Resiliência e frieza abriram a porta da final

RESUMO BTV

O Benfica empatou 1-1 com o Damaiense nos 90 minutos regulamentares do jogo da meia-final da Supertaça Feminina. No desempate por grandes penalidades, triunfo por 3-1 que valeu às águias um lugar na final de sexta-feira, 23 de agosto.

Na sequência do anúncio da sua retirada e da sua integração no staff multidisciplinar da equipa feminina de futebol, Sílvia Rebelo foi alvo de uma homenagem antes do pontapé de saída da partida disputada no Campo n.º 1 do Benfica Campus. Aplausos do público para uma jogadora que capitaneou as Inspiradoras durante seis temporadas (136 jogos) e balanço dado para o primeiro jogo oficial da época 2024/25.

Aos 9', o Damaiense foi a primeira equipa a criar perigo, com Gabi Gonçalves a rematar por cima em boa posição. Motivada pelo bom início de jogo, a equipa forasteira continuou a atacar e, aos 28', fez o 0-1. Aproveitando uma escorregadela de Marit Lund, Tânia Mateus ficou com a bola e rematou forte de fora da área por cima de Rute Costa, que ainda tocou no esférico antes de este entrar.

Em desvantagem, as Inspiradoras começaram, aos poucos, a tomar as rédeas do encontro, mas depararam-se com algumas dificuldades para ultrapassar a muralha defensiva adversária. Aos 33', Cristina Prieto não conseguiu superar a guarda-redes Guro Pettersen, após um passe longo bem medido de Carole Costa, e, aos 41' foi a vez de Andreia Faria disparar de longe, para fora.

Na segunda parte, o Damaiense procurou, exclusivamente, segurar a vantagem, e as águias partiram para o assalto à área adversária. No entanto, a pontaria continuava a errar o alvo, como se viu nos remates, para fora, de Andreia Faria (49'), Cristina Prieto (57) e Marie Alidou (67').

Circulando a bola com paciência e critério, as Inspiradoras não se deixaram afetar pelo correr do tempo e, aos 80', chegaram ao merecido empate. Após uma boa troca de passes à entrada da área do Damaiense, Andreia Faria desmarcou Catarina Amado no lado direito, e a lateral cruzou para o segundo poste, onde Cristina Prieto cabeceou para as redes. Igualdade restabelecida e tempo suficiente para pensar na reviravolta no tempo regulamentar.

Sem tirar o pé do acelerador, o Benfica carregou e dispôs de três excelentes oportunidades para resolver a partida. Aos 82', numa jogada semelhante à do 1-1, Cristina Prieto não conseguiu desviar o cruzamento de Catarina Amado para as redes, e, aos 90'+3', a guarda-redes Melissa Dagenais (lançada após o intervalo) negou o golo a Marie Alidou com uma grande defesa. Nos últimos segundos (90'+4'), Marit Lund cruzou para a área e Cristina Prieto rematou à barra.

Com o 1-1 a estender-se até ao apito final, a vaga na final da Supertaça acabou decidida no desempate por grandes penalidades, onde Rute Costa esteve em destaque. Numa demonstração de frieza e concentração, a guarda-redes do Benfica defendeu três dos quatro penáltis do Damaiense, enquanto Carole Costa, Marie Alidou e Anna Gasper converteram as respetivas cobranças (Marit Lund atirou ao lado) para sentenciarem a vitória por 3-1.

Ultrapassada a meia-final, o Benfica vai, agora, enfrentar o Sporting, vencedor da eliminatória discutida com o Racing Power. A decisão da Supertaça está agendada para sexta-feira, 23 de agosto (20h45), no Estádio do Restelo, em Lisboa.

Filipa Patão (treinadora do Benfica): "Primeiro, dar os parabéns ao Damaiense, foi uma equipa que nos dificultou muito o trabalho. Já estávamos à espera, porque sabíamos que o Damaiense se reforçou muito bem, tem uma equipa técnica muito competente e sabemos que, com a equipa que montou para este ano, vai ser, com toda a certeza, difícil para qualquer adversário. Tivemos de lidar com muitas coisas, nomeadamente com o calor que estava, e as nossas jogadoras sentiram isso, mas é para as duas equipas. Para uma equipa que não quer assumir tanto o jogo, que está mais fechada, só a conter e a fechar o bloco, claro que facilita um bocadinho mais. Para nós, que temos de andar a encontrar espaços e a circular rápido, dificultou-nos, principalmente com a velocidade da bola a correr no relvado. Temos de ultrapassar essas situações, e foi disso que falámos ao intervalo. Estávamos com um jogo muito lento, a circular pouco a bola, e a uma velocidade que não era vantajosa para nós. Tínhamos de variar mais rápido para desposicionar o bloco do Damaiense – que acabou por ser muito compacto, a defender com as 11 jogadoras – e sair em transição. Na segunda parte começámos a criar oportunidades para fazer golo, não o conseguimos fazer nos primeiros minutos, mas acreditámos sempre que conseguíamos dar a volta. Assim aconteceu, e, apesar de termos feito o empate no tempo regulamentar, ainda podíamos ter feito o 2-1. Fomos competente nos penáltis, e um campeão também se faz disto, de momentos difíceis e de resiliência."

Rute Costa (guarda-redes do Benfica): "[Defesa de três penáltis] Sem dúvida que é um momento muito emocionante. Nós, guarda-redes, sabemos que é um momento em que podemos fazer a diferença. Tal como no decorrer do jogo eu acreditava que era possível ganhar, foi só levar esse acreditar até ao fim. Felizmente, defendi três penáltis e consegui ajudar a equipa. É o mais importante. [Análise do jogo] Agora, no início da época, não há muita informação sobre os adversários e, portanto, temos sempre um papel de preocupação e de tentar perceber o que pode acontecer. Sabíamos que não ia ser um jogo fácil. O lado competitivo também é importante para a nossa Liga. Foi um jogo complicado, sabíamos disse, e, felizmente, conseguimos dar a volta ao resultado."