho sofrida ao serviço do Karlskoga, da II Divisão sueca. Perdeu-se um "defensor mediano, que raramente cometia erros", nas palavras do próprio no livro "A Minha História", e começou a construção de um treinador, por entre as aulas de Educação Física numa escola da cidade de Örebro.
Em 1976, dois anos após ter pendurado as chuteiras, Eriksson trocou o ginásio pelo banco e estreou-se como treinador principal no Degerfors, da III Divisão sueca. Dois anos depois, celebrou a subida à II Divisão, e os bons resultados chamaram a atenção do IFK Gotemburgo, um dos melhores clubes do país. O salto na carreira consumou-se em 1 de janeiro de 1979 e, nas quatro temporadas ao comando dos azuis e brancos, alcançou dois segundos lugares na I Divisão sueca, venceu 2 Taças da Suécia e 1 Taça UEFA. Este último título, conquistado em 1981/82, foi o primeiro de sempre de uma equipa sueca nas competições europeias.
O estilo ofensivo, com direito a grande liberdade criativa aos jogadores, surpreendeu a Europa e não escapou ao olhar atento da Direção do Benfica, liderada por Fernando Martins, que se lançou para a contratação daquele jovem treinador louro, de 34 anos. Devido ao enorme conhecimento do futebol português, à boleia dos vários estágios realizados em Portugal com o IFK Gotemburgo, Eriksson mostrou interesse em mudar-se para a Luz e, em 4 de junho de 1982, foi apresentado oficialmente como treinador do Benfica.
A relação de profundo amor entre as partes e o primeiro de dois capítulos escritos a letras douradas na grandiosa história do Glorioso tiveram início com uma mensagem clara sobre a dimensão da missão que o esperava. "A primeira coisa que o Fernando Martins fez foi ir buscar-me ao aeroporto e levar-me à sala de troféus do Benfica. Era como se estivesse a dizer: 'Não penses que és importante'", recordou o sueco, na reportagem da BTV realizada durante o seu regresso ao Estádio da Luz, em 11 de abril de 2024.
A revolução implementada por Eriksson notou-se logo nas primeiras sessões de treino da pré-época de 1982/83. Inovadores em relação ao que se fazia, à época, em Portugal, os métodos de trabalho do sueco suscitaram bastante curiosidade da Comunicação Social, que os difundiu como exemplo de uma nova era de modernidade no futebol nacional. Com Eriksson, os treinos passaram de uma duração de duas horas para 50/60 minutos, com pausas de um a dois minutos para hidratação. O treino era feito por setores, com exercícios de 10 a 12 minutos, seguidos das pausas de um a dois minutos. Os exercícios em espaços reduzidos exigiam um maior esforço físico, mental e técnico, sendo todos eles realizados com bola. As corridas na mata sem bola passaram a ser uma lembrança do passado, e os jogadores responderam com entusiasmo aos novos estímulos. Os primeiros resultados foram promissores: vitórias em todos os testes da pré-temporada.
A nível oficial, o início das águias foi avassalador, com futebol de belo efeito acompanhado de sucessos: 20 vitórias nos primeiros 22 jogos da época 1982/83. Com naturalidade e toda a justiça, o Benfica sagrou-se campeão nacional e, em 21 de agosto de 1983, completou a dobradinha com a épica conquista da Taça de Portugal. Numa final agendada pela Federação Portuguesa de Futebol para o Estádio das Antas, o Benfica venceu, por 0-1 com um golaço de Carlos Manuel, e as palavras de Eriksson antes do clássico serviram de tónico para uma exibição memorável. "Pensávamos que íamos jogar com os suplentes, mas ficámos surpreendidos quando ele anunciou que iam entrar os melhores e disse 'meus senhores, seja nas Antas, em Roma ou onde for, vamos para ganhar! Vamos sem medo discutir o resultado'", recordou Álvaro Magalhães, no programa dedicado à obra do treinador sueco da série "Vitórias e Património", da BTV.
Nessa mesma temporada, a equipa chegou, ainda, à decisão da Taça UEFA, mas a final, disputada a duas mãos, foi favorável aos belgas do Anderlecht: 1-0 em Bruxelas e 1-1 no Estádio da Luz.
Na temporada seguinte (1983/84), os encarnados sagraram-se bicampeões nacionais. Numa campanha soberba, a equipa demonstrou grande qualidade ofensiva, ao apontar 86 golos em 30 jornadas, mais 21 golos que o segundo melhor ataque da prova. Ao Campeonato, o Benfica somou a conquista da Taça de Honra, prestigiado torneio organizado pela Associação de Futebol de Lisboa.
No defeso de 1984, Eriksson transferiu-se para a Roma, onde permaneceu durante três épocas, vencendo 1 Taça de Itália. Na temporada 1987/88, o treinador sueco mudou-se para a Fiorentina e, em julho de 1989, regressou a Portugal para assumir o comando técnico do Benfica pela segunda vez.
Em 1989/90, o treinador sueco reentrou a todo o gás com a conquista da Supertaça, após duas vitórias por 2-0 sobre o Belenenses, e comandou o Benfica ao 2.º lugar do Campeonato Nacional e à final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, onde perdeu diante do poderoso AC Milan por 1-0, em Viena.
As bases para mais sucessos estavam lançadas, e a temporada 1990/91 trouxe o derradeiro título conquistado por Eriksson de águia ao peito. A disputa acérrima com o FC Porto pelo ceptro teve o seu epicentro na 34.ª jornada, quando o Benfica visitou o Estádio das Antas. Num duelo que entrou para a história, César Brito bisou para uma vitória, por 0-2, que abriu as portas do título e que não mais saiu da memória do comandante sueco.
Mesmo com momentos marcantes, como a vitória em Londres sobre o Arsenal (1-3) e a consequente entrada na fase de grupos da recém-criada Liga dos Campeões, o Benfica não conquistou nenhum título na temporada 1991/92, e, no final da época, Eriksson regressou a Itália para tomar as rédeas da Sampdória, conquistando 1 Taça de Itália nas cinco temporadas passadas em Génova. Em julho de 1997, o treinador sueco mudou-se para a Lázio e assinou três temporadas e meia de enorme categoria, conquistando 1 Campeonato de Itália, 1 Taça de Itália, a derradeira edição da Taça dos Vencedores das Taças (1998/99) e 1 Supertaça Europeia.
O treinador sueco aventurou-se, posteriormente, numa icónica passagem pela seleção de Inglaterra. No Campeonato do Mundo de 2002, foi eliminado pelo Brasil nos quartos de final. Em 2004, no Campeonato da Europa organizado no nosso país, Eriksson guiou os ingleses até aos quartos de final, onde acabou travado por Portugal, no desempate por penáltis. Num Estádio da Luz ainda com cheiro a novo, edificado no mesmo solo onde tinha celebrado tantas vitórias, o sueco sofreu uma das maiores desilusões da carreira e com participação direta de Rui Costa: 13 anos após ter sido lançado na equipa principal do Benfica por Eriksson (1991), o "Maestro" marcou um dos golos do empate entre Portugal e Inglaterra (2-2), na tarde de 24 de junho de 2004.
Em 2006, no Campeonato do Mundo da Alemanha, a história repetiu-se, e a Inglaterra voltou a cair frente a Portugal nos quartos de final, também no desempate por penáltis. Abriram-se, então, as portas de saída da seleção inglesa e seguiram-se passagens fugazes por Manchester City (Inglaterra), seleção do México, seleção da Costa do Marfim, Notts County (Inglaterra), Leicester City (Inglaterra), Al-Nassr (Emirados Árabes Unidos), Guangzhou (China), Shanghai SIPG (China), Shenzhen (China) e seleção das Filipinas, onde, em 2019, encerrou a carreira de treinador.
No passado mês de janeiro, Eriksson anunciou ter sido diagnosticado com um cancro do pâncreas em estado terminal, e, de imediato, o abraço apertado da Nação Benfiquista fez-se sentir. E o que se iniciou com uma onda de mensagens de apoio e solidariedade transformou-se numa emocionante e justa homenagem em vida.
Em 11 de abril de 2024, os Benfiquistas tiveram a oportunidade de mostrar ao vivo e a cores o seu reconhecimento e gratidão a Eriksson. Num tributo ocorrido antes e durante o Benfica-Marselha, válido para 1.ª mão dos quartos de final da Liga Europa, antigos jogadores do Glorioso, que foram comandados pelo treinador sueco, juntaram-se à iniciativa, desde o "estágio" numa unidade hoteleira até à Catedral, onde quase 55 mil adeptos ovacionaram e cantaram o nome de um dos mais icónicos treinadores da história do Clube.
Um momento inesquecível e carregado de simbolismo que serve de conforto numa hora de profundo pesar para todos os Benfiquistas.
Obrigado, míster Eriksson! Será sempre um dos nossos!
Texto: Redação
Fotos: Acervo SL Benfica
Última atualização: 26 de agosto de 2024