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Clube
25 janeiro 2022, 08h10
Eusébio da Silva Ferreira
"Nasci para jogar à bola!" – As palavras emotivas deram ênfase à convicção de Eusébio, que fez jus a isso mesmo ao longo de 15 anos ao serviço do Benfica. "Quando entrava no campo, olhar para aquele público... fossem 50 mil ou 200 mil pessoas, eu não tinha medo, queria mostrar o meu futebol para aquele público ficar contente" – foi o que fez!
No bairro da Mafalala, um dos mais pobres de Maputo, capital de Moçambique e antiga Lourenço Marques, deu os primeiros pontapés na bola, na rua. No Desportivo de Lourenço Marques, filial do Benfica em Moçambique, teve a primeira aproximação ao futebol com as regras da época, após um início na equipa "Os Brasileiros".
"Quando entrava em campo, olhar para aquele público... fossem 50 mil ou 200 mil pessoas, eu não tinha medo, queria mostrar o meu futebol para aquele público ficar contente!"
Eusébio da Silva Ferreira
O fim do período de experiência na filial encarnada levou-o ao Sporting de Lourenço Marques, onde marcou 77 golos em 42 jogos disputados entre 1957 e 1960. Um Benfica tenaz fê-lo chegar a Lisboa às escondidas, sob o nome de código Ruth, perante a disputa com o Sporting pela sua contratação, isto em dezembro de 1960.
As memórias do calor de Moçambique, onde nasceu em 25 de janeiro de 1942, ficaram mais vivas no Estádio da Luz, quando, a 1 de julho de 1961, se estreou oficialmente com a águia ao peito, então frente ao Vitória de Setúbal, na segunda mão dos oitavos de final da Taça de Portugal, em que foi titular e marcou na derrota por 4-1, em que os encarnados alinharam com uma equipa secundária. Isto após, na véspera, a 31 de maio de 1961, o Benfica ter conquistado a sua primeira Taça dos Clubes Campeões Europeus, em Berna, frente ao Barcelona (3-2).
A intransigência dos sadinos levou as águias a apresentarem uma equipa de reservas no Campo dos Arcos, permitindo que os indicadores dados anteriormente no Estádio da Luz (a 23 de maio de 1961, num jogo amigável frente ao Atlético em que apontou três dos quatro golos dos comandados de Béla Guttmann) fossem comprovados, mesmo perante a ausência de 15 jogadores da equipa principal.
Daí em diante foram inolvidáveis as exibições plenas de força, técnica, robustez física e velocidade com a camisola do Benfica. De Manto Sagrado no corpo, ganhou o cognome de Pantera Negra, conseguindo apontar 638 golos em 614 jogos (média superior a um golo por desafio).
Na sua maioria, os golos foram apontados de bola corrida (457), e de várias outras formas: bolas paradas (181), dentro da área (472), fora da área (166), com os pés (574), de cabeça (61), outras partes do corpo (3), livres diretos (46) e grandes penalidades (74).
Os 10 Campeonatos Nacionais, as cinco Taças de Portugal, uma Taça dos Clubes Campeões Europeus (não participou na final de Berna por razões administrativas) e cinco Taças de Honra de Lisboa traduzem muito do que foi o seu desempenho no Clube.
Decorria o ano de 1965 quando Eusébio se tornou no primeiro jogador português a receber o prémio Bola de Ouro, estatuto ímpar até hoje com a camisola de um clube nacional. Tem ainda, no seu currículo, dois segundos lugares, em 1962 e 1966, ano em que viu o inglês Bobby Charlton vencer por um voto (81 contra 80).
Entre os feitos europeus do King, como foi sendo carinhosamente chamado pelos apaixonados Benfiquistas e não só, constam os 46 golos na Taça dos Campeões Europeus, um máximo luso durante muitos anos na prova, ele que foi o melhor marcador nas edições de 1964/65, 1965/66 e 1967/68, com nove, sete e seis golos, respetivamente.
A 29 de outubro de 1973, Eusébio assinou mais uma página de glória na história do futebol europeu, vencendo, pela segunda vez na sua carreira, o prémio Bota de Ouro, atribuído desde 1967/68 pelo jornal desportivo francês L'Équipe e que consagra o melhor marcador dos campeonatos europeus.
Na época, o histórico goleador alemão Gerd Müller foi superado pelo Pantera Negra, autor de 40 golos, ele que fora precisamente o primeiro vencedor do troféu com 42 golos. Após a temporada 1996/97, em que o prémio começou a ser entregue pela European Sports Media, entrou em vigor a regra dos pontos para a atribuição do mesmo, isto baseando-se no ranking dos campeonatos dos países integrantes da UEFA (entre o 1.º e 5.º os golos valem por dois, enquanto entre o 6.º e o 21.º ficam-se por 1,5 e a partir do 22.º é atribuído um ponto por cada golo obtido).
Se Eusébio já era uma figura de proa na época, por força dos sucessos desportivos do Benfica, o mítico goleador nacional ganhou maior expressão pela forma como conduziu a Seleção Nacional e o nome de Portugal à sua melhor classificação de sempre num Campeonato do Mundo, concretamente em 1966, onde venceu a Bota de Ouro da prova com nove golos apontados, superando o alemão Helmut Haller com seis golos.
Portugal caiu aos pés da anfitriã Inglaterra nas meias-finais (2-1), vencendo a então União Soviética (2-1) no apuramento dos 3.º e 4.º classificados, após ter deixado pelo caminho, na fase de grupos, a Bulgária e o Brasil de Pelé (Portugal venceu por 3-1 com dois golos de Eusébio), e a Coreia do Norte nos quartos de final, no célebre 5-3, graças a um póquer do Pantera Negra, adornado pelo golo de José Augusto aos 80', consumando a reviravolta no marcador desde os 0-3 para os asiáticos.
Ao serviço da Seleção Nacional, Eusébio da Silva Ferreira somou 64 internacionalizações, nas quais participou em 5594 minutos, apontando 41 golos, ele que se estreou a 8 de outubro de 1961, frente ao Luxemburgo, no apuramento para o Campeonato do Mundo, tendo marcado um golo na derrota por 4-2. O último jogo com as Quinas ao peito decorreu a 13 de outubro de 1973, em que capitaneou a Seleção Nacional no empate (2-2) na receção à Bulgária, no Estádio da Luz, no apuramento para o Campeonato do Mundo de 1974.
Eusébio prosseguiu a carreira nos Estados Unidos em 1975, ingressando nos Boston Minutemen. Até terminar a mesma ainda envergou as cores de Monterrey (México), Toronto Metros-Croatia (Canadá), Beira-Mar, Las Vegas Quicksilvers (Estados Unidos), União Tomar, New Jersey Americans e Buffallo Stallions (Estados Unidos), esta última uma equipa de futebol indoor.
Mas foi no Benfica que deixou saudades e reconhecimento, tornando-se num embaixador do Clube no mundo e figura presente junto da Seleção Nacional. Ele que foi igualmente treinador adjunto de águia ao peito.
Acarinhado por onde passava, alvo das mais variadas homenagens e ovações, com particular curiosidade em Inglaterra, Eusébio, a 25 de janeiro de 1992, assinalando os seus 50 anos de vida, viu inaugurada uma estátua sua em frente ao antigo Estádio da Luz.
A nova Catedral ergueu-se, sendo inaugurada a 25 de outubro de 2003, e a estátua do Rei foi colocada junto à porta 18 do Estádio da Luz, tornando-se um ponto incontornável para todos os que visitam o complexo do Benfica.
Portugal e o mundo ficaram em choque no dia 5 de janeiro de 2014. A notícia que ninguém queria ouvir chegou e Eusébio da Silva Ferreira despedia-se de todos os mortais, caminhando para o Olimpo da eternidade.
Naquela que é uma das mais tristes páginas da história centenária do Sport Lisboa e Benfica, adeptos de todos os clubes, nacionalidades, emblemas dos vários cantos do mundo fizeram questão de prestar homenagem ao King, em memória dos seus feitos.
Várias foram as formas encontradas para prestar tributo à lenda, com o Estádio da Luz a tornar-se no palco da expressão ímpar de reconhecimento. A sua estátua acolheu cachecóis de adeptos, dos vários clubes, coroas de flores, mensagens emotivas e lamentos de muitos dos que privaram com Eusébio ou foram tocados de alguma forma nas suas vidas pelos seus feitos. Um Mausoléu foi construído para proteger o espólio, mais tarde recolhido pelo Benfica, que, no Museu Benfica – Cosme Damião, recorda a carreira de Eusébio num espaço inteiramente dedicado à sua vida, sobretudo desportiva.
No dia 6 de janeiro de 2014, após ter pernoitado em câmara-ardente na porta 1 do Estádio da Luz, o seu corpo foi levado em urna para o relvado para que os adeptos lhe prestassem um tributo sentido. Pela última vez, Eusébio deu a volta ao campo perante a emoção de todos os presentes.
Falou e fala mais alto a frase cantada vinda das bancadas da Catedral: "Tu és o nosso Rei, Eusébio! Descansa eternamente!"
Historicamente e durante muitos anos Portugal foi conhecido pelo país de Amália Rodrigues e Eusébio da Silva Ferreira. Os restos mortais de ambos estão hoje no Panteão Nacional, monumento que acolhe e homenageia algumas das mais importantes personalidades da história e cultura portuguesa de todos os tempos.
Entre os homenageados estão Luís de Camões, Pedro Álvares Cabral, Infante D. Henrique, Vasco da Gama, Afonso de Albuquerque, Nuno Álvares Pereira e Aristides de Sousa Mendes.
Já entre as personalidades sepultadas encontram-se o primeiro Presidente da República Portuguesa Manuel Arriaga, Teófilo Braga, Sidónio Pais, Óscar Carmona, Almeida Garrett, Aquilino Ribeiro, Guerra Junqueiro, João de Deus, Amália Rodrigues, Humberto Delgado, Sophia de Mello Breyner Andresen e Eusébio da Silva Ferreira, trasladado a 3 de julho de 2015.
"Eusébio não morreu, só se ausentou fisicamente!"
António Simões, glória do Benfica
Na cerimónia, além da família do antigo futebolista, estiveram os elementos dos órgãos sociais do Benfica, liderados então Presidente Luís Filipe Vieira, e muitos dos que privaram com Eusébio nos relvados como fora deles, casos de Humberto Coelho, João Vieira Pinto, Shéu Han, do atual Presidente do Sport Lisboa e Benfica, Rui Costa, ou António Simões, que afirmou perante as mais altas instâncias políticas de então sobre aquele que o apelidou de "irmão branco": "Eusébio não morreu, só se ausentou fisicamente!"
Eusébio descansa na sala 2 do Panteão Nacional, ao lado de Aquilino Ribeiro (escritor), Sophia de Mello Breyner (escritora) e Humberto Delgado (militar e político).
Texto: Rui Miguel Gomes
Fotos: Arquivo / SL Benfica
Última atualização: 21 de março de 2024