Futebol

06 junho 2020, 19h06

Portimonense-Benfica

Portimonense-Benfica

RESUMO DA ÚLTIMA VITÓRIA EM PORTIMÃO

O 10 de junho é o Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas, mas também é o dia do Portimonense-Benfica, a contar para a 26.ª jornada da Liga NOS 2019/20. O encontro está agendado para as 19h15, no Portimão Estádio.

No topo da tabela classificativa, com 60 pontos, as águias defrontam um conjunto algarvio que está na luta pela manutenção (17.º lugar, com 19 pontos) e vão tentar o que conseguiram em 81 por cento das visitas ao Portimonense: a vitória.

O registo histórico não engana e é favorável aos da Luz. Em 16 jogos entre o Portimonense e o Benfica no Algarve para o Campeonato Nacional, o Benfica venceu 13, empatou dois e perdeu apenas um. Apontou 32 golos e sofreu nove, sendo que, desses 32, 22 foram no segundo tempo e 10 na primeira parte. Há, ainda, a curiosidade de o Benfica não ter sofrido golos em nove dos 16 jogos e em sete deles ganhou por mais do que um golo de diferença. O Benfica nunca marcou só na primeira parte; em oito jogos faturou nas duas metades, em seis anotou golos apenas no segundo tempo.

Porém, por detrás destas estatísticas há "estórias" que compõem a história dos confrontos entre os alvinegros e os encarnados. Numa viagem pelo tempo, o Site Oficial traz-lhe à memória momentos, golos, nomes, resultados e até… conquistas de títulos que fazem parte de um filme com vários episódios, em rigor, 10.

vitor baptista

Vítor Baptista pescou os três pontos só com 9

Num campo pelado, o Benfica estreava-se em jogos com o Portimonense, no Algarve, a contar para o Campeonato Nacional, em 1976/77. Jogava-se a 10.ª jornada, no dia 11 de dezembro de 1976, e as águias procuravam mais um Tricampeonato para o palmarés – conseguiriam-no com uma segunda volta imaculada. O avançado brasileiro Sapinho inaugurou o marcador para os da casa, aos 58’, e foi já com Toni e Barros fora do jogo por expulsão que Vítor Baptista soltou o génio para dar a vitória aos encarnados. Os tentos foram apontados aos 64’ e aos 90’. Em entrevista ao Site Oficial, em 2018, o antigo jogador José Luís explicou a receita para o triunfo numa partida tão complicada e cheia de peripécias: “A própria determinação dos jogadores e, sobretudo, a atitude e o foco no jogo… Recordo-me que foi uma vitória dificílima.”

chalana

Relva em vez do pelado e Chalana a dar cartas

Na época seguinte – 1977/78 – e com o terreno de jogo a ser relvado, o Benfica sentiu menos dificuldades para ultrapassar o Portimonense. Do lado encarnado, entre outras estrelas, pontificava Chalana. O jovem, com 18 anos na altura, inaugurou o marcador aos 8’. Três minutos depois, Vítor Baptista, velho conhecido dos de Portimão, voltou a fazer estragos com um golo. Na etapa complementar, Pietra, de grande penalidade, fechou a contagem.

nene

1-5, a maior goleada

Com Lajos Baroti no comando, o Benfica alcançou a vitória mais expressiva no Estádio Municipal de Portimão, em 1980/81, com um claro 1-5. Uma entrada “à Benfica” deixava o jogo praticamente resolvido para o segundo tempo. De pé quente, Nené bisou aos 23’ e aos 28’, Reinaldo fez o 0-3 com que se chegou ao intervalo, aos 34’. Na segunda parte, os algarvios ainda reduziram por Amaral, mas o autogolo de Caíca (62’) e o remate certeiro de Carlos Manuel (77’) destruíram eventuais aspirações do Portimonense num resultado melhor.

Festejos 2017-18

81 por cento de vitórias

A contar apenas para o Campeonato Nacional, nas 16 anteriores visitas ao reduto do Portimonense, o Benfica venceu 13, o que é registo bastante positivo. Apesar de ser sempre um estádio complicado de superar, a verdade é que as águias venceram em 81 por cento das vezes que lá jogaram. Cederam dois empates (1-1 em 1981/82 e 0-0 em 1984/85) e perderam em apenas uma ocasião: 2-0, na época passada. Aliás, o encontro de 2018/19 e o nulo de 1984/85 foram os únicos dois desafios em que os benfiquistas não marcaram diante do Portimonense.

eriksson

Título(s) com Eriksson e consagração de um Benfica já Campeão

No início da década de 1980, o estádio do Portimonense foi talismã para o Sport Lisboa e Benfica, com a conquista de um título de Campeão Nacional e a consagração dos encarnados na última jornada quando já eram virtualmente campeões. Vamos às histórias! Em 1982/83, chegava a Portugal o treinador sueco Sven-Göran Eriksson. Na época de estreia em Portugal mostrou logo que era especial e, depois de um arranque com 11 vitórias em outras tantas jornadas, sagrou-se Campeão Nacional a duas jornadas do fim, na 28.ª, em Portimão, diante do Portimonense. Carlos Manuel, aos 85’, escreveu as linhas dos festejos do 25.º título do palmarés encarnado.

Na temporada seguinte – 1983/84 – veio o bis do técnico sueco ao comando do leme benfiquista. A visita ao Estádio Municipal de Portimão fez-se na última jornada, altura em que o Benfica já se sagrara Campeão pela 26.ª vez. Para a posteridade ficam os tiros certeiros de Nené e Shéu, ambos na segunda parte, que deram a vitória, por 0-2.

alvaro

0-3 como mote e um bis exclusivo de Álvaro

Nas épocas 1985/86 e 1986/87, o Benfica brindou o Portimonense com dois 0-3 nas visitas que realizou ao Barlavento Algarvio. Neste conjunto de seis golos, houve vários marcadores, mas um destaca-se dos demais. Álvaro Magalhães bisou no encontro de 1986/87 e foi o único defesa do Benfica a consegui-lo. O aguerrido lateral-esquerdo inaugurou e fechou o marcador, com tentos aos 58’ e aos 83’. Pelo meio, Rui Águas, aos 76’, também fez o gosto ao pé. No jogo de 1985/86, Wando, Rui Águas e Diamantino resolveram para os de Lisboa.

rui aguas

Rui Águas, o goleador-mor em Portimão

O avançado, filho do Bicampeão Europeu José Águas, marcou, também ele, uma era no Clube e deixou a sua marca nas visitas a Portimão. Curiosamente, Rui Águas representou os dois clubes e foi o único que o fez no Estádio Municipal de Portimão. Dos quatro Portimonense-Benfica em que esteve, um foi pelos algarvios e três foram pelas águias. Do lado benfiquista, Rui Águas tem mais golos do que qualquer outro. Apontou quatro golos em três desafios, sendo que, para além dos tentos mencionados acima [1985/86 e 1986/87], bisou em 1987/88. Nessa partida, Forbs marcou para os da casa, aos 50’; Rui Águas, aos 59’, através de uma grande penalidade, e aos 79’ consumou a reviravolta que resultaria em triunfo.

Esta foi a segunda reviravolta da história do Benfica no reduto do Portimonense, com a curiosidade de ambas terem sido por 1-2, cozinhadas com bis de um avançado (Vítor Baptista e Rui Águas) e com o tento da vitória a aparecer perto do apito final.

vata

A solução estava no banco

Em 1988/89, o angolano Vata foi o melhor marcador do Campeonato, com 16 golos. Ainda assim, não era sinal de titularidade assegurada. Na 4.ª jornada, os encarnados desceram ao Algarve para medirem forças com o Portimonense. Com um plantel recheado de talentos, o treinador Toni deixou Vata no banco de suplentes. O nulo teimava e o angolano foi lançado aos 65’. Onze minutos depois, aos 76’, desatou o nó e deu a vitória ao Benfica. Foi a única das 13 decidida por um jogador saído do banco. Aconteceu em 11 de setembro de 1988.

magnusson

Magnusson, emoção e incerteza como nunca

Na temporada seguinte – 1989/90 – um avançado alto e louro dava nas vistas na frente de ataque das águias. Magnusson terminou como o melhor marcador do Campeonato, com 33 golos, e dois deles foram obtidos em Portimão. A partida dessa época teve equilíbrio, várias alternâncias no comandante do marcador e resultado em aberto até final. Luciano marcou para o Portimonense, aos 4’, mas o sueco faturou aos 24’ e aos 37’ e pôs o resultado em 1-2. Antes do intervalo, aos 42’, Guetov empatou o jogo (2-2). Depois de uma primeira parte endiabrada, na etapa complementar, a marcha do marcador acalmou, com Lima a resolver para os da Luz, aos 83’. Nunca, antes ou depois, um Portimonense-Benfica teve tanta emoção e incerteza como em 17 de março de 1990!

Javi García

Em castelhano se abriu a porta no Século XXI

Vinte e um anos depois do 2-3 em 1989/90, o Portimonense regressava ao convívio com os grandes. A época 2010/11 foi a primeira neste século com os algarvios na I Divisão. Em 21 anos muito mudara no futebol português e internacional, já não havia limite de futebolistas estrangeiros nos plantéis, e o golo do Benfica apareceu a falar castelhano. Na segunda parte (49’), Carlos Martins apontou o livre e Javi García, de cabeça, desenhou o resultado final: 0-1. Anos mais tarde, em 2017/18, o Benfica voltou a encontrar o Portimonense no Algarve. Venceu por 1-3, com bis de Cervi e o golo nos descontos (90’+5’) – único nessas condições em 16 partidas – de Zivkovic.  

Texto: Marco Rebelo

Fotos: SL Benfica, Arquivo e Blog do Portimonense

Última atualização: 21 de março de 2024

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