"Foi uma vitória de mentalidade e crença"

PÓS-JOGO

Num jogo em que mostrou "intensidade, qualidade e paciência", o Benfica superiorizou-se ao Braga, por 3-1. Na análise ao encontro da 31.ª jornada da Liga Betclic, Roger Schmidt foi imperativo quanto à justiça da vitória encarnada.

Na zona de entrevistas rápidas do Estádio da Luz, na noite deste sábado, 27 de abril, o treinador apontou que as águias tiveram "boas oportunidades para marcar primeiro", mas que acabaram por sofrer o golo (0-1, aos 28') e "perderam o momento".

No entanto, "a equipa acreditou sempre em si, em virar o jogo", e, com remates certeiros de Marcos Leonardo (71' e 90'+5') e Neres (85'), construiu uma "vitória muito merecida". "Temos de estar muito orgulhosos da nossa equipa", vincou o técnico.

"Não é fácil quando estás a perder 0-1 e eles estão à espera do contra-ataque. Têm jogadores muito rápidos, é preciso ser organizado e metê-los sob pressão, mas sem arriscar muito. Foi esse o desafio na segunda metade", explicou Roger Schmidt, aos microfones da BTV.

SOLIDARIEDADE ANTES DA ANÁLISE

"Antes de mais, quero dar as minhas sinceras condolências ao meu colega, Rui [Duarte], treinador do Braga. Ninguém consegue imaginar o que significa para ele e para a família dele aquilo que aconteceu há duas semanas, perder um filho... Desejo-lhe toda a força para lidar com isso, e que olhe em frente."

TRÊS GOLOS DE TOPO COROARAM A PACIÊNCIA

"O jogo foi difícil, começámos bem, criámos oportunidades, mas depois o Braga marcou e, no final de contas, tivemos dificuldades antes do intervalo em acelerar o ataque no momento certo. Depois do intervalo, pusemo-los sob pressão, mas tivemos de estar sempre atentos aos contra-ataques. Havia muitos jogadores rápidos, bons jogadores, também a nível individual, mas mostrámos intensidade, qualidade e paciência. No final, fizemos três golos de topo e é indiscutível que merecemos vencer o jogo. Investimos muito. Foi uma vitória de mentalidade e crença. Estou orgulhoso dos meus jogadores, era importante vencer hoje."

CLAREZA E INTENSIDADE

"[Substituições como chave da vitória?] Também, mas não só as substituições. O Alex [Bah] teve problemas, hoje. Depois do intervalo tentámos ver se conseguia jogar uns minutos mais, mas estava com demasiada dor. O Álvaro [Carreras] entrou, fez um bom jogo, e o Orkun [Kökcü] e o Marcos Leonardo também o fizeram. Trouxeram nova clareza, intensidade e estiveram envolvidos nos golos. Isto foi importante, mas os jogadores também mostraram uma boa mentalidade, na minha opinião. Acreditaram neles, estiveram focados no jogo e aceitaram que, hoje, precisaríamos de alguma paciência para encontrar o espaço para marcar. Foi uma muito boa performance em equipa."

MARCOS LEONARDO DECISIVO

"Estamos muito contentes com o que o Marcos [Leonardo] fez. Teve um começo fantástico no Benfica, quando veio no inverno, depois, teve dificuldades com a frescura e o poder físico, mas, hoje, mostrou de novo um pouco do espírito e da perspicácia do início. Esteve muito bem no jogo, quando entrou em campo. Estou feliz por ele. Acho que não fez mais de 300 minutos e marcou sete golos. Mostra a qualidade que ele tem. Compete-nos desenvolvê-lo para que se torne um jogador completo, confiável a nível tático, um jogador físico que jogue 90 minutos com estabilidade. Esta é a nossa tarefa. É muito bom que tenha vindo no inverno, porque agora tem mais experiência. Ansiamos que na próxima época tenha um papel diferente destes últimos quatro ou cinco meses, quando aqui chegou. Os golos são sempre bons argumentos para jogar, isso é claro. Todos os avançados tiveram a oportunidade de jogar alguns jogos seguidos para se mostrarem e lutarem pela sua posição. Estamos contentes que o Marcos [Leonardo], hoje, tenha mostrado esta qualidade a finalizar. No segundo golo que marcou mostrou também a vontade de marcar golos, e é disso que precisamos."

FOCADOS NO OBJETIVO E EM LUTAR ATÉ AO ÚLTIMO SEGUNDO

"Para ser honesto, já falei muito sobre este tópico [reação dos adeptos e continuidade no Clube] nas duas últimas conferências de Imprensa, após o jogo com o Farense e antes do jogo com o Braga. Hoje, quero falar dos adeptos que nos apoiaram de uma forma muito boa. Vi 50 mil pessoas no Estádio que apoiaram a equipa. Foi muito importante, num momento difícil do jogo, que os adeptos estivessem lá e nos apoiassem. Falámos sobre isso [ao intervalo] e que tínhamos de as fazer felizes e mostrar, desde o primeiro segundo da segunda parte, que acreditávamos na vitória. Foi disso que falámos, e abordámos algumas questões táticas. Como digo sempre, não sou eu que importo. O que importa é o Benfica, que ganhemos jogos e que nos mantenhamos na competição. Sabemos que é improvável sermos campeões, mas queremos lutar até ao último segundo. Foi o que os jogadores fizeram nesta noite, de uma maneira muito boa, contra um bom oponente. Este é o meu foco."

CLÁSSICO ENTRE OS RIVAIS

"Amanhã [domingo]? Não é um segredo. Estamos quatro pontos atrás [do Sporting]. Que desejamos a vitória do [FC] Porto é muito claro."

SALIENTAR OS ADEPTOS QUE APOIARAM A EQUIPA

"O que posso dizer sobre isso [ações e palavras dos adeptos] é que, de todas as conversas que tive com outras pessoas que conhecem o Benfica há muito mais tempo do que eu, isto não é por causa de nós. É algo que acontece muitas vezes no Benfica, já aconteceu no passado e, por isso, não é novo. Dificulta a vitória e o sucesso, mas, hoje, vi e senti no Estádio que há muita gente que não concorda com isso e com essa negatividade. É algo que temos a salientar hoje. Não as poucas pessoas negativas, mas as 50 mil que são positivas e apoiaram a equipa de uma maneira muito boa. É o que acho deste tópico. Não é fácil lidar com isso, principalmente para os jogadores, mas o Benfica é um clube maravilhoso em tantas coisas, que temos de aceitar que, às vezes, também é um clube difícil. Não me preocupo com isso. Hoje, mostrei mentalidade, mostrei uma equipa e jogadores que são capazes de se focarem até numa atmosfera distinta, e os melhores argumentos para jogarmos de forma bem-sucedida e bom futebol. Se fizermos isso, todos estão contentes. Não só 50 mil, mas, talvez, 60 mil."