Jorge Jesus: "Benfica está numa caminhada de crescimento"

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Jorge Jesus anteviu o Benfica-PSV, referente à primeira mão do play-off da Liga dos Campeões, uma partida agendada para as 20h00 de quarta-feira, dia 18 de agosto, no Estádio da Luz. O treinador aponta a uma equipa "focada" perante um adversário "superofensivo".

A análise ao adversário, o sistema a colocar em campo, o crescimento do coletivo e até o mercado de transferências foram temas na conferência de Imprensa, no Benfica Campus. Para o técnico, vai ser uma eliminatória entre duas equipas que, pela sua qualidade, "já deveriam estar na fase de grupos da Champions", e onde um "pormenor" pode fazer toda a diferença. Quanto ao Benfica, "o mais importante será mesmo ganhar"...

Que PSV espera defrontar na Luz? Um adversário mais defensivo para tentar resolver a eliminatória na segunda mão, em casa?

O futebol holandês habituou-nos a ver as suas equipas sempre com uma ideia de jogo ofensiva. Esta equipa do PSV pensa exatamente assim, tem jogadores com muita qualidade ofensiva. É uma equipa forte. Tanto o Benfica como o PSV não deviam estar aqui, mas, sim, na fase de grupos, porque são equipas à imagem das grandes da Champions. Vamos encontrar um PSV muito agressivo ofensivamente, com muito talento individual na frente, jogadores que resolvem muitas situações sozinhos. Um deles é o Mario Götze, internacional alemão que joga como segundo avançado, um criador muito forte. Se lhe dermos muito espaço vamos ter problemas. Estou à espera de um PSV superofensivo.

Batendo o PSV nesta quarta-feira, o Benfica somará a quinta vitória seguida neste início de época, facto que não acontece há 38 anos. Que importância atribui a este aspeto?

Não estava a par disso... Para mim, o mais importante será mesmo ganhar, porque assim podemos partir com uma vitória para o jogo da segunda mão. É isso que queremos.

Qual a margem de progressão da equipa?

Não tenho dúvidas de que o Benfica vai crescer mais. O Benfica e qualquer outra equipa. Se por estarem a ganhar neste início de Campeonato não crescessem era sinal de que o trabalho do dia a dia não era valorizado e não tinha objetivos. Os jogadores vão crescendo semana a semana, mês a mês, e assim a equipa também cresce. Temos alguns jogadores que ainda não fizeram parte do grupo e, de certeza, nos vão ajudar a ser muito mais fortes. O Benfica está numa caminhada de crescimento e ainda tem muito para crescer.

Já decidiu se vai jogar com Gonçalo Ramos ou com Yaremchuk?

Podem jogar os dois, porque são jogadores que se podem complementar. Amanhã [quarta-feira] ainda há um treino de manhã, ainda não decidi como vou lançar a equipa em termos de sistema. E o sistema faz com que possam jogar os dois ou então só um. Neste momento estão os dois muito bem e vou ter de decidir por pormenores que um tem a mais e outro a menos.

Que diferenças vê nestes avançados?

São dois jogadores, um com mais experiência, como é óbvio, com características diferentes, embora o Gonçalo Ramos também possa jogar como número 9, e acho que o futuro dele será esse. Na formação jogou muito como segundo avançado e como terceiro médio, o que lhe dá alguma mobilidade que o Roman [Yaremchuk] não tem. O Roman é um ponta de lança que procura muito bem o espaço, que joga bem dentro da área, por isso é goleador. Há esta diferença de um para o outro, daí termos ido à procura de um avançado com características diferenciadas.

Quais são os seus planos para André Almeida? Pensa nele para atuar na faixa direita ou no eixo da defesa num sistema com três centrais?

O André Almeida não joga só na direita. Joga na direita da defesa, na esquerda, como médio-defensivo, como central... É um jogador muito importante para a estratégia do treinador e da equipa, porque joga bem em qualquer posição. Está à procura do seu espaço, porque os dez meses em que esteve fora tiraram-lhe competitividade, confiança, timings do que é o jogo, mas vai jogando, aumentando o tempo de utilização de forma progressiva. É um jogador muito importante.

O sistema de três centrais é o melhor para travar o ataque móvel do PSV, ou vai utilizar uma linha de quatro defesas?

Só amanhã [quarta-feira] é que vou decidir. A equipa está muito confortável em ambos os sistemas. Vou avaliar qual será o melhor para parar a largura da equipa do PSV e tentar quebrar algum movimento do Mario Götze entre linhas.

Assume o favoritismo para este jogo?

São duas equipas [Benfica e PSV] que já deviam estar na fase de grupos, porque são muito fortes, que se batem com qualquer outra equipa, tirando aquelas três ou quatro que são as favoritas à vitória na Champions. E aí a diferença é mesmo no objetivo [ganhar a prova], porque tanto o Benfica como o PSV batem-se com qualquer um destes rivais. Agora, alguma equipa vai ter de ficar de fora, ou nós, ou eles, mas não deixam de ser duas grandes equipas. Quanto ao favoritismo, é igual, não vejo que o PSV tenha uma margem maior que o Benfica, nem vice-versa. Os dois jogos é que vão ditar, e há momentos, coisas de pormenor que acontecem e não se está à espera, e espero que o Benfica esteja muito focado nestes dois jogos, no que tem de fazer para poder passar esta eliminatória, que é o que mais queremos.

Nos últimos dois/três anos a escola alemã tem crescido, e os treinadores portugueses, nos últimos dez anos, também têm marcado o futebol internacional. Dar-lhe-ia algum gozo um treinador português bater um treinador alemão nos próximos dois jogos?

O gozo especial que nos dá é sempre a nossa valorização como treinadores e da qualidade da equipa onde se trabalha. Não distingo os treinadores alemães tão fortes assim. Distingo, por exemplo, os argentinos e os portugueses, muito mais criativos. Também tem a ver com as equipas onde se trabalha. O gozo que me dá é poder estar na fase de grupos da Champions, porque o Benfica tem uma equipa que merece estar lá, como eles também têm, mas só pode passar um... Que seja o Benfica!

Esta época já utilizou 23 jogadores, mas só dois são totalistas: Otamendi e Odysseas. Tendo em conta que Odysseas perdeu a titularidade na época passada para Helton Leite, o que é que ele tem feito de diferente para ter recuperado o lugar no onze?

Tudo tem uma lógica nas decisões que tomamos. A lógica de o Odysseas começar teve a ver com o facto de o Helton ter sido expulso no último jogo de 2020/21 [final da Taça de Portugal], não podendo assim começar o Campeonato. Havendo um primeiro jogo de Champions, contra o Spartak, foi por aí que a balança melhorou para o Odysseas. Foi a primeira decisão, jogou, a equipa ganhou, no segundo jogo [Moreirense] o Helton ainda não poderia jogar, e, portanto, é seguir os momentos da época. Em todos os jogos é possível haver alternância de lugar, e os guarda-redes não têm muitas hipóteses, ou joga ou não joga, isto enquanto outro jogador pode jogar em outras posições. Vamos ver daqui para o futuro.