Voleibol

18 março 2024, 10h00

Lucas França

Lucas França

Há pouco mais de dois anos, regressou a Portugal, entrando por uma porta com todos os tamanhos de um sonho. Depois de mais uma experiência na competitiva liga brasileira, Lucas França aceitou o desafio para se juntar a uma máquina há vários anos em movimento. O rolo compressor do voleibol português chama-se Benfica, e esse foi o encantamento que tornou possível ao central brasileiro deixar uma liga mais relevante que a nossa.

"O chamamento do Benfica é impossível de conter. É um dos grandes clubes mundiais, é o campeão português há vários anos, sem dúvida que o melhor clube para prosseguir a minha carreira. Voltei a Portugal para jogar na melhor equipa, e não existe um incentivo maior do que esse. Ser campeão, ganhar títulos e participar na Liga dos Campeões é o sonho de qualquer jogador. E, claro, o míster Marcel Matz foi muito persuasivo, senti-me muito desejado, e por isso não poderia recusar o convite do Benfica", adiantou Lucas França, o protagonista desta semana, na BTV.

Lucas França

Depois de duas épocas a representar o SESC-RJ e o América, no Brasil, Lucas França não resistiu ao convite do Benfica, e voltar a Portugal foi um passo decidido de uma forma natural e lógica, numa perspetiva de evolução na carreira. E nem precisou de adaptação. "Já tinha estado em Portugal, a adaptação foi fácil, conheço o país, as equipas e o Benfica, já que joguei contra o Clube várias vezes. O maior desafio seria mostrar o meu valor, entre tantos jogadores de imensa qualidade e experiência. Cheguei a uma equipa campeã, e ninguém vence campeonatos se não for melhor que os outros. Portanto, essa era a minha expetativa, a de perceber como me integraria numa equipa que tinha os melhores jogadores. E, agora, posso dizer que as coisas têm corrido bem. Fui bem acolhido, o Clube é magnífico e ainda maior do que eu esperava. De repente já me sentia em casa e a fazer parte de uma equipa que luta por tudo, por todos os títulos e consegue assustar algumas das melhores equipas da Europa, na Champions League. O Benfica é impressionante, e adaptei-me rapidamente a essa grandeza e a essa exigência de ganhar tudo, sempre", disse o central brasileiro.

Lucas França

"Voltei a Portugal para jogar na melhor equipa e não existe um incentivo maior do que esse. Ser campeão, ganhar títulos e participar na Liga dos Campeões é o sonho de qualquer atleta"

Lucas França

RECORDE DE PONTUAÇÃO

Nesta temporada, Lucas França está a obter registos que o colocam entre os melhores pontuadores da equipa. Com 202 pontos em 32 jogos efetuados, ainda se encontra longe do seu recorde pessoal, de 310 pontos, alcançados na sua primeira temporada ao serviço do Benfica. Ainda assim, não são os registos individuais que persegue, desde que a equipa se mantenha a vencer.

"Para ser sincero, não dou muito valor a isso. Apenas significa que estou a fazer um bom trabalho, que sou importante na equipa, mas tudo isso só terá um significado se o Benfica ganhar. Não vim para o Clube para ser o melhor pontuador ou para quebrar recordes na minha carreira. Vim para somar títulos, e, felizmente, é isso que tenho conseguido. E quero continuar, já que vem aí a fase decisiva da temporada, e todos nós temos de estar em forma e muito concentrados, porque qualquer distração pode ser fatal. E pensar em registos individuais pode ser uma distração. Portanto, o que quero é dar o meu melhor e contribuir o mais possível para as vitórias da equipa e para as alegrias dos nossos adeptos, que são incríveis", sentenciou Lucas França.

Lucas França

A incrível força social do Benfica foi mesmo aquilo que mais surpreendeu o central benfiquista, considerando os adeptos como o sétimo jogador, especialmente quando a equipa procura nas bancadas um aditivo para as suas exibições. "Foi o que mais me surpreendeu no Benfica. É mesmo incrível. Eu já conhecia a grandeza do Benfica, quando estive em Portugal, com 21, 22 anos, quando defrontava o Clube, apercebia-me disso, mas viver o Benfica por dentro é diferente. Eu posso dizer que, nessa altura, sonhava, um dia, ser jogador do Clube, porque é a melhor equipa do Campeonato, tem os melhores jogadores e é um clube mundialmente conhecido. Tive uma adaptação relativamente fácil ao Benfica, porque já conhecia o Campeonato e já sabia que, se é difícil jogar aqui, ainda mais difícil é defrontar o Benfica. E é difícil por causa da qualidade da equipa, mas também devido à força dos adeptos, que puxam por nós, que são o nosso sétimo jogador. Neste ano, no jogo com o Sporting, no nosso pavilhão, foram eles que nos entregaram as forças de que precisávamos para dar a volta a dois sets que tínhamos de desvantagem. Mas a força deles ajudou-nos bastante a vencer esse jogo. E depois, vamos jogar a todo o lado, e lá estão os adeptos do Benfica, mesmo na Europa, quando jogámos na Champions. Por exemplo, no Brasil, as equipas não têm esse apoio, apesar de a liga ser mais competitiva. Os adeptos gostam de futebol, aqui também, mas também gostam das modalidades. Como sempre me dizem, o Benfica é isto", considerou Lucas França.

Lucas França

"Ganhamos, mas queremos sempre mais, até porque esse é o ADN do Benfica"

ATRÁS DO PENTA

Quando chegou ao Benfica, um dos objetivos que não demorou muito a alcançar foi a conquista de títulos. E passou a somá-los, integrando uma equipa que os multiplica de uma forma avassaladora. Vem aí o play-off de campeão, e o Benfica persegue um inédito pentacampeonato na história da modalidade no Clube.

"Esse sempre foi o grande objetivo, quando aceitei o convite do professor Marcel [Matz]. As vitórias nunca são demais. Há muito critério na contratação de novos jogadores, o Benfica procura sempre jogadores com uma ambição muito grande. O professor já me conhecia, do Brasil, e sabia que eu tinha esse perfil que o Clube procura. Ganhamos, mas queremos sempre mais, até porque esse é o ADN do Benfica. Somos o alvo a abater e assim queremos continuar a ser. E, no Benfica, isso é das primeiras coisas que nos dizem quando chegamos. Temos, no Clube, grandes referências, como o professor José Jardim, que todos respeitam imenso pelo que possibilitou no Benfica, e que não permitem que os jogadores esqueçam qual é a nossa prioridade. É com esse espírito que vamos enfrentar as últimas semanas de competição", admitiu.

Lucas França

"Queremos o penta. E este grupo já demonstrou que quando quer uma coisa, luta imenso por ela"

Nos últimos anos, o Benfica tem conseguido, nas meias-finais e nas finais do play-off, resultados categóricos, não permitindo grandes veleidades aos adversários. Para Lucas França, esse é um cenário que pode repetir-se, porque todo o trabalho é orientado para chegar a esta fase da temporada no pico de forma.

"De facto, foi assim nos últimos anos, porque nos apresentamos em grande forma nas finais. E acredito que neste ano será igual. Claro que temos adversários com muita qualidade, principalmente o Sporting, que investiu imenso no seu plantel e quer tirar-nos o título, mas nós queremos o penta. E este grupo já demonstrou que, quando quer uma coisa, luta imenso por ela. Tivemos um período de menor fulgor, em dezembro de 2023/ /janeiro de 2024, devido à participação na Champions, mas é um preço que pagamos com muito gosto. Estamos cada vez mais competitivos na Europa, e sinto que, um dia, os resultados vão cair para o nosso lado. Defrontámos algumas das melhores equipas da Europa e fomos sempre competitivos. Isso tem um custo, porque traz muito desgaste. Mas, agora, estamos bem, estamos muito bem fisicamente e queremos somar mais títulos, continuar a fazer história, com a conquista da Taça de Portugal e do Campeonato. E estamos a fazer isso, renovando o plantel, nos últimos anos. Havia o receio de que o ciclo terminasse, com a saída de jogadores históricos, mas continuamos a ganhar, e hoje temos um plantel mais jovem, mas muito determinado para continuar a vencer", terminou Lucas França.

Artigo publicado na edição de 15 de março do jornal O Benfica

Texto: José Marinho
Fotos: Arquivo / SL Benfica
Última atualização: 3 de abril de 2025

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