Futebol

28 outubro 2022, 15h09

Roger Schmidt

Roger Schmidt

ANTEVISÃO

Dar seguimento ao futebol apresentado até ao momento na presente época foi objetivo traçado por Roger Schmidt, treinador do Benfica, na antevisão do desafio diante do Chaves, da 11.ª jornada da Liga Bwin. No Benfica Campus, reforçou a dificuldade do jogo deste sábado, 29 de outubro, às 18h00, no Estádio da Luz.

Na memória recente do técnico do Benfica estão as exibições e os triunfos obtidos frente a FC Porto e Juventus, um lastro que importa aproveitar e conferir-lhe uma linha de continuidade "nas próximas duas semanas", até à pausa no Campeonato e na Liga dos Campeões decorrente da realização do Campeonato do Mundo. E o Chaves, com vitórias enquanto visitante frente a Sporting e Braga na corrente Liga, é o primeiro obstáculo.

A fasquia está alta, Roger Schmidt assume-o, assim como o faz em relação ao que sente pelo Benfica, ao entusiasmo pelo trabalho que realiza num clube onde "há muita paixão, amor, qualidade e conhecimento".

Roger Schmidt

Quais são as suas expectativas para o jogo frente ao Chaves, não apenas sobre as dificuldades que irá encontrar, mas também após o grande jogo que a equipa fez frente à Juventus? Foi difícil voltar a colocar o foco no Campeonato Nacional?

Penso que não foi difícil, pois já estamos habituados a isso: jogar na Liga dos Campeões e no Campeonato Nacional. Claro que mudar é sempre um teste. Vamos jogar contra uma boa equipa, o Chaves já mostrou nesta temporada que é uma equipa corajosa, muito boa a atacar, já fez bons jogos fora de casa, não só por ter vencido fora de casa frente ao Sporting e ao Braga, mas isso já diz tudo. Estamos preparados para um jogo difícil. A nossa equipa também está confiante depois de um jogo especial contra a Juventus. Este quinto jogo na fase de grupos da Liga dos Campeões era crucial, frente a uma Juventus que tentou tudo para ter uma hipótese de jogar a próxima fase da prova. Nós fizemos um jogo de alto nível, mostrámos todo o nosso potencial, com um futebol de qualidade, em termos táticos. Fomos inteligentes e estivemos muito focados. Para nós, agora, é uma obrigação manter este nível. Temos mais duas semanas, antes de uma pequena paragem para o Campeonato do Mundo, e queremos mostrar que estamos a um nível elevado, e praticar o nosso melhor futebol. Esse é o nosso objetivo para o jogo com o Chaves e para as duas próximas semanas.

Roger Schmidt

"Temos mais duas semanas, antes de uma pequena paragem para o Campeonato do Mundo, e queremos mostrar que estamos a um nível elevado e praticar o nosso melhor futebol"

Roger Schmidt

Quando chegou a Lisboa, questionado sobre o porquê de ter escolhido o Benfica, disse que quem ama o futebol ama o Benfica. Agora que conhece o Clube por dentro, consegue descrever esse sentimento?

De facto, quando cheguei ao aeroporto, já tinha esse sentimento. Não conhecia tão bem o Clube como conheço hoje, mas esse já era o meu sentimento – sobretudo quando falei com Rui Costa e Lourenço Coelho –, que o Benfica era o sítio certo para ser treinador, por isso disse isso. Agora conheço melhor o clube, as pessoas e especialmente a cultura. É um grande clube, fantástico, há muita paixão, amor, qualidade e conhecimento. Se virem jogos como o de terça-feira [frente à Juventus], veem a atmosfera no Estádio, a paixão dos adeptos. Queremos ser parte disso, conheço melhor o Benfica. Estou muito feliz por já ter tido este sentimento antes de assinar o meu contrato.

Roger Schmidt

"Agora conheço melhor o Clube, as pessoas e especialmente a cultura. É um grande clube, fantástico, há muita paixão, amor, qualidade e conhecimento"

Como mantém a motivação de todos os jogadores em alta, sendo conservador quando escolhe a equipa inicial?

Claro que são as minhas decisões, mas, no fim, são os jogadores que decidem por si mesmos se jogam, ou não. A minha responsabilidade é assegurar que em campo entra a equipa com maior probabilidade de vencer jogos. Esse é o meu objetivo. Trato todos os jogadores da mesma forma. Têm o mesmo treino, a mesma atenção, claro que há jogadores que estão a jogar e a confirmar com desempenhos que têm permitido ganhar jogos. Acaba por ser difícil para alguns jogadores ganharem o lugar a outros, mas estamos ainda no início da época, não será sempre assim durante a temporada. Neste momento, temos jogadores em excelente nível, que têm sido jogadores-chave, mas não será assim durante toda a temporada. No início, durante ou no final da época podem ser importantes outros jogadores. Há vários jogadores que têm sido suplentes que podem ter outro papel na equipa, que têm agora um dos papéis mais difíceis numa equipa de futebol, que é estarem prontos e esperarem pela sua oportunidade, mantendo-se positivos e contribuindo para um bom ambiente na equipa. Isso tem acontecido, aprecio o facto de todos os jogadores apoiarem quem joga como apoiam a equipa. Estou sempre aberto para todos os jogadores, mas no fim são eles que decidem a sua performance.

Roger Schmidt

Pretende melhorar a equipa quando o mercado de transferências reabrir em janeiro? Procura outros jogadores ou está feliz com o que tem à disposição?

As duas coisas. Estou muito feliz com a minha equipa, mas no futebol estamos sempre atentos à possibilidade de melhorar o plantel. No inverno é um pouco diferente já que existem poucas alterações, mas se aparecer alguma boa oportunidade temos de ponderar. Não é crucial para nós, porque temos uma boa equipa, equilibrada, mas ainda estamos no início. Começámos no verão, com uma nova abordagem à forma de jogar, fizemos algumas alterações na equipa e no inverno, quando o mercado abrir, vamos pensar no que precisamos. Pode acontecer algo, ou não. É sempre assim. Temos a obrigação, tal como os outros clubes, de pensar nisso.

Roger Schmidt

"Estou muito feliz com a minha equipa, mas no futebol estamos sempre atentos à possibilidade de melhorar o plantel. [...] Não é crucial para nós, porque temos uma boa equipa, equilibrada, mas ainda estamos no início"

Em Espanha falam da possibilidade de João Félix vir para o Benfica em janeiro. Está aberto a um possível regresso do internacional português?

[Risos] Se for possível, é bem-vindo. É um grande jogador, que jogou apenas alguns meses na equipa principal do Benfica. Gosto muito dele, mas honestamente não me parece que essa possibilidade seja muito realista. Foi transferido por muito dinheiro, por isso acho que agora talvez seja impossível. Se fosse possível, claro que sim. Seria bem-vindo.

Roger Schmidt

José Boto, antigo coordenador do scouting do Clube, disse recentemente em entrevista ao "Maisfutebol" que era um grande fã do seu trabalho e que considerava este Benfica a melhor equipa que treinou até ao momento. Concorda?

É uma pergunta difícil. É quase impossível comparar clubes, tempos e jogadores diferentes. De momento, jogamos num nível muito bom e mostramos futebol consistente, com e sem bola. Também mostramos facetas diferentes. Se olharmos para os jogos com o FC Porto e com a Juventus, utilizámos duas maneiras distintas para ganhar os jogos. Mostrámos nas duas partidas que nos podemos ajustar e adaptar o nosso estilo de jogo. Por isso estou muito feliz pela forma como os jogadores jogam. Gosto mesmo de como eles jogam. Na terça-feira foi uma grande exibição, num grande ambiente. Se continuarmos neste nível temos todas as hipóteses de lutar por troféus nesta época, mas é muito difícil para mim, responder à sua pergunta. Não consigo fazer essas comparações.

Texto: Nuno Miguel Machado e Rui Miguel Gomes
Fotos: Cátia Luís / SL Benfica
Última atualização: 4 de fevereiro de 2025

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