A poesia de uma reviravolta épica!

RESUMO DO JOGO

Que momentos memoráveis se viveram na Catedral dos sonhos benfiquistas! Uma tripla explosão de alegria no período de descontos falou mais alto, dando a expressão justa ao triunfo (2-1) no dérbi neste domingo, 12 de novembro, no Estádio da Luz, em jogo referente à 11.ª jornada da Liga Betclic. O Benfica volta à liderança da prova, condição em que terminou a 27 de maio, quando conquistou o 38!

Quem olhou no papel para o onze escalado por Roger Schmidt terá pensado que as águias iam apresentar-se alinhadas em 3x4x3, com Musa a constituir a única novidade na equipa inicial face ao último duelo oficial, em Espanha, frente à Real Sociedad. Puro engano, já que Morato surgiu como lateral-esquerdo, João Neves e Florentino no centro do meio-campo e João Mário à esquerda do ataque, no 4x2x3x1.

Muito disputado o duelo nos primeiros minutos, com o primeiro disparo a pertencer a Hjulmand, aos 8', ao lado. Coube ao Benfica ficar próximo de inaugurar o marcador no minuto seguinte. Dentro da área, Musa ganhou a bola aos defesas contrários, e esta sobrou para Rafa, que, apertado por um oponente, rematou de pé direito, fazendo o esférico passar junto ao poste direito.

O Benfica, melhor no jogo e mais pressionante sobre o portador da bola, voltou a esbarrar na infelicidade aos 12'. Rafa, sobre a linha da área, descaído para a esquerda, atirou forte e colocado ao ângulo da baliza de Adán. A bola ainda desviou num defesa leonino (Diomande) antes de embater na junção entre a barra e o poste, saindo pela linha final.

A reação dos encarnados à perda da bola era acutilante e intensa, tal como a procura das saídas em transição. Musa, aos 15', sofreu uma falta dura de Coates, que foi advertido com cartão amarelo, precisamente num desses lances. Aos 22' foi Gonçalo Inácio a ter idêntica penalização, desta feita após pisar João Neves em outra ação ofensiva das águias.

A superioridade do Benfica no jogo podia ter sido materializada em golo aos 24', quando, na sequência de um lance de bola parada. António Silva, na área, assistiu João Mário, e este, sobre a direita, passou a bola para o segundo poste, por cima de Adán. Florentino, por milímetros, não conseguiu desviar para o fundo da baliza, quando estava quase a pisar a linha de golo. Que oportunidade!

Aos 30' foi a vez de Trubin brilhar com uma defesa a cabeceamento de Diomande, após canto de Pedro Gonçalves. Este, aos 33', obrigou o internacional ucraniano a nova defesa de categoria.

O Benfica voltou à carga. Depois de João Mário, aos 33', não ter dado o melhor seguimento a um lance na área em que Diomande utilizou os braços para o afastar da bola e o perigo, coube a Rafa, aos 36', atirar de fora da área por cima da baliza, após ter recuperado o esférico.

Aos 40' novo remate do Benfica ao poste. António Silva lançou Di María em velocidade sobre a direita, no limite do fora de jogo, o internacional argentino aproximou-se na área e finalizou colocado ao ferro esquerdo.

Porém, no último lance da primeira parte, aos 45', Marcus Edwards, em contragolpe, correu e colocou a bola em Gyökeres, e este, na passada, na área, rematou forte e colocado (0-1). Trubin, na estirada, ainda tocou no esférico.

A história do dérbi conheceu um importante episódio aos 51', quando Gonçalo Inácio travou Rafa, numa jogada conduzida por Di María, levando o juiz Artur Soares Dias a exibir, inevitavelmente, o segundo cartão amarelo, e consequente vermelho, ao defesa-central.

Com mais um elemento em campo, o Benfica instalou-se no meio-campo contrário, mas o bloco mais baixo dos visitantes controlou os intentos dos comandados de Roger Schmidt nas imediações da grande área.

A incursão de Musa, aos 62', e respetiva finalização contra Coates, no lado direito da grande área, foi um dos momentos de exceção. Roger Schmidt, dois minutos depois, lançou Tengstedt e Arthur Cabral, em detrimento de Florentino e Musa. Aos 68', Rafa, com um ligeiro toque de Coates nas costas, não conseguiu emendar ao primeiro poste o cruzamento tenso de Aursnes.

Outro dos grandes momentos do dérbi, marcado novamente por alguma infelicidade, viu-se aos 77', quando Di María, com um disparo de longe, viu a bola a embater na barra após o desvio de Adán com a ponta dos dedos. No minuto seguinte, Otamendi caiu na área e foi assistido por ter sido atingido pelo braço esquerdo de Morita. O Benfica procurou diversas soluções e Guedes apresentou-se como mais uma solução ofensiva aos 87', saindo João Mário.

O Benfica carregou em termos territoriais e, no quarto minuto dos seis de período de descontos, chegou à igualdade (1-1). Foi a primeira explosão na Luz! Com Trubin na área leonina, Di María bateu o pontapé de canto no lado direito, Morato desviou a bola ao primeiro poste, esta chegou a João Neves, que, perto da marca de grande penalidade, desferiu um forte remate com o esférico a entrar com violência na baliza à guarda de Adán!

Os festejos de João Neves e dos companheiros foram acelerados pela consciência de que ainda era possível vencer e apenas os beijos do jovem médio no emblema do Benfica permitiram recuperar o fôlego para o que se viu a seguir!

Aos 90'+7', Rafa lançou Di María no lado direito do ataque, este recebeu e derivou para o centro arrastando dois defensores contrários. Aursnes, acabado de fazer o corte nas costas, recebeu a bola e cruzou rasteiro para a pequena área. Rafa não conseguiu a emenda de calcanhar, mas nas suas costas estava Tengstedt, que não perdoou! A Luz voltou a explodir, mas a bandeira do árbitro assistente subiu e coube ao VAR deliberar sobre eventual posição irregular dos atacantes encarnados...

Rafa (quatro centímetros) e Tengstedt (41 centímetros) estavam atrás do penúltimo defensor dos visitantes, St. Juste, e validaram a reviravolta no marcador (2-1), deixando a esmagadora maioria dos 62 166 adeptos em êxtase, antes de a bola ir ao centro e o jogo terminar.

Com este triunfo, em que João Neves se estreou a marcar na presente temporada 2023/24 – tinha feito o primeiro golo pela equipa principal do Benfica precisamente no dérbi de Alvalade, na última estação, na 33.ª jornada do Campeonato Nacional –, as águias subiram ao 1.º lugar da prova, com 28 pontos. Diga-se que nunca um duelo com o Sporting tinha sido resolvido com uma cambalhota no resultado em período de descontos! Épico e poético!