Roger Schmidt: "Acreditamos que é possível dar a volta"

ANTEVISÃO

Na sequência da derrota na Luz (0-2), o Benfica está obrigado a virar a eliminatória frente ao Inter a partir das 20h00 desta quarta-feira, 19 de abril. Garantindo que não viu as águias inferiores ao adversário na 1.ª mão, Roger Schmidt frisou que as meias-finais estão à distância de uma "exibição de topo". 

No "One to One" da BTV e na conferência de Imprensa realizada no Estádio San Siro, o treinador do Benfica garante que o duelo de Milão é a oportunidade perfeita para a equipa recuperar os índices de qualidade exibidos na presente temporada.

"Confiança" e "crença" foram ideias repetidas pelo timoneiro alemão, que espera o regresso da "inteligência tática" que esteve em falta na série de três derrotas consecutivas frente a FC Porto, Inter e Chaves.

O Benfica está em desvantagem após perder, em casa, com o Inter (0-2). O equilíbrio e a paciência são chaves para garantir o apuramento?

Sim, precisamos disso. Mas também necessitamos de uma exibição de topo. Perdemos uma grande oportunidade de alcançar um resultado melhor no nosso estádio. Temos de aceitar o resultado da primeira mão e, agora, jogar com essa desvantagem na casa de um adversário experiente e de qualidade torna tudo mais difícil para nós. Mas, no futebol tudo é possível. Já mostrámos esta época que conseguimos jogar bem em todas as provas. Mostrámos muita confiança e jogámos um futebol ofensivo sem abrir espaços na defesa. Isso é o mais importante para amanhã [quarta-feira]. Temos de jogar com equilíbrio tático, paciência, motivação e crença que é possível dar a volta.

A vitória da fase de grupos na casa da Juventus, por 1-2, pode ser uma inspiração para o duelo em Milão?

Infelizmente, o resultado não seria suficiente para passarmos, porque neste jogo com o Inter precisamos recuperar de dois golos. Mas jogámos sempre bem fora de casa. Não nos interessou se estávamos em Paris, Turim ou Israel. Temos de recuperar a nossa inteligência tática e todos os jogadores têm de estar ao seu melhor nível. Assim sendo, tudo é possível.

O Inter tem a terceira melhor defesa da Champions. Como é que o Benfica pode ultrapassar esse obstáculo?

Estamos obrigados a marcar golos ou, então, estamos fora da Champions. Já mostrámos várias vezes esta época que temos capacidade de os marcar fora de casa ou em jogos muito importantes. Criámos algumas oportunidades em casa, mas não conseguimos aproveitá-las. Amanhã [quarta-feira] precisamos de ser equilibrados taticamente. Temos de ser fiéis ao nosso estilo ofensivo, mas também temos de ter cuidado na defesa. Esta situação é perigosa, porque se eles marcarem um golo a situação fica ainda mais difícil para nós. Precisamos de uma exibição de topo, de inteligência e de crença para reentrar na eliminatória. Perdemos uma boa oportunidade no nosso estádio para somar um resultado melhor, mas temos de aceitar e olhar em frente. Será importante entrarmos focados naquilo que temos de fazer. Não podemos só jogar com motivação e emoção. É preciso cabeça limpa e recuperar a inteligência tática. Foi o que nos faltou nos últimos jogos. Amanhã [quarta-feira] é o momento de recuperar isso para não sermos eliminados.

É imperativo marcar cedo para ter maiores probabilidades de avançar rumo às meias-finais?

Um golo pode mudar muita coisa. Por isso é que foi pena a grande oportunidade falhada no último segundo, no Estádio da Luz. Com esse golo a situação ficava mais fácil, mas agora temos de marcá-lo amanhã [quarta-feira]. Seria bom apontar um golo cedo, mas, se ele chegar tarde, não vamos desistir de procurar o segundo. Contudo, claro, ajudaria muito marcarmos cedo.

Arrepende-se de ter dado férias aos jogadores na pausa para os compromissos das seleções?

Essa decisão teve um impacto muito positivo nos jogadores que conseguiram descansar. O problema é com os que estiveram nas seleções sem jogar. Passaram 10 dias fora, a viajar, a treinar quase nada e sem competição. Para esses jogadores foi difícil manterem o ritmo e a forma. Alguns perderam o momento, mas, agora, é tempo de o recuperarem. Tivemos tempo, jogos e treino suficientes para eles voltarem à boa forma e têm de mostrá-lo em campo. Não queremos usar essa desculpa. A equipa e os jogadores são ambiciosos. Nos próximos jogos podem esperar o melhor deles. E isso significa que eles consigam trazer a sua qualidade individual para o coletivo. Foi isso que nos faltou nos últimos jogos, onde, talvez, os jogadores tenham estado demasiado focados neles próprios e não na equipa. Na primeira mão, frente ao Inter, não fizemos um jogo de topo, mas, ainda assim, era possível termos vencido. Foi um jogo muito equilibrado. Eles tiveram um penálti, nós também podíamos ter tido um. Eles marcaram um golo na primeira oportunidade e nós também tivemos boas chances para marcar. Foi um jogo decidido nos pormenores. Se compararmos a exibição da Luz com uma das nossas melhores da época, vemos uma diferença enorme. Se usarmos este potencial para jogar melhor, tudo é possível.

Acredita na reviravolta?

Claro que sim. Acredito muito na minha equipa e, no futebol, tudo é possível. É uma situação difícil porque não está 50/50. O Inter ganhou na nossa casa, por 2-0, e tem um orçamento que é o dobro do nosso. Mas isso não quer dizer que não temos hipóteses de nos apurarmos. Temos de acreditar, fazer uma grande exibição, estamos focados e, depois, logo se vê se conseguimos reverter esta situação.

Após três derrotas consecutivas, o Benfica está a atravessar o pior momento da temporada. Faz sentido fazer alterações no onze?

É um momento difícil, mas estamos quase em maio e ainda estamos na Champions e em primeiro lugar na Liga. Temos de ser realistas. O que fizemos antes foi espetacular. Há 10 dias só tínhamos perdido um jogo em toda a época e isso foi fantástico. Mas o futebol é o que é. Perdemos o momento e temos três derrotas seguidas. É uma situação inesperada, mas temos de olhar em frente, aceitar e dar a volta.

Tem na sua posse dados táticos e técnicos que o levem a acreditar que é possível rumar às meias-finais?

Basta olhar para a nossa época e para aquilo que fizemos com estes mesmos jogadores. Se protagonizámos tantas boas exibições frente a grandes adversários, então, claro que sim. As estatísticas são ótimas para nós. As do último jogo não indicaram um 2-0 claro para o Inter, mas sim um duelo equilibrado. Temos argumentos para acreditar em nós. Se não tivermos confiança após o que temos feito esta temporada, é impossível ter confiança. Dar a volta é difícil, mas está longe de ser impossível.