Tudo a ganhar e nada a perder

Com a eliminatória em aberto, o Benfica está obrigado a vencer nesta quarta-feira, 27 de março (17h45), no reduto das francesas do Lyon, para atingir as meias-finais da Liga dos Campeões feminina de futebol. Uma tarefa que a treinadora Filipa Patão se recusa a considerar "impossível", e, para a ultrapassar, garante uma equipa "na máxima força".

"Tal como eu disse no jogo da 1.ª mão, em casa, nós tínhamos de ser uma equipa perfeita para conseguir ganhar a este Lyon. Cometemos alguns erros, que não são apenas erros sem bola ou erros defensivos, também os cometemos ofensivamente, ao não aproveitarmos e ao não definirmos melhor, tanto no último passe como no momento da finalização, e nestes jogos é crucial que uma equipa seja perfeita para conseguir a vitória. Vamos corrigi-lo. A partir do momento em que consigamos ser uma equipa mais consistente ao longo do jogo, não nos desequilibrarmos e não perdermos o critério com bola, vamos ficar sempre muito mais próximas de conseguir ferir este Lyon. Olhámos para aquilo onde estivemos menos bem e olhámos também para aquilo onde estivemos bem, para voltarmos a repetir, e tenho a certeza de que nos vamos apresentar na nossa máxima força. Erros vamos sempre cometer, mas a forma como reagimos a eles é que pode fazer a diferença neste tipo de jogos", considerou Filipa Patão, em conferência de Imprensa no Benfica Campus, antes de a comitiva encarnada viajar rumo a França.

Ouça Filipa Patão

A treinadora do Benfica refuta a ideia de que a reviravolta seja uma missão impossível, ainda que pela frente tenha uma equipa oito vezes campeã europeia, e que parte em vantagem para esta 2.ª mão (2-1).

"Impossíveis não existem, muito menos no futebol. E, mesmo que existissem, eu costumo dizer que os impossíveis são para nós. Já demonstrámos várias vezes ao longo de todos os anos que gostamos de coisas ditas impossíveis. Só são impossíveis até alguém as tornar possíveis. E, depois, temos de nos ligar a uma coisa que aconteceu sempre, à exceção do desafio em Barcelona. Nós, em todos os jogos, marcámos golos. Pelo menos um golo. E temos de ter essa capacidade de perceber aquilo em que somos fortes. Se conseguimos marcar sempre um golo, temos de ser competentes em não sofrer nenhum e marcar sempre mais do que o adversário. Independentemente do valor do oponente, também temos o nosso valor, também somos uma equipa com qualidade e não temos nada a perder. E a verdade é esta, temos tudo a ganhar e nada a perder. Portanto, vamos com esse espírito para Lyon", explicou.

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Filipa Patão esclareceu ainda as situações de Francisca Nazareth e Jéssica Silva.

"A Francisca Nazareth fez [nesta terça-feira] um trabalho à parte, mais de recuperação, como tem sido quase a constante desta equipa nos últimos tempos. Temos recuperado mais do que propriamente trabalhado no campo, porque precisamos de manter a capacidade física para estes jogos, e sabemos que é importante recuperarmos bem. A Kika precisou de mais um dia de recuperação, portanto está também ela disponível, como as outras 31, para poder ser convocada. Quanto à presença da Jéssica [Silva], eu tenho 31 jogadoras, conto com as 31. Não há caso nenhum. Não quero transferir para o feminino o que existe no masculino, que é construirmos casos e polémicas à volta das coisas. Não vão contar comigo para isso. Sou transparente no que faço, e a minha transparência é: jogos de futebol. Na conferência de Imprensa após o jogo com o Lyon, alguém perguntou mais alguma coisa sobre o que foi feito no jogo? Batemos sempre numa tecla onde não queremos bater. Queremos cada vez mais promover o futebol feminino, as idas aos estádios com as famílias, centrarmo-nos no jogo jogado, não termos casos à volta... e depois queremos criar coisas que não existem. O que eu fiz foi não alimentar algo que tratamos internamente. Sejam lesões, seja um comportamento menos bom ou menos correto de alguma jogadora, nós tratamos internamente. Está tratado, foi tratado desde o início, não há caso nenhum. Não existe nenhum caso entre a treinadora do Benfica e a Jéssica Silva, ou entre a Jéssica Silva e a treinadora do Benfica. Há o Clube e o que podemos fazer. Este é o meu único comentário. Contem comigo para falar de futebol, para falar do espetáculo e do que queremos promover; não contem comigo para falar de outro tipo de coisas", afirmou a treinadora do Benfica.

Filipa Patão apelou à presença dos Benfiquistas e dos portugueses espalhados por França, naquele que será mais um "momento especial e importante para Portugal e para o futebol feminino português".

"Sabemos a dificuldade que é estar fora do nosso país, e a verdade é que nós temos muitos, muitos portugueses em França a trabalhar e que querem sempre estar um bocadinho mais próximos daquilo que os faz lembrar e daquilo que os faz sentir Portugal. A mensagem que nós temos de passar aqui não é só para o adepto do Benfica, que para nós é essencial em todos os momentos, em todos os jogos, mas acima de tudo para os portugueses. Portugueses que possam estar um bocadinho mais próximos de nós, porque, acima de tudo, isto acaba por ser um momento especial e um momento importante para Portugal, para o futebol feminino português. Que possamos apoiar esta equipa para fazer mais uma vez história", exortou.

Pela primeira vez a competir na Liga dos Campeões, a média atacante Marie Alidou é já a segunda melhor marcadora da prova – apenas superada por Romée Leuchter, do Ajax, – com oito golos em 10 jogos. Uma "honra", confessa a internacional canadiana, que faz questão de dividir os louros com a equipa.

"Para mim é uma honra, mas sem o grupo não seria possível. Tenho muito orgulho por estar nesta competição, juntamente com a equipa do Benfica", assumiu na conferência de Imprensa, ao lado da treinadora Filipa Patão.

Confiança, pensamento positivo e união são alguns dos ingredientes que Marie Alidou faz questão de revelar para o duelo da 2.ª mão dos quartos de final da Liga dos Campeões, sabendo que é "a última oportunidade de continuar em competição".

"A equipa, neste momento, está muito confiante para conseguir uma vitória, um resultado positivo, para seguir para a próxima fase. Toda a gente está com um pensamento positivo, estamos unidas, e vamos até Lyon para dar tudo, porque é a última oportunidade de continuar em competição. Vamos entrar com tudo. Gostamos deste tipo de pressão em jogos grandes. É assim que temos provado a nossa qualidade, e isso é um privilégio. Mesmo sendo um jogo fora, estamos prontas para entrar com tudo. Não interessa onde jogamos, amanhã [quarta-feira, 27 de março] vamos estar no nosso melhor e tentar conquistar o resultado de que precisamos. Temos de ser excelentes, não há outra hipótese. Agora o pensamento está em ter pequenas oportunidades e aproveitá-las logo, marcar golos. Não existem muitas oportunidades... As que tivermos, vamos ter de aproveitar", reforçou a internacional canadiana, deixando ainda um pedido aos adeptos.

"A equipa tem tido muito apoio nos jogos fora. É algo muito especial para mim e para toda a equipa. Há muitos Benfiquistas por todo o mundo, vamos esperar muito deles neste jogo com o Lyon. Estamos entusiasmadas também para ver esse apoio", concluiu a camisola 2.

CONVOCADAS

Anna Gasper, Ana Seiça, Andrea Falcón, Andreia Faria, Andreia Norton, Carole Costa, Carolina Vilão, Catarina Amado, Chandra Davidson, Christy Ucheibe, Daniela Silva, Francisca Nazareth, Jéssica Silva, Laís Araújo, Lena Pauels, Lúcia Alves, Lara Martins, Marie Alidou, Marta Cintra, Pauleta, Paige Almendariz, Rute Costa e Sílvia Rebelo.