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Futebol
04 novembro 2020, 17h04
Jorge Jesus
Com conhecimento rigoroso sobre o adversário, o técnico deixou alertas sobre os escoceses, admitiu mudanças no onze, elogiou Darwin e revelou por que razão saiu Everton ao intervalo na última partida, com o Boavista.
Que expectativas tem para este jogo? Vai promover alterações tendo em conta o volume de jogos?
Vamos encontrar um adversário que vai definir a classificação do 1.º e do 2.º lugar, juntamente com o Benfica, penso eu. Vai ser o adversário mais forte que encontrámos. Conheço bem. No ano passado encontrou o FC Porto [na fase de grupos da Liga Europa] e o SC Braga, ganhou ao FC Porto e eliminou o SC Braga [nos 16 avos de final]. Joga em 4x3x3 como sistema tático, diferenciado das outras equipas e parecido com o do Liverpool. Joga sempre com a mesma ideia, em casa ou fora. Vai ser um jogo difícil para nós e para o Rangers. Qualquer equipa pode ganhar o jogo e vencer o Grupo. Queremo-nos apresentar bem, tal como fizemos com o Standard Liège, mas este adversário é mais forte.
"Temos quantidade e qualidade para fazer rotatividade de jogadores"
Para amanhã [quinta-feira] podemos esperar uma revolução no onze em relação à equipa que entrou com o Boavista?
Felizmente temos quantidade e qualidade para poder fazer essa mudança, essa rotatividade dos jogadores. Se calhar vocês não repararam muito, mas no jogo frente ao Standard Liège mudei seis jogadores. Não costumo mudar tantos jogadores, e deu resultado. Tive a oportunidade de, depois do jogo, ter dito que foi o nosso melhor jogo esta época. Amanhã [quinta-feira] é claro que vamos mexer. Há jogadores que vêm de uma sequência de quatro jogos consecutivos, onde nunca foram substituídos. Ontem, praticamente eles estiveram a fazer trabalho de recuperação, não no campo, mas sim fisiológico, hoje, sim, vão treinar comigo, e é hoje que vou ver como é que eles estão. É a minha experiência e a minha conversa com eles individualmente que me vão dando sinais para eu tomar as opções.
O Rangers tem jogadores rápidos na frente, nomeadamente Morelos e [Ryan] Kent. Considera que a equipa do Benfica terá de defender de forma diferente para não lhes dar espaço?
Não são só esses dois que referenciou, o [Ianis] Hagi também. O 4x3x3 deles não obriga estes três jogadores a entrarem em funções defensivas, a não ser na primeira zona de pressão. Temos de ter uma atenção especial à forma como esta equipa sai na recuperação da bola. É uma equipa que tem um sistema de jogo interessante. Normalmente, as equipas que jogam em 4x3x3 começam em 4x5x1. O Rangers, não! Joga sempre em 4x3x3, e tem três jogadores na frente que são rápidos, com agilidade. Temos de ter o nosso equilíbrio defensivo, como fazemos com todas as equipas, independentemente do nome e da forma como se posicionam para o contragolpe. Vamos tentar fazê-lo para não sermos surpreendidos.
"O Darwin é um talento, um jogador poderoso"
Vai alterar a forma de pressionar do Benfica para este jogo tendo em conta o tipo de adversário?
Esta equipa escocesa tem uma forma de jogar que não é fácil de parar. Se não formos para o jogo com conhecimento posicional sobre o Rangers, vamos ter dificuldades. É nisso que vamos trabalhar. A nossa ideia de jogo vai manter-se, mas, sem fugir às nossas ideias, temos de saber posicionar-nos em função do posicionamento do adversário quando tem bola. Na minha perspetiva de treinador, é o único momento de jogo que muda algumas vezes.
Esta sua decisão de deixar de cumprir os habituais gestos do chamado fair play vai aplicar-se apenas nas provas internas ou também na Liga Europa?
Nestes jogos internacionais não acontece tanto antijogo. As equipas jogam com os seus conhecimentos e com o seu valor tático, tanto defensivo como ofensivo, e não entram em situações de quebra de ritmo, de paragens constantes no jogo. No Brasil isso não existe, o jogador está no chão, o jogo segue, ninguém pára o jogo, só o árbitro se quiser parar, porque lá é para jogar. Portanto, essa é uma característica que acontece mais no futebol português, ou seja, acontece mais nos países que não têm o futebol evoluído ou que não têm equipas muito evoluídas, porque existem equipas evoluídas em Portugal. Nas competições europeias essa questão não se coloca, porque de certeza que não vai acontecer.
"Temos de ter o nosso equilíbrio defensivo"
Falava das paragens de jogo… Que sinais viu da parte da sua equipa para responder à derrota com o Boavista? Esse jogo teve muitas faltas. Considera que isso pode acontecer num jogo da Liga Europa?
Não há nenhuma equipa da Liga Europa que faça 31 faltas, tenho quase a certeza. Vamos falar do jogo de amanhã [quinta-feira]… Vamos jogar com uma equipa poderosa, com história. O adversário tem capacidade para discutir o resultado com o Benfica no Estádio da Luz. E nós temos a certeza e a convicção de que temos equipa para ganhar, apesar de o Rangers ainda não ter perdido. Queremos ser os primeiros a ganhar-lhes. Isso coloca-nos com nove pontos, que nos pode garantir ficar mais perto do 1.º ou do 2.º lugar.
O Darwin já tem quatro golos, mas também quatro situações anuladas pelo VAR por questão de alguns centímetros. Como avalia a situação? Acha que um dos focos do problema está na sincronização do próprio movimento do avançado ou de quem faz a assistência?
É um pouco as duas coisas. Como sabem, o Darwin é um jogador muito rápido, que ganha com muita facilidade, sem bola, o espaço ao adversário. Às vezes é o colega que demora mais tempo a fazer-lhe o passe, mas na maior parte das vezes são as decisões dele que são muito mais rápidas naquele momento quando ele tem de fazer a ação. Ainda ontem [terça-feira] falei com ele sobre isso, a tentar explicar-lhe como é que ele tinha de temporizar as decisões. Ele é um miúdo com 21 anos, é um talento, um jogador poderoso que vai ter de aprender coisas do jogo que ainda não conhece, mas vai conhecer. E quanto mais conhecer, maior jogador vai ser, que é aquilo que nós queremos.
Everton está recuperado do incómodo sentido no último jogo?
O Everton, desde a seleção do Brasil, veio mais carregado. No jogo do Bessa não estava muito bem, mas não o tirei por problemas físicos, foi por questões táticas. Se não tiver problemas, amanhã [quinta-feira] vai estar no jogo.
"Convictos de que temos equipa para ganhar"
Agora, uma pergunta fora do âmbito deste jogo. Como observador do futebol, o que está a achar das prestações de João Félix e Diogo Jota?
O João [Félix], como todos sabem, foi trabalhado nesta casa, ele chega ao seu expoente máximo quando já não estou em Portugal, mas tive oportunidade de ver os jogos dele quando estava no Brasil e sempre disse que era um dos jogadores que iam ter um percurso acima do normal. Está a justificar com a pouca idade que tem. Não tenho dúvida que vai ser melhor. É uma grande referência para o futebol português. Neste momento está a jogar no Atlético de Madrid, e para ser diferenciado num plantel daqueles tem de se ter muito valor, que é o caso dele. O [Diogo] Jota começou debaixo, nas equipas mais baixas até ter chegado onde chegou. No ano passado foi surpresa no campeonato inglês e agora chegou ao topo das equipas da primeira liga inglesa, e na melhor equipa do mundo, que no ano passado ganhou tudo, e eu sou uma das vítimas deles, porque [no Flamengo] perdi o Campeonato do Mundo [de clubes] para eles. Portanto, sendo um jogador já com uma expressão muito grande no Liverpool, tem de ser um grande jogador. Quando chegas ao Liverpool e tens um trio da frente como Salah, Firmino e Mané e jogas, tens de ter muito valor. Isso é bom para o futebol português, para a Seleção, para o Fernando Santos, e só demonstra que, em termos de Seleção, somos uma equipa ao nível dos melhores do mundo. É uma satisfação muito grande para quem gosta de futebol.
Texto: Márcia Dores e Marco Rebelo
Fotos: Tânia Paulo / SL Benfica