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Futebol
11 maio 2022, 09h30
Estátua de Béla Guttman no Estádio da Luz
Um dos principais artífices deste feito foi Béla Guttmann, o treinador do Benfica, um génio do futebol, dentro e fora do campo, que encontrou na Luz o palco ideal para expressar a extraordinária competência e a vasta experiência acumulada ao longo de décadas na Europa, na América do Norte e na América do Sul, tornando-se num dos mais proeminentes protagonistas da geração de ouro do futebol da Hungria e um nome mítico do futebol mundial.
O Sport Lisboa e Benfica presta-lhe a devida homenagem. Só Guttmann, além de Eusébio, tem direito a estátua nas instalações do Clube. E não há um benfiquista que lhe ignore o nome ou o seu papel determinante no maior feito futebolístico das águias, a par dos mais aclamados Águas, Eusébio, Coluna, José Augusto ou Simões. Porém, são muitos os benfiquistas que, sempre que o Benfica atinge uma final europeia, logo apontam a suposta "maldição de Béla Guttmann" como uma das causas dos insucessos. A maior parte fá-lo, por certo, em jeito de brincadeira, mas não deixa de o fazer. Mais grave ainda, não são raras as injúrias a Béla Guttmann quando o assunto é uma final europeia perdida, o que é manifestamente inconcebível. Mas a grande questão é outra.
Com as referências constantes à historieta da "maldição", não se está a fazer mais do que perpetuar, mesmo que inadvertidamente, a ideia de que Guttmann desejaria mal ao Benfica, o que é rotundamente falso, como se desmonta e explica minuciosamente neste artigo publicado na edição de 6 de maio do jornal O Benfica.
Percebe-se que a quantidade inusitada de finais perdidas em competições europeias, bem como as circunstâncias de algumas dessas derrotas, sejam convidativas de efabulações diversas. E a comunicação social, ávida de histórias para vender aos seus clientes, prontifica-se a estimulá-las e amplificá-las. É lamentável, no entanto, que tal aconteça à custa de uma das maiores figuras do Clube. E não se julgue que este é um exclusivo nacional; foram mais do que muitas as referências à "maldição" na comunicação social internacional, agora que o Benfica venceu a UEFA Youth League.
COMO NASCEU A PATRANHA?
Dias antes dessa noite memorável em Amesterdão, estreava, nos Estados Unidos da América, o filme O Homem Que Matou Liberty Valance, realizado por John Ford e protagonizado por John Wayne e James Stewart, juntos pela primeira vez nos ecrãs de cinema. Uma das falas do filme é útil para se perceber como se difundem os mitos: "Quando a lenda se torna facto, publica-se a lenda." Junte-se-lhe o adágio popular "Quem conta um conto, aumenta um ponto", e está explicado como historietas como a da "maldição" perduram, hoje com várias versões. Na simplificada, Guttmann, em 1962, acabado de se sagrar bicampeão europeu e agastado por não ver o seu contrato renovado, terá dito, ao abandonar o Clube, entre alusões ao aburguesamento dos jogadores, que não mais o Benfica voltaria a ser campeão europeu nos cem anos seguintes. E, às vezes, ainda é referida a exigência de construção de uma estátua. Uma maldição, reconheça-se, pouco rigorosa quanto à natureza das competições da UEFA, pelo menos a crer na comunicação social portuguesa, que não deixou de a evocar aquando das finais da Liga Europa de 2013 e 2014 e, agora, na final da UEFA Youth League.
Convém salientar que se desconhece qualquer referência a esta suposta afirmação (e suas variantes) até 1988, altura em que o jornal "Gazeta dos Desportos", no dia da final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, em Estugarda, com o PSV, fez o estranho apelo "Que o Benfica acabe com a 'maldição' proferida por Béla Guttmann, há muitos anos, que acabe de vez com o estigma das finais perdidas, é o que todos desejamos."
Disto deu conta David Bolchover, autor da extraordinária biografia de Béla Guttmann, na versão portuguesa, "De Sobrevivente do Holocausto a Glória do Benfica" (publicada em Portugal em 2018). O investigador refere no livro a inexistência de qualquer prova documental que suporte a veracidade quanto a Guttmann alguma vez ter proferido algo com o teor da "maldição". E acrescenta que "a primeira referência expressa à maldição na imprensa portuguesa só aconteceu em maio de 1988".
Três dias depois da final, foi a vez de "A Bola" fazer uma referência à alegada maldição, inclusivamente explicando-a e consagrando-a: "Efetivamente, pouco depois de ter decidido o seu regresso a Viena, no verão de 1962, Béla Guttmann, agastado, por pensar que estava a ser desconsiderado por alguns dirigentes do Benfica, teve este desabafo: 'Nunca mais poderão esquecer-se de Guttmann, porque Guttmann fez no Benfica aquilo que nenhum outro clube voltará a fazer. Antes de 50 anos, mais nenhuma equipa portuguesa será campeã europeia. Nenhum clube português ganhará a Taça dos Campeões duas vezes seguidas consecutivas nos próximos 100 anos. E o Benfica vai ter de esperar mais de um século para voltar a ganhar uma final da Taça dos Campeões.' (…) Depois da frustração de Estugarda, as suas palavras voltaram a retinir-nos aos ouvidos, não já como uma profecia banal, mas quase como uma maldição inquietante. Será mesmo que a 'maldição' de Guttmann foi mesmo… a valer?"
Dois anos depois o Benfica voltaria a ser finalista da Taça dos Clubes Campeões Europeus, em Viena, e as escassas referências anteriores tornaram-se numa praga, popularizando-se assim a suposta maldição.
A SAÍDA DE GUTTMANN
A eloquente explicação publicada em 1988 no jornal "A Bola" é pouco rigorosa, mesmo tratando-se de um assunto do domínio do paranormal. A saída de Guttmann do Benfica não foi decidida no verão de 1962 e muito menos contra a vontade do treinador. Em 10 de maio, uma semana após a conquista ante o Real Madrid, o jornal O Benfica já dava por adquirido o fim da ligação com o treinador húngaro: "Guttmann vai-se embora. Por sua livre vontade, e dentro de uma linha de conduta que só alterou em favor do Benfica (não estar mais de dois anos no mesmo clube…), vai-se embora o obreiro das grandes vitórias. Antes do mais saudemo-lo. Para além da paga prevista pelo seu trabalho em função de ser funcionário cumpridor e honesto, merece bem a nossa estima; porque se integrou de alma e coração na nossa mística e ajudou a elevar o Benfica a pontos nunca atingidos, merece que o consideremos e fique na nossa saudade. (…) Béla Guttmann, ao que diz, vai-se embora. Obrigado, Béla Guttmann, e até sempre."
Na biografia autorizada "A História de Béla Guttmann", escrita por Jeno Csaknady e publicada em 1964, é confirmada a convicção de Guttmann relativamente às ligações de curta duração entre treinadores e clubes: "Sim, Guttmann continuava com o Benfica, com o qual prolongara o seu contrato por mais um ano, o terceiro. Na sua longa carreira, era a primeira vez que ficava tanto tempo no mesmo clube. Os dirigentes do vencedor da Taça dos Clubes Campeões Europeus orgulhavam-se de haverem conseguido prendê-lo por mais uma época, o que, em vinte e dois anos, ainda nenhum clube conseguira. (…) 'O terceiro ano traz sempre imprevistos e é quase sempre mortal para um treinador', dizem as leis secretas do futebol."
Na edição de 24 de maio de 1962 do jornal O Benfica consta um artigo sobre o abandono de Guttmann do comando técnico da equipa de honra do Benfica, no qual é também manifestado o desejo de que o húngaro continuasse. E, nesse mesmo dia, conforme é relatado na edição seguinte do jornal, realizou-se um jantar de homenagem aos bicampeões europeus em que Guttmann foi agraciado com um "magnífico serviço de prata e mais um lindíssimo e originalíssimo alfinete de brilhantes com o emblema do Benfica", o presidente Fezas Vital elogiou o húngaro no seu discurso, e todos os presentes gritaram em uníssono para que Guttmann permanecesse no Clube. "Fica! Fica! Fica!", foi a palavra de ordem.
Em entrevista ao "Mundo Desportivo", Guttmann desmentiu os rumores de conflito com as águias: "As relações com o Clube são as melhores, e para os jogadores continuo a ser o 'Avozinho', ao mesmo tempo que estou gratíssimo à massa associativa e adepta pelas manifestações de amizade que me testemunharam durante a minha permanência em Lisboa."
Em meados de junho, e face à insistência da comunicação social quanto à situação de Guttmann, Manuel da Luz Afonso, diretor do futebol benfiquista, revelava que o treinador já se desvinculara do Clube apesar de o contrato só em julho terminar, enquanto o jornal O Benfica continuava a publicar apelos ao seu agora ex-treinador para que reconsiderasse a continuidade na Luz.
Na já referida biografia autorizada, publicada em 1964, é também esclarecido este tema: "Depois desta segunda vitória na Taça dos Campeões Europeus, Guttmann foi alvo de grandes louvores na imprensa internacional. Apesar disso, porém, despediu-se do clube. (…) Milhares de entusiastas escreveram à Direção pedindo que não deixasse partir o treinador e organizaram manifestações diante das instalações do Benfica. Entretanto, um dos dirigentes tivera uma conversa com Guttmann, no qual lhe dissera: 'A nossa Direcção quer ficar com a consciência tranquila e deixamos inteiramente nas suas mãos a decisão de ficar ou não mais tempo connosco!'"
Mais à frente é revelado que Guttmann não acreditou ser esta, de facto, a intenção da Direção benfiquista, uma versão que repetiu posteriormente em entrevista concedida em 1966. Por outro lado, quando em 1963, no defeso, se colocou a questão da sucessão do técnico Fernando Riera e o hipotético regresso de Guttmann, Manuel da Luz Afonso teceu as seguintes declarações: "É óbvio que o prestígio de que o Benfica desfruta exige, por todas as razões, a escolha de um técnico à altura desse mesmo prestígio. Era o caso de Guttmann, que, aliás, nunca deixou de estar no nosso pensamento, pois, mesmo na última época, só não renovou o contrato porque não quis."
BENDIÇÃO
Ao longo dos anos, Béla Guttmann professou diversas vezes, em público e em privado, o seu amor ao Benfica, além de desejar e vaticinar novas conquistas europeias para o Clube. É bem conhecida a carta enviada a José Águas, datada de março de 1963, em que o húngaro escreve "eu vou torcer para vocês para ganhar a copa Europa também a terceira vez [sic]".
Poucas semanas depois, Guttmann, com o emblema do Benfica na lapela do casaco, fez escala em Lisboa, a caminho do Uruguai. Foi visitado, no aeroporto, pelos jogadores e pelo novo treinador benfiquista, Fernando Riera, e foi entrevistado pela imprensa portuguesa.
Citado pelo jornal "A Bola", disse: "O Benfica, nesta altura, está bem servido e não precisa de mim. Vai ganhar o Campeonato Nacional e voltará a ser campeão da Europa." Ao "Record": "Eu quero que o Benfica triunfe na terceira Taça dos Campeões."
E o Benfica chegou, pela terceira época consecutiva, à final da Taça dos Clubes Campeões Europeus. De Montevideu chegou um telegrama de Guttmann dirigido a Coluna: "Vocês vencerão para glória do Benfica e do futebol português. O meu coração está convosco."
Em 1965, nova final, desta feita com o Inter. Instado pelo Mundo Desportivo a revelar as suas expetativas, Guttmann mostrou-se confiante: "Estou convencido desde sempre de que é muito difícil ganhar de novo esse troféu. Mas estou igualmente seguro de que o Benfica se encontra atualmente no bom caminho, talvez mais do que no passado, para levar para Portugal a 'Taça da Europa'. E podem estar certos de que, se o conseguir, eu sentir-me-ei imensamente feliz com o feito."
Nesse ano efetivar-se-ia o regresso de Béla Guttmann à Luz. O "feiticeiro húngaro", como algumas vezes era apelidado em função da elevada percentagem de acerto das suas previsões futebolísticas, terá logo dito ao que vinha: "Comigo o Benfica não perderia uma final." Em concreto, aquelas disputadas em 1963 e 1965, com Milan e Inter, respetivamente, cujos desaires benfiquistas consolidaram a aura conquistadora do treinador húngaro junto dos adeptos.
A imagem de Guttmann revelara-se, de facto, um constrangimento para os seus sucessores. Escrevia-se assim no jornal "A Bola" aquando da contratação de Guttmann, em junho de 1965: "Estava a tornar-se necessário, imprescindível, urgente, que fosse o próprio Béla Guttmann a confirmar, ou desvanecer, para sempre, a auréola mágica criada ao redor do seu nome. (…) porque só ele próprio poderia consolidar, definitivamente, o seu prestígio de lenda, ou desfazer, para sempre, o mito do seu 'fantasma'."
Mas a época não correu a preceito. Pela primeira vez em vários anos, o Benfica não celebrou qualquer título. Guttmann saiu do Clube por uma porta diferente daquela enorme pela qual saíra quatro anos antes, desta feita demonstrando publicamente o seu descontentamento, nunca deixando, no entanto, de reiterar o apreço pelo Clube e o desejo de mais conquistas do Benfica na Europa.
Ao "Mundo Desportivo" disse: "Dos meus bolsos é que ninguém tirará dois títulos de campeão europeu – que eu ajudei a ganhar! – e que mais ninguém ganhou, nem ganhará. De aqui ninguém os tira… [rindo] pego numa metralhadora e mato! Mas, sinceramente, qualquer outro técnico para fazer esquecer Guttmann precisa, pelo menos, de igualar o que eu fiz – ou ajudei a fazer. (…) Mas o novo técnico terá a tarefa muito facilitada. (…) Já pode trabalhar sem a sombra de Guttmann a atormentá-lo. Mas precisa fazer esquecer Guttmann."
E a "A Bola": "Humildade e disciplina num lado; zelo e inteligência, no outro – eis as armas de que o Benfica precisa para repetir as grandes proezas de outros tempos. (…) Não importa qual seja o meu sucessor que consiga isso. O que eu desejo é que alguém o consiga. Nesse dia, serei tão feliz como o mais feliz dos benfiquistas." Guttmann continuaria o seu périplo como treinador de futebol por vários países, incluindo Portugal. Nas muitas entrevistas dadas ao longo dos anos, foram várias as referências elogiosas e esperançosas em relação ao Benfica, como, por exemplo, aquela publicada no jornal "A Bola", em 1974, em que disse: "O Benfica ocupa três quartos do meu coração e pode ainda a voltar a ser grande na Europa."
ENTÃO E A "MALDIÇÃO"?
Neste ponto é importante deixar claro o seguinte: na cobertura jornalística das quatro finais europeias perdidas pelo Benfica até 1988 (1963, 1965, 1968 e 1983), não houve qualquer menção à hipotética maldição de Béla Guttmann.
Mas, apesar de tardia e muito fantasiosamente, a historieta da "maldição" não surgiu de geração espontânea. Além das muitas finais perdidas e da forma como algumas dessas derrotas ocorreram, há, entre as entrevistas de Guttmann mais relevantes no que concerne a esta temática, uma ainda por referir e que será, porventura, a que esteve na base da patranha hoje tida por muita gente como verdadeira.
Em outubro de 1967, a revista alemã "Sport-Illustrierte" publicou uma entrevista a Béla Guttmann. Questionado se o seu coração ainda penderia para o Benfica, o treinador húngaro respondeu: "Mas é claro. Veja aqui: estou a usar o emblema do Benfica com diamantes", para logo acrescentar: "Dói-me ver o que foi feito da grande equipa de outrora." E desenvolveu a ideia: "O Benfica não voltará a ganhar a Taça dos Campeões. Eusébio é o homem supremo, e isso nunca é bom. No meu tempo a equipa era mais equilibrada" (nota: tradução com as ferramentas Google e Deepl).
Em março seguinte, com o Benfica nos quartos de final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, o jornal "A Bola" recuperou esta entrevista e publicou-a na última página, intitulando-a, como que a "amaldiçoar", "O Benfica nunca mais será campeão europeu".
Um título sugestivo e uma tradução, vá lá, livre (em rigor, metade da resposta publicada na versão portuguesa é inventada). Compare-se a original com a versão de "A Bola": "Mas sem dúvida nenhuma! Repare você: cá está na lapela do meu casaco o emblema do Benfica. É de pedras preciosas. Trago-o sempre. E, sinceramente, dói-me ver que já não seja a grande equipa de futebol que foi no meu tempo de treinador. Agora, o Benfica já nunca mais ganhará a Taça dos Campeões Europeus. Hoje a equipa é Eusébio. Ele joga bem, e diz-se que a equipa joga bem. Ele joga mal, e a equipa perde. Quando eu era treinador, todos os onze jogavam bem. No primeiro ano em que fomos campeões da Europa, ele não jogava. E na segunda temporada chegou a estar lesionado por meses. Mas fomos campeões da mesma maneira."
Como se percebe facilmente através da leitura da peça original, a da revista alemã, e tendo em conta as diversas declarações proferidas em momentos diferentes em que manifestou a convicção de que o Benfica voltaria a brilhar na Europa, Guttmann referia-se ao contexto do Benfica naquela época em concreto, talvez ainda influenciado pela segunda passagem mal-sucedida, em 1965/66, no comando técnico da equipa benfiquista.
Por razões que a razão desconhece, o jornal "A Bola" entendeu publicar, no dia seguinte ao empate a zero obtido na Hungria frente ao Vasas na primeira mão dos quartos de final da Taça dos Clubes Campeões Europeus 1967/68 (o Benfica seria finalista), uma versão adulterada, não assinada, sob um título bombástico e atribuindo afirmações a Guttmann que não haviam sido tecidas numa entrevista concedida pelo húngaro a uma revista alemã cinco meses antes. Vinte anos depois, acoplada às "declarações" o epíteto "maldição", pisada e repisada a história, e a lenda tornou-se facto.
Para finalizar, recordemos as palavras de Eusébio sobre este assunto em entrevista ao semanário "Expresso", publicada em novembro de 2011: "Não, não há nenhuma superstição do Béla Guttmann, é tudo mentira. Inventaram coisas, e quem está lá dentro é que sabe a verdade, mas as pessoas não acreditam. Só que esta gente – é a nossa mentalidade, pronto –, como um gajo não ganhou outra vez, aqui e acolá, começou logo a dizer que era por causa da praga do Guttmann. Mentira!"
É caso para dizer, esta foi a verdadeira e única maldição...