Reviravolta ingrata

RESUMO DO JOGO

Uma cruel reviravolta, tão impiedosa quanto injusta, roubou ao Benfica o sonho de conquistar o primeiro troféu de 2024/25 logo no arranque da temporada.

Dizem os instrutores de condução que não se deve arrancar em 4.ª, mas era esse o objetivo da equipa feminina de futebol do Sport Lisboa e Benfica, arrancar a temporada com a 4.ª Supertaça Feminina do seu palmarés.

Campeão em título e detentor do troféu há duas épocas consecutivas, o Benfica encontrava nesta final o Sporting, um adversário que já tinha batido concludentemente na pré-época (3-1 no Troféu do Algarve).

Sem poder contar com Lena Pauels, Lúcia Alves, Andrea Falcón nem Lara Martins, lesionadas, Filipa Patão lançou no Restelo um onze quase similar ao da partida de Faro: Rute Costa, Catarina Amado, Carole Costa, Christy Ucheibe, Laís Araújo, Marit Lund, Andreia Norton, Andreia Faria, Anna Gasper, Nycole Raysla e Cristina Martín-Prieto. Portanto, apenas duas alterações em relação ao dérbi anterior: Cristina Martín-Prieto, no lugar da lesionada Lara Martins, e Catarina Amado, na vez de Chandra Davidson.

Apito inicial dado, e sentiu-se desde os primeiros instantes que havia uma equipa mais forte que a outra. A partida jogava-se quase sempre no meio-terreno leonino, e com a bola nos pés das encarnadas, que demoravam muito pouco tempo a recuperar o esférico depois de o perderem.

Aos 13', o Sporting deu o seu primeiro aviso, naquela que foi a oportunidade mais perigosa até esse momento. Uma bola nas costas da defesa encarnada encontrou uma avançada isolada, mas esta atirou por cima.

E estava dado o mote: um Benfica a dominar, senhor do jogo, a encostar o adversário às cordas, mas nem sempre feliz no golpe final, e um Sporting que se mostrava encolhido na maior parte do tempo, mas com capacidade para aqui e ali lançar contra-ataques com mais veneno.

Aos 27', surgiu o golo do Benfica. Cristina Martín-Prieto entrou na área pela banda direita e fuzilou para o fundo das redes. Estava quebrada a resistência leonina e inaugurado o marcador. Sem surpresa para ninguém, as Inspiradoras estavam merecidamente em vantagem, resultado com que se chegou ao intervalo (1-0).

No segundo tempo, o Benfica atacou para a baliza mais próxima do Tejo e também a favor do vento, que soprava com alguma intensidade nesta noite de sexta-feira. O assédio às redes leoninas continuava, uma e outra vez, e o Sporting só a espaços conseguia sair do seu meio-campo. Mas, quando conseguia, era ameaçador. E aos 75' logrou ser mais que isso. Telma Encarnação, descaída para o lado direito da área, desferiu um remate cruzado que parou só no fundo das redes de Rute Costa. A equipa de arbitragem começa por invalidar o lance, por posição irregular da avançada, uma decisão que o VAR demorou a analisar. Mas, quando anunciou o veredicto pela instalação sonora, deu o golo ao Sporting. Estava feito o 1-1.

O Benfica reagiu, foi para cima do Sporting, de forma que, com a ajuda do vento, parecia asfixiante, mas sem os efeitos desejados. E aos 85', em mais um contra-ataque esporádico, o golpe de teatro: uma incursão pelo lado direito resultou numa assistência para o coração da área, onde apareceu Cláudia Neto à vontade a atirar para o fundo da baliza. O Sporting chegava ao 1-2 praticamente no segundo remate que fez no segundo tempo. Uma injustiça.

Nos poucos minutos que sobejavam, assistiu-se a mais do mesmo: o Benfica a empurrar as leoas para o seu reduto, mas sem acerto na finalização, e o conjunto verde e branco a ensaiar o contragolpe... e o resultado não mais se alterou (1-2).

As Inspiradoras voltam à competição na sexta-feira, dia 30, recebendo no Benfica Campus, às 19h30, o Torreense, na 1.ª jornada da Liga BPI 2024/25.

DECLARAÇÕES

Filipa Patão (treinadora do Benfica): "É futebol... não tenho muitas mais palavras para além disto. É futebol, nós tivemos as maiores oportunidades ao longo do jogo. Entrámos numa segunda parte em que o Sporting esteve, sem exagero, perto de 30 minutos sem passar do meio-campo. Cantos consecutivamente, jogadas à entrada da área em que fomos perdulárias e não finalizámos. Procurámos muito passar, passar e passar, e não rematávamos à baliza, não finalizávamos. No futebol, quem não mata morre. São mesmo estas as palavras. Num lance em que íamos baixar um bocadinho mais o bloco, mas com bola, acabámos por a perder numa zona em que não a devíamos ter perdido, não retiramos a profundidade devidamente e sofremos um golo contra a corrente do jogo. Depois, foi uma bola vinda de um canto em que não ajustámos bem. Ficámos expostas, quando sabíamos o que era para fazer. O golo do empate acabou por nos custar muito, por aquilo que estava a ser o jogo, e o segundo foi claramente desnorte, porque as nossas jogadoras sabiam como se posicionar naquele momento e acabaram por não o fazer. Mais uma vez, a culpa não será delas, será minha, porque quero jogar, porque quero que as minhas jogadoras sejam superiores no jogo e cumpram o plano de jogo. Elas cumpriram, tivemos dois momentos em que não fomos felizes, vários momentos em que não o fizemos, e o futebol é assim. Deixo aqui a mensagem de que, apesar de esta final da Supertaça não ter corrido como desejávamos e apesar de não levarmos o troféu para casa, deixa-me muito mais confiante para o resto da época. Quando se dizia que depois do Damaiense nós poderíamos não estar um Benfica tão forte, poderíamos não conseguir, aqui, ser uma equipa competitiva, e que poderia ser fácil para o Sporting, a verdade é que o Benfica veio aqui para ganhar e veio aqui superior, na minha opinião, ao Sporting. O futebol é assim. Não fomos felizes hoje, mas tenho a certeza absoluta que seremos felizes amanhã."

Nycole Raysla (avançada do Benfica): "A partida teve um pouco de injustiça... vejo por esse lado. Tivemos bons momentos, mas, infelizmente, não conseguimos concretizar isso na vitória. É o começo da época, estamos com um grupo bastante unido e bastante firme em fazer uma época maravilhosa, melhor do que a anterior. Queríamos ter ganho esta taça, não foi possível, mas isso não vai apagar o que queremos para o futuro. Volto a frisar, estamos bastante unidas e a trabalhar bastante para que, no futuro, possamos dar mais alegrias aos adeptos. É o que posso dizer. Estamos a trabalhar com muita força e vontade para vos dar muitas alegrias."