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Clube
08 março 2021, 09h15
Pelos testemunhos de Cristina Pinto (Cinfães), Elisabete Carvalho (Paúl), Ana Jacinto (Proença-a-Nova), Maria Conceição (Sesimbra), Ana Paula Carmo (Sport Algoz e Benfica), Maria Fernanda Pinto (Vila Meã), Maria José Lima (Porto), Maria Cordeiro (Sport Newark e Benfica), Fátima Barros (Toronto), Maria João Oliveira (delegada regional das Casas do Algarve) e Sandra Carvalho (Vila de Rei) ficamos a saber como é liderar uma Casa do Benfica no feminino, as vantagens e as dificuldades de ser mulher num mundo predominantemente de homens, e também percebemos as adaptações feitas para combater e tentar contornar a tormenta provocada pela pandemia da COVID-19.
1. Quais são os desafios que se colocam a uma mulher na gestão de uma Casa do Benfica?
1. São diversas as dificuldades com que me deparo no dia a dia, nomeadamente na encomenda de mercadorias, e quando tenho de contactar fornecedores de mercadorias tipicamente do gosto masculino, e falo de bebidas alcoólicas, sempre que ligo, há alguém que diz: "Mas não está aí o senhor fulano tal?". Ou: "Posso falar com o senhor fulano tal?". Fazem-me acreditar que estou a entrar numa área que não domino ou que não é a minha e que não querem tratar comigo.
2. Qual é a reação das pessoas ao se aperceberem que a gestão é feita no feminino?
2. Consegui angariar muitas sócias para a Casa e consegui com que as mulheres frequentassem mais a Casa do Benfica, comparando com outras Casas e falando com outros colegas que têm a mesma posição que eu. Algumas até me dizem: "Vou lá ver o jogo". Isto, antes da pandemia, obviamente. Ou perguntam: "Vai lá estar? Então, vou lá ver o jogo. É que assim já não parece mal, o ambiente não é tão masculino". Mesmo para beberem o café a seguir ao almoço consigo captar mais o público feminino, sendo eu o topo da hierarquia e sendo uma cara frequente na Casa. Na sociedade cinfanense há de tudo. Há quem não veja com bons olhos e ache que não é um cargo para atribuir a uma mulher, e há quem parabenize e me felicite por isso.
3. Sendo mulher, como é exercer a liderança em tempos de pandemia?
3. Os meus colegas da direção aceitaram-me muito bem. Eu fui, digamos, empurrada por eles para liderar o conjunto.
4. Que adaptações foram feitas na Casa para superar as restrições da COVID-19?
4. Neste momento, a Casa está fechada. Não temos takeaway, nem sequer condições para o implementar. Vivemos dias de grande amargura. Temos de equilibrar as despesas e honrar todos os compromissos que temos, nomeadamente com a nossa funcionária, para não falar de outros como a renda, a água, a luz... Não é fácil. É verdade que a equipa do Benfica não atravessa o melhor momento e, mesmo com a Casa aberta, íamo-nos ressentir. Andamos de porta em porta para que os sócios possam pagar quotas.
1. Quais são os desafios que se colocam a uma mulher na gestão de uma Casa do Benfica?
1. Estamos todos em pé de igualdade, os homens e as mulheres. Não sinto que tenha mais dificuldades por ser mulher.
2. Qual é a reação das pessoas ao se aperceberem que a gestão é feita no feminino?
2. Ficam muito contentes. Elogiaram-me e até ficaram surpreendidos por ter dado esse passo. Não acreditam como é que eu tive coragem de o fazer. Mas alguém tinha de o fazer. Se não o fizesse, a Casa fechava e, então, eu e a minha equipa avançámos.
3. Sendo mulher, como é exercer a liderança em tempos de pandemia?
3. Tenho uma equipa cinco estrelas. Reunimos e fazemos o nosso melhor, mas estamos limitados por não haver atividades… infelizmente, para nós e para os outros. E tínhamos tantas atividades para fazer, mas não podemos.
4. Que adaptações foram feitas na Casa para superar as restrições da COVID-19?
4. A Casa está fechada e alugámos o espaço do bar a um senhor. Assim, torna-se mais complicado para ele do que para nós.
1. Quais são os desafios que se colocam a uma mulher na gestão de uma Casa do Benfica?
1. Dirigir uma Casa é igual. A nossa Casa é diferente das Casas tradicionais. Não temos bar, estamos mais focados em atividades desportivas e temos uma loja. O bar poderia ser algo que viesse contra nós, mulheres. Nunca senti essas diferenças. As obrigações familiares de uma mulher é que ainda são diferentes das de um homem, apesar de as coisas estarem a mudar. Eu, por exemplo, tenho um bebé com três meses. Temos de gerir a parte profissional, a pessoal e a associativa. A gestão do tempo é que é mais uma coisa que temos de fazer. Não vejo grandes dificuldades em ser mulher e gerir [há três anos] uma Casa do Benfica.
2. Qual é a reação das pessoas ao se aperceberem que a gestão é feita no feminino?
2. Sinto que ficam agradavelmente surpreendidas. Quando tenho de dizer que sou a presidente, as pessoas exclamam: "Ah, muito bem". Não estão à espera, mas é o quebrar das barreiras, em que as mulheres não se envolviam nestas coisas e ficavam em casa. Ficam agradavelmente surpreendidas e noto isso desde o primeiro dia.
3. Sendo mulher, como é exercer a liderança em tempos de pandemia?
3. Os meus colegas, os elementos da direção, têm aquele respeito por eu ser mulher. Mas somos todos amigos. Neste momento de pandemia, quem me está a ajudar são os elementos femininos. Neste caso, os elementos masculinos cumpriram as minhas ordens e estão em casa. A força do feminino teve mais garra [risos]. Não estou a falar mal deles, mas foram elas que se mexeram. Não sei se é por ser uma mulher que vai ao leme, mas elas responderam-me mais prontamente.
4. Que adaptações foram feitas na Casa para superar as restrições da COVID-19?
4. Tivemos de nos adaptar. O primeiro confinamento foi mais difícil, porque ninguém sabia o que aí vinha e fechámos tudo. Quando nos deixaram reabrir as portas, tentámos de tudo. Fizemos redução de horários, aumentámos as turmas das atividades desportivas. Adaptámos a loja. No segundo confinamento já não foi uma surpresa, sabíamos com o que tínhamos de lidar e preparámo-nos com as aulas online. Os professores também aderiram ao projeto, que é inovador. É difícil estar do outro lado e dar hip-hop ou cycling. As aulas são às 7h00 e as pessoas levantam-se para assistir. A loja tem uma secção de gomas e temos um funcionário a fazer entregas porta a porta. Temos, ainda, um catálogo de produtos do Sport Lisboa e Benfica para os vender e tentar ganhar algum dinheiro. Não parámos.
1. Quais são os desafios que se colocam a uma mulher na gestão de uma Casa do Benfica?
1. É mesmo difícil, porque as mulheres, infelizmente, ainda não têm a mesma credibilidade que têm os homens. Têm sempre o acréscimo de ter de provar que são boas naquilo que fazem. Eu nem tenho grande razão de queixa, mas parece que é uma coisa do outro mundo uma mulher ser presidente de uma Casa do Benfica. Para algumas pessoas ainda é um bicho-papão, como se uma mulher não fosse capaz de o fazer.
2. Qual é a reação das pessoas ao se aperceberem que a gestão é feita no feminino?
2. Às vezes, há pessoas que dizem: "O quê? Uma mulher como presidente da Casa?". Em Sesimbra, normalmente, é bem aceite. No início estranhavam, mas já sou presidente há 10 anos e já estão habituados. A terra é pequena, a população é quase a mesma. Quando vêm pessoas de outras terras é que ficam admiradas. Só não foi mais complicado no meu início porque o antigo presidente abandonou a Casa por motivos pessoais. Tive de pegar nela como estava e foi aceite, porque, se assim não fosse, a Casa fechava.
3. Sendo mulher, como é exercer a liderança em tempos de pandemia?
3. Já estou à frente da Casa há 10 anos. As pessoas conhecem-me e sabem como as coisas funcionam.
4. Que adaptações foram feitas na Casa para superar as restrições da COVID-19?
4. Adaptámos a Casa ainda no ano passado. Fomos a primeira Casa a fechar, ou seja, oito dias antes de o Estado decretar o Estado de Emergência, nós fechámos por iniciativa própria. Reduzimos a Casa a um terço das mesas, a esplanada foi igual. Tivemos a BTV lá num dos jogos, estavam pessoas que nunca tinham entrado naquela Casa e uma das coisas que disseram, e que gostei, para além da simpatia e da comida, foi elogiarem a forma como estavam, ou seja, estavam sentados sem que ninguém lhes tocasse, com o máximo de segurança. É difícil, porque não fazemos takeaway. A Casa fica num extremo da vila, não é de fácil acesso. Mesmo fechada, a Casa tem 390 euros de luz para pagar. Estamos com muitas dificuldades em Sesimbra, é um concelho que foi muito fustigado pela COVID-19, faleceram muitas pessoas, muitas delas eram sócias da Casa. Optámos por estar fechados. Juntos somos mais fortes. Este é um dos lemas do nosso Clube e é assim que tem de ser.
1. Quais são os desafios que se colocam a uma mulher na gestão de uma Casa do Benfica?
1. Estou numa situação privilegiada. Como sou funcionária na Câmara Municipal de Silves, na divisão financeira, tenho mais facilidades do que o antigo presidente da Casa. Conheço melhor a realidade dos eventos… O Sport Algoz e Benfica tem 82 anos e eu fui a primeira mulher a ser presidente. Quando me candidatei – foi ideia do anterior presidente –, ele [o antigo presidente] acreditou que eu daria uma boa presidente. O Sport Algoz e Benfica ficou sem presidente, candidatei-me e pensei que até podiam não gostar, porque o Clube tem muitos sócios homens e com idade avançada, mas fui muito bem aceite. A filial tem muita proximidade com os sócios, somos quase uma família. Mas é fácil ser presidente do Sport Algoz e Benfica. As maiores dificuldades são as financeiras devido à pandemia. É um orgulho ser presidente do Sport Algoz e Benfica.
2. Qual é a reação das pessoas ao se aperceberem que a gestão é feita no feminino?
2. São todas positivas, até agora. A filial mudou um pouco. Fiz alguns melhoramentos internos. Como mudámos muita coisa, as pessoas dão-me os parabéns. Não temos futebol, mas temos muitas atividades culturais. Fizemos uma feira de artesanato em setembro e no final agradeci às pessoas que expuseram, e as pessoas, da povoação e de outros locais, levantaram-se e aplaudiram-me de pé. Senti que estava a fazer o bem e a fazer algo de bom para valorizar o Sport Algoz e Benfica. Sou presidente há dois anos. Terminei um mandato e comecei agora outro.
3. Sendo mulher, como é exercer a liderança em tempos de pandemia?
3. Fui criada aqui, venho para o clube desde os meus 7/8 anos. As pessoas conhecem-me, por isso não me dão problemas e reconhecem-me como a presidente. Fazem questão de me chamar "presidente", até alguns sócios.
4. Que adaptações foram feitas na Casa para superar as restrições da COVID-19?
4. Tivemos de fechar. Temos um bar onde os nossos sócios se juntam, mas tivemos de fechar. Quando tivemos de nos adaptar, fizemos uma entrada e uma saída, ambas com álcool-gel. O Benfica enviou-nos sinalizações para colocarmos no chão. Em relação à pandemia, as pessoas aceitaram que o Sport Algoz e Benfica tinha de fechar. Expliquei que tinha de ser, porque a maioria dos nossos sócios tem uma idade avançada e não podíamos correr o risco de perder quem gostamos tanto. Expliquei um a um, evidenciando os factos, por que razão íamos fechar.
1. Quais são os desafios que se colocam a uma mulher na gestão de uma Casa do Benfica?
1. Não tenho dificuldades, e acho que nem se trata de ser um homem ou uma mulher. Fizeram-me o convite para ser presidente da Casa do Benfica há cerca de três anos. A única coisa que sinto é que há mais respeito por ser uma mulher à frente de uma Casa. Os homens dizem imensos palavrões a ver o futebol, mas, estando eu, eles retraem-se. Olham para mim e já não dizem. Antes de mim também estava uma mulher e quiseram que continuasse uma mulher [Maria Fernanda Pinto]. As dificuldades, sendo mulher ou homem, são exatamente as mesmas. Uma mulher é mais dinâmica, mais criativa, tem mais atenção ao detalhe, que, se calhar, um homem não teria.
2. Qual é a reação das pessoas ao se aperceberem que a gestão é feita no feminino?
2. As reações são muito boas, excelentes. Acham a ideia muito boa, o facto de ser presidente. A Casa do Benfica era frequentada por menos mulheres e tenho tentado que haja mais mulheres a frequentá-la. Antes da pandemia, sinto que tínhamos mais mulheres e crianças, sentia uma maior adesão feminina.
3. Sendo mulher, como é exercer a liderança em tempos de pandemia?
3. Os restantes membros da direção consideram que uma mulher à frente da Casa do Benfica consegue manter mais o respeito. A minha equipa tem sido muito solidária comigo. Somos uma equipa que trabalha muito em conjunto e não temos tido problemas. Até quando tivemos de decidir fechar [devido à pandemia], falámos e não houve dificuldades.
4. Que adaptações foram feitas na Casa para superar as restrições da COVID-19?
4. Membros do Clube, em Lisboa, pediram-nos que tivéssemos alguns cuidados, e tivemos. Pedimos às pessoas que fossem compreensivas. Colocámos álcool-gel para desinfetar as mãos, separámos ainda mais as mesas e as cadeiras… As pessoas em Vila Meã acatam bem as decisões e são muito educadas.
1. Quais são os desafios que se colocam a uma mulher na gestão de uma Casa do Benfica?
1. Tenho sentido algumas dificuldades, porque não é fácil. Quando as coisas estão bem, está tudo bem. Mas como sou uma mulher de armas, nunca viro a cara à luta. Comecei como presidente de uma Casa, depois mudei para outra e agora estamos noutro espaço. Sempre fui muito maria-rapaz e iria sempre lutar pelo Sport Lisboa e Benfica. Sou açoriana, comecei no Faial, depois estive no Pico. Sou do tempo dos relatos de futebol e do futebol às 15h00.
2. Qual é a reação das pessoas ao se aperceberem que a gestão é feita no feminino?
2. De há uns anos a esta parte já é tudo muito igual. As pessoas sabem quem eu sou e como me entrego ao Benfica. Já não há surpresas. Pôde ter havido no início, mas estou na Casa Benfica Porto desde janeiro de 1996 e as pessoas já se habituaram. Mesmo quando não estou, as pessoas sabem que está lá o senhor Américo [membro da direção da Casa] e outras ligam-me, quando têm o meu número de telemóvel. Mas nunca me excluíram por ser mulher.
3. Sendo mulher, como é exercer a liderança em tempos de pandemia?
3. Em relação ao facto de ser mulher e estar na liderança da Casa, a minha direção é colegial. Se um diz "mata", outro diz "esfola". Não há problemas de espécie alguma. Os homens que têm estado comigo na direção, e que tenho liderado, são muito cordiais comigo e dão-me a mão quando me vou abaixo, porque às vezes acontece.
4. Que adaptações foram feitas na Casa para superar as restrições da COVID-19?
4. Fizemos as restrições no início que foram retirar mesas e espaçá-las. Colocámos uma televisão no andar de baixo para dividir as pessoas entre os dois pisos. Temos de tomar providências e, sendo eu farmacêutica, fiz ver às pessoas que o tempo de recuperação da COVID-19 varia de pessoa para pessoa e conforme os sintomas que tiveram. Não podemos é perder a fé. É com ela que estamos a lutar pela Casa Benfica Porto.
1. Quais são os desafios que se colocam a uma mulher na gestão de uma Casa do Benfica?
1. Eu acho que não tenho tido problemas por ser mulher. Sou uma pessoa com uma personalidade muito forte e o que tenho a dizer, digo, seja homem ou mulher. No princípio foi mais difícil, porque sou tímida e não tinha aquele à-vontade para falar na televisão. Aprendi muita coisa no último ano, superei este medo e tento fazer o melhor possível para que todos estejam bem. Não tenho tido razões de queixa por ser presidente e até me têm dito que tenho feito um bom trabalho. Vou ficar mais um ano e tentar fazer ainda melhor.
2. Qual é a reação das pessoas ao se aperceberem que a gestão é feita no feminino?
2. Positiva na maioria, mas há sempre um homem ou outro que não gosta de ver uma mulher a dirigir o Sport Newark e Benfica. De resto, não tenho tido problemas, porque já fui tesoureira durante cinco anos, com outras direções. Acho que é sempre mais difícil para uma mulher do que para um homem, porque há sempre quem não concorde. Mas, no geral, tudo tem corrido bem.
3. Sendo mulher, como é exercer a liderança em tempos de pandemia?
3. Como presidente, passo todas as informações necessárias aos outros membros da direção. A minha direção é impecável, os meus colegas dão-me muito apoio como eu lhes dou também. Não posso dizer nada mais do que elogios, porque têm-me ajudado imenso nesta fase.
4. Que adaptações foram feitas na Casa para superar as restrições da COVID-19?
4. Com a pandemia foi difícil fazer coisas para o Benfica. Não pudemos abrir. Estivemos fechados seis meses, desde março [de 2020], depois em novembro porque apanhei COVID-19. Temos de fazer tudo conforme o que é permitido pela cidade, por forma a proteger as pessoas. Ajudámos uma senhora que cozinhava refeições na sua casa para levar a 100 pessoas por dia, pediram-me para a ajudar, falei com a restante direção, abrimos a nossa cozinha e começou a fazer entre 200 e 230 almoços por dia; fizemos umas caixas, uma média de 60, para levarmos a pessoas com necessidades. Houve um sábado em que demos um almoço para 250 pessoas no Sport Newark e Benfica, mas choveu muito e apareceram muitas menos. Conseguimos as moradas das pessoas e entregámos refeições nas casas. Assim, essa comida não foi para o lixo e ajudou quem mais precisava. Estamos aqui para ajudar o próximo. Comprámos, ainda, duas tendas grandes, decorámos com plantas e luzes, e conseguimos servir refeições para sobreviver. Foi difícil, mas tivemos sucesso. Todos adoraram e, se calhar, vamos fazer o mesmo no verão. Sempre que alguém vem, tiramos a febre às pessoas e anotamos, bem como os nomes e os contactos. Assim, se alguém tiver COVID-19, podemos avisar para fazerem o teste.
1. Quais são os desafios que se colocam a uma mulher na gestão de uma Casa do Benfica?
1. Acredito que não tem nada a ver com homens ou mulheres, e até acho que joga um pouco a nosso favor. Em todas as Assembleias Gerais os homens exaltavam-se. Estando uma mulher à frente, há uma resposta melhor por parte dos sócios, que são maioritariamente homens. Há um processo de bloqueio e julgo ser uma vantagem e não uma desvantagem.
2. Qual é a reação das pessoas ao se aperceberem que a gestão é feita no feminino?
2. Da pouca experiência que tenho, porque desde que entrei para a direção da Casa houve a COVID-19, esta tem sido bastante positiva, porque havia muitas mais mulheres envolvidas. Pelo facto de os filhos irem para os treinos [de futebol], as mães ficavam na Casa e havia muita interação e companheirismo. Houve muita adesão e aceitação por parte da comunidade.
3. Sendo mulher, como é exercer a liderança em tempos de pandemia?
3. Tive de me adaptar aos novos tempos, mas não é o ideal. Nesta Casa do Benfica temos sócios com idade muito avançada, com dificuldade e resistência em lidar com as redes sociais. Este tipo de comunicação pode vir a ser a ideal para outros sócios, mas não para os de mais idade. Contactei alguns familiares – filhos e netos – para ajudarem os sócios a conseguirem ligar-se [no Zoom] e entrar nas assembleias.
4. Que adaptações foram feitas na Casa para superar as restrições da COVID-19?
4. Inicialmente, a medida adotada para fazer face ao lockdown obrigatório na cidade foi o takeaway. No entanto, não houve muita adesão. Nessa altura, houve uns problemas na direção, não quiseram investir mais nessa vertente e acabaram por fechar portas. Eu, enquanto presidente da Mesa da Assembleia Geral, tive imensas dificuldades no ano passado, porque tivemos sempre restrições em relação ao número de associados que podíamos receber. Então, neste ano, tivemos a ideia de fazer as reuniões da Assembleia Geral através do Zoom; os comunicados passam pelas redes sociais, como o Facebook, ou nas televisões e rádios locais. Foi a forma que encontrámos para nos envolvermos com os sócios.
1. Quais são os desafios que se colocam a uma mulher na gestão de uma Casa do Benfica?
1. Já estou há muitos anos nas Casas. Já fui presidente de uma [Casa Benfica Vila Real de Santo António] e agora sou delegada, e nunca senti nenhuma dificuldade no contacto com os consócios, com os colegas de direção e com outros delegados pelo facto de ser mulher. Antes pelo contrário! Até sou bastante acarinhada por todos. O Benfica é, de facto, fantástico. Somos mesmo ecléticos. Nunca senti animosidade por parte dos colegas de direção que sejam homens, sempre me respeitaram. Às vezes, os homens soltam um palavrão ou outro, mas quando se apercebem da minha presença pedem imediatamente desculpa.
2. Qual é a reação das pessoas ao se aperceberem que a gestão é feita no feminino?
2. Algumas pessoas ficam surpreendidas, mas as reações são sempre muito positivas e incentivam-me para que as mulheres tenham alguma liderança nas lides das Casas. Ficam muito satisfeitos por saber que é uma mulher que está à frente. Recebo o máximo respeito por parte de todos.
3. Sendo mulher, como é exercer a liderança em tempos de pandemia?
3. Não tem que ver com o facto de ser mulher ou homem. O que interessa é conseguir passar a mensagem e comunicar, para que os problemas sejam resolvidos. A minha missão é dar uma palavra de alento e de resiliência às pessoas envolvidas nas Casas neste momento tão difícil da pandemia.
4. Que adaptações foram feitas na Casa para superar as restrições da COVID-19?
4. A situação está realmente muito difícil. Grande parte das Casas está de portas fechadas e é complicado gerir a situação. Tivemos algumas reuniões com o departamento das Casas no sentido de ajudar e dar algumas ideias para que as Casas se possam reinventar. Nalgumas resultou, através de remodelações ou do takeaway. Porém, só o facto de nós, Benfiquistas, não nos podermos reunir a ver os jogos torna-se difícil reverter a situação. Neste momento, há Casas que funcionam, mas outras tiveram de fechar portas e esperar por melhores dias. Depois, vamo-nos reinventar quando este pesadelo passar e vamos conseguir. O Benfica está sempre connosco e não vamos deixar morrer as Casas.
1. Quais são os desafios que se colocam a uma mulher na gestão de uma Casa do Benfica?
1. Tivemos a infelicidade de atravessar esta fase da pandemia, que é a maior dificuldade, porque não podemos fazer qualquer tipo de desenvolvimento que queiramos fazer pela Casa. Estamos parados. Em relação às dificuldades por sermos mulheres, não considero que haja. Aceitámos este cargo com o intuito de ajudar Vila de Rei, porque é uma associação do concelho e um veículo para conseguirmos fazer algumas atividades, dinamizar a nossa comunidade e culturalmente termos diversidade na oferta. Não sentimos dificuldades por sermos todas mulheres e por não termos nenhum homem na direção. A nossa maior dificuldade é mesmo a pandemia. Crescemos ao nível das modalidades, criámos o futsal feminino, que estava no bom caminho e agora está parado. Temos a nossa escola de concertinas, que é o nosso ex-libris, e que tem sido bem dinamizada pela Andreia. Não temos tido dificuldades ou discriminações por sermos todas mulheres.
2. Qual é a reação das pessoas ao se aperceberem que a gestão é feita no feminino?
2. Claro que já ouvimos aquelas indiretas: "Se isto fosse gerido por um homem"… Mas é mais para espicaçar do que para apontar algum defeito. Até ao momento, temos recebido muitas reações positivas. Claro que cria impacto, porque não é nada normal [Órgãos Sociais inteiramente femininos], mas dão-nos sempre força e ânimo para continuar a difundir a Casa do Benfica e as nossas atividades.
3. Sendo mulher, como é exercer a liderança em tempos de pandemia?
3. Em qualquer grupo, sejam todas mulheres, sejam todos homens, ou seja misto, há sempre um confronto no debate de ideias. Felizmente, todos nos conhecemos há muito tempo, porque Vila de Rei não é muito grande. Somos todas muito unidas e fazemos o melhor que podemos pela Casa do Benfica. A mensagem, entre nós, é passada e tentamos falar todas quando há decisões a tomar. Está complicado porque está tudo parado. Há um ano que não conseguimos alcançar os objetivos a que nos propusemos. Cada pessoa tem a sua forma de pensar, mas tentamos chegar a um consenso e não há grandes dificuldades. O que queremos é manter o que já foi conseguido pela Casa, crescer e melhorar.
4. Que adaptações foram feitas na Casa para superar as restrições da COVID-19?
4. Ao nível do funcionamento da Casa, quando foi possível abrir, implementámos todas as orientações da DGS [Direção-Geral da Saúde] para termos a Casa aberta. Neste momento, não é possível. Nas modalidades, a escola de concertinas funcionou com todas as medidas sanitárias; articulámos um espaço maior com todas as precauções para que todos estivessem em segurança; no futsal, na época que ia começar, tivemos alguns contratempos. Algumas desistiram, porque têm as suas vidas e não é compatível com treinos e com a modalidade. Reajustámo-nos, fizemos um acordo de formação e íamos arrancar com uma equipa mista neste ano para competir. Neste momento, está também parado. Tentámos avançar com as modalidades de dança e com o grupo de teatro, mas não foi possível. Temos a esperança de avançar quando isto terminar.