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Futebol
16 setembro 2019, 20h33
Bruno Lage
Que jogo espera?
Um jogo muito competitivo. Por aquilo que o adversário vale, essencialmente. Neste momento é o primeiro da liga alemã, no ano passado fez um excelente campeonato e, neste momento, um excelente arranque. O último jogo é a prova do que o nosso adversário vale. É uma equipa muito competitiva, que pode jogar em diversos sistemas: começou com uma linha defensiva de cinco e terminou a jogar em 4x4x2 perante o Bayern Munique, com uma boa exibição, para além de um bom resultado, um empate. É um adversário difícil, nós também o somos e esperamos que seja um jogo muito competitivo. Acima de tudo, pelo nosso lado, queremos fazer um bom jogo, uma boa exibição e vencê-lo, que é o nosso principal objetivo.
Em termos táticos, há semelhanças com o Eintracht Frankfurt?
Sim e não. A linha de cinco: o Eintracht não mudava tanto o sistema, estes mudam. E depois a questão dos médios: normalmente esperamos um adversário a jogar com três médios a jogar numa linha de cinco – três médios e dois avançados – e o Eintracht era diferente, com dois médios e mais três homens na frente. Foi assim que nos defrontaram nos dois jogos. O Leipzig tem a capacidade de se adaptar ao adversário, de poder, eventualmente, jogar noutro sistema ou com outra dinâmica em função dos médios a jogar.
Houve jogadores que não treinaram nesta manhã [segunda-feira]. Conta com eles?
São formas distintas de recuperar, tem a ver com a nossa forma de trabalhar. Avaliar cada um deles, em função daquilo que é a idade, o seu estado de forma no momento, e perceber o intervalo de tempo entre o jogo do Gil Vicente e o de amanhã [terça-feira]. Ainda há registo de uma ou outra situação que eventualmente amanhã [terça-feira] estará ultrapassada. Nada de anormal ou de especial, pelo contrário. A equipa está motivada pela vitória do último jogo e em fazer uma boa entrada na competição.
Não vai poder estar no banco de suplentes a acompanhar a equipa. Certamente já deu indicações aos seus adjuntos, mas a preparação acaba por ser sempre um pouco diferente...
Diferente... a presença física. Como vocês viram, a minha manifestação no banco não é de andar de um lado para o outro, ou aos gritos, é mais uma forma de estar tranquila para, de uma forma mais calma, no intervalo, falar com eles e tentar corrigir coisas. Por vezes as pessoas não têm noção, mas com o Estádio da Luz cheio, com 60 mil a puxar pela equipa, é praticamente impossível os jogadores ouvirem-nos. Importante é preparamos a equipa da melhor maneira, e é isso que tentamos fazer sempre. Preparar os jogadores para o que o adversário pode apresentar e eles darem sempre o melhor de si em campo. Sobre o nosso trabalho enquanto equipa técnica, a nossa dinâmica de trabalho não se vai alterar. Temos analistas a preparar aquilo que é fundamental mostrar ao intervalo, temos pessoas para comunicar com o banco, a dar outra visão daquilo que se passa. Isso não se vai alterar, confiamos plenamente em todos. Não será um problema o treinador não estar no banco.
Há duas edições zero pontos na Liga dos Campeões; na temporada passada sete pontos… Este jogo, também por ser o primeiro, pode ser determinante para que o Benfica consiga uma viragem naquele que é o panorama na Europa?
Esse foi o nosso objetivo desde o primeiro dia. Após a conquista do Campeonato, a nossa ambição foi essa: construir um plantel competitivo para dar respostas a nível nacional e a nível internacional, à imagem do que é o passado do Benfica ao longo dos anos nas competições europeias.
Tinha dito que quando jogou com o Sporting utilizou um segundo avançado tendo em conta que o Sporting jogava com três centrais. Uma vez que o Leipzig, na maior parte dos jogos, tem utilizado três centrais, Jota espreita um lugar na titularidade?
Não lhe vou responder. É uma pergunta muito bem feita... Mas é uma possibilidade porque vai de encontro ao que é a nossa forma de jogar em função do adversário se jogar com uma linha de cinco.
Pode utilizar Fejsa ou Samaris na posição mais defensiva do meio-campo. Que opção vai ter frente a este Leipzig?
Os dois estão convocados e isso é o mais importante. Saímos há um dia e meio de um jogo e ainda estamos a analisar muita coisa. Aquilo que é mais importante olharmos é para aquilo que vamos fazer como um todo. Para jogarmos contra esta equipa temos de, primeiro, ter organização, quer ofensiva quer defensiva, porque é uma equipa que vale pelo seu todo. Onde é que pode estar a surpresa? Em função do seu sistema tático. O nosso adversário gosta de ter bola, gosta de aproveitar a largura... Contra o Bayern tiveram dois sistemas, mas a forma de jogar foi muito semelhante: de construir por trás, de atrair um corredor para tentar explorar e criar superioridade numérica no outro, muita gente a atacar a profundidade entre linhas… Um adversário muito competente e temos de perceber quem está a 100% e tomar as nossas melhores decisões. São dois jogadores diferentes.
Sempre que pode cita o seu filho nas conferências. Como transformar para o mundo infantil a importância de o pai dele se estar a estrear na Liga dos Campeões?
Vou dizer-lhe o que é que a mãe lhe disse ontem [domingo] sobre o facto de eu ter recebido uma medalha em Setúbal. Para o convencer a ir, disse que ia à festa do pai. No final, ele perguntou-me se havia bolo e eu disse que não. 'Então e há pula-pula?'. Não, também não. Agradeço a pergunta, mas por acaso não tinha pensado nisso. Penso é no dia de amanhã [terça-feira], para que quando tiver mais idade ele perceba o que pai conseguiu. É um marco importante para um jovem treinador que há um ano tomou a decisão de vir para perto da família e de repente está a jogar na Europa.... Como dizer a um filho de quatro anos a importância deste jogo e de chegar a este patamar é realmente difícil. Tenho de pensar nisso.
O treinador do Leipzig disse que um empate na Luz, consoante o jogo correr, até podia não ser um bom resultado. Considera que um empate para o Benfica pode ser um bom resultado?
Todos os pontos são importantes e o treinador adversário perceber que pode vir aqui pontuar, para poder passar à fase seguinte... um ponto fora é sempre um ponto fora. Ainda não estamos numa fase a eliminar, mas a nossa ambição tem de ser ganhar o jogo. Vamos jogar contra um adversário muito difícil. Mas, pelas palavras do treinador do Leipzig, ele também já percebeu que somos uma equipa muito competitiva – eventualmente com estilos diferentes – e muito perigosa, com jogadores muito fortes e que criamos oportunidades de golo. Vamos entrar com a mentalidade de vencer.
Onde vai ver o jogo?
A minha intenção é ver no meio dos adeptos. Já que não posso estar no banco, quero sentir aquilo que acredito que vai ser o calor: 90 minutos de um grande jogo, com os adeptos a apoiarem-nos do início ao fim.
Começa a preocupá-lo este ciclo que se cria, também da nossa parte, de perguntas sobre a ausência de golos dos avançados em quem a equipa técnica tem apostado?
Pense que eu aqui de trás estou a vê-lo de camisa branca e digo que você está muito pálido e doente... Depois, toda a gente começa a ver e dizem 'se calhar está mesmo pálido e doente'. De repente, você também acredita que está doente. A questão é feita tão regularmente que eu próprio, a determinada altura, me esqueci que o Seferovic já marcou um golo. A questão do RDT, em jeito de brincadeira, usei mais uma comparação com o meu filho. Imagine as bolas que já lhe chegaram para ele encostar e os adversários cortaram para fazer autogolo. Se ele tivesse feito esses golos, já não havia esse motivo de conversa. O que temos de olhar é para o nosso rendimento coletivo. Somos uma equipa que marca muitos golos. Não temos de fazer disso um problema, e eu nunca toco nesse assunto com eles. Eu só digo a todos eles: 'Não deixem de correr. Quando vocês deixarem de correr, nós deixamos de defender como gostamos.' Temos de defender sempre a questão coletiva, independentemente da individual.
Certamente preferia estar no banco para uma estreia na competição na sua carreira...
Nunca falei nisto, nem é meu hábito falar dos árbitros. Houve três erros. Foi o erro de termos sofrido o golo com o Eintracht [na 2.ª mão dos quartos de final da Liga Europa], depois o erro da minha expulsão, que só disse para o árbitro recorrer ao VAR, e depois consolidar esse erro num jogo de castigo. É um problema meu, que realmente gostava de fazer a estreia junto dos meus jogadores e no banco, mas é olhar para as soluções. Todos estão preparados, jogadores e equipa técnica, para dar uma resposta à altura.
O Benfica é ligeiramente favorito por jogar em casa?
É um grupo muito complicado, muito competitivo e com equipas que jogam muito com o seu coletivo. Qualquer uma delas vai ter adversários muito difíceis. Serão seis jogos, da nossa parte, muito competitivos com qualquer que seja o nosso adversário.
Texto: Filipa Fernandes Garcia
Fotos: João Paulo Trindade / SL Benfica