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05 janeiro 2019, 08h00

Eusébio

Eusébio

O dia 5 de janeiro de 2014 ficará indelevelmente marcado para os Benfiquistas como a data em que partiu Eusébio da Silva Ferreira. O melhor jogador da história do Benfica faleceu, já no hospital, aos 71 anos, devido a uma paragem cardiorrespiratória. Foi há cinco anos.

A partir dessa madrugada, o mundo nunca mais foi o mesmo. Ficou, incontornavelmente, mais pobre. Desde as primeiras horas sucederam-se as homenagens e a romaria até ao Estádio da Luz, local onde o seu corpo permaneceu em câmara-ardente. Milhares de pessoas quiseram despedir-se do nome maior do futebol encarnado e português, e um dos melhores do mundo. A estátua de Eusébio foi local de peregrinação, com as pessoas a depositarem coroas de flores, camisolas, cachecóis, cartazes e outros escritos, que foram preservados através de um mausoléu construído pelo Clube à posteriori.

Desde o dia 5 de janeiro de 2014 foram muitas as homenagens ao Pantera Negra. Entre filmes, documentários e peças de teatro, os pontos mais altos aconteceram a 5 de janeiro de 2015 – um ano após a sua morte –, com a inauguração da Avenida Eusébio da Silva Ferreira, e a 3 de julho de 2015, dia em que o corpo da glória foi transladado para o Panteão Nacional.

Eusébio

Carreira ímpar

Nascido a 25 de janeiro de 1942, em Lourenço Marques, capital de Moçambique que hoje tem o nome de Maputo, Eusébio começou a dar os primeiros pontapés na bola no bairro da Mafalala onde vivia. A sua qualidade técnica chamou à atenção do Sporting de Lourenço Marques, onde jogou entre 1957 e 1960.

Em dezembro de 1960 aterrou no aeroporto de Lisboa, sob o nome de código Ruth, numa transferência envolta em polémica e cuja história inspirou António Pinhão Botelho a realizar o filme “Ruth”. Habituado ao calor moçambicano, Eusébio teve de suportar o rigoroso inverno lisboeta. Porém, tal como os adversários, também o frio ficou para trás.

Permaneceu no Benfica até 1975, altura em que atravessou o Atlântico e aterrou nos Estados Unidos da América, país em que representou emblemas como Boston Minutemen, Las Vegas Quicksilvers e New Jersey Americans; de permeio jogou no Monterrey (México) e no Toronto Metros-Croacia (Canadá). Na sua estada no Estádio da Luz apontou 638 golos em 614 jogos. Conquistou 11 Campeonatos Nacionais, 5 Taças de Portugal, 5 Taças de Honra e celebrou efusivamente a Taça dos Clubes Campeões Europeus diante do Real Madrid. O Benfica triunfou por 5-3, com o Pantera Negra a bisar.

Eusébio

15 épocas de um menino que era Ouro

Quando Eusébio ingressou no Benfica, o plantel das águias era Campeão Europeu, múltiplo Campeão Nacional, uma potência na Europa do futebol e tinha uma série de estrelas, nomeadamente no ataque. Pontificavam José Águas, José Augusto, Torres, Santana, entre outros.

Um jovem de 18 anos acabara de chegar de África e não pretendia ser só mais um. Desde logo, nos primeiros treinos, justificou a razão para a sua contratação. Numa entrevista à RTP, Torres partilhou uma afirmação que o treinador Béla Guttmann tivera com o seu adjunto Fernando Caiado: “Caiado, isto é ouro!” Estava decidido! Eusébio ia ser titular no Benfica e assim foi. A sua qualidade marcou uma era – década e meia – no Clube e no futebol mundial. A sua técnica, velocidade, força, inteligência com e sem bola deixavam os adversários atarantados. Travá-lo era uma tarefa quase estoica, mas Eusébio, numa total prova de humildade, mostrou em toda a sua carreira respeito pelos adversários, árbitros e adeptos. Não era mais do que o mesmo respeito que Eusébio tinha pelo futebol.

Eusébio

Goleador na Taça dos Clubes Campeões Europeus e Bola de Ouro

Com 46 golos na Taça dos Campeões Europeus, foi durante muitos anos e até há bem pouco tempo o melhor marcador português na competição. Eusébio foi o melhor marcador na principal prova da UEFA em três ocasiões (1964/65, 1965/66 e 1967/68), com nove, sete e seis golos, respetivamente.

Em 1965 foi agraciado com o prémio Bola de Ouro, colocando o seu nome no Olimpo do futebol. Ainda hoje, é o único futebolista a vencer o prémio de melhor jogador do mundo em representação de um emblema português. Foi, ainda, 2.º classificado na Bola de Ouro de 1962 e 1966, ano que perdeu por um voto para Bobby Charlton (81 contra 80).

Em 1966 foi Bota de Ouro do Campeonato do Mundo, em Inglaterra, certame em que guiou Portugal à melhor classificação de sempre num Mundial (3.º lugar), com nove golos, onde se destaca o póquer à Coreia do Norte (5-3). Venceu duas Botas de Ouro europeias em 1968 e 1973.

Eusébio e Gerd Muller

Golos de todas as maneiras e feitios

Avançado insaciável, Eusébio foi um goleador em todas as competições em que participou, independentemente do adversário. Entre os 638 golos que marcou no Benfica ao longo da carreira, há para todos os gostos: bola corrida (457), bolas paradas (181), dentro da área (472), fora da área (166), com os pés (574), de cabeça (61), outras partes do corpo (3), livres diretos (46) e grandes penalidades (74). Pela Seleção Nacional apontou 41 golos em 64 internacionalizações.

Por altura da morte do Rei Eusébio, o Presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, elogiou o antigo avançado e garantiu que o seu legado nunca morrerá. “Tenho por Eusébio uma profunda gratidão, porque vivi algumas das tardes mais fantásticas da minha vida a vê-lo jogar. Eusébio nunca morrerá porque o seu exemplo vai continuar bem presente entre nós. Felizmente, fomos a tempo de celebrar o seu talento e o seu legado em vida”, disse.

Texto: Marco Rebelo

Fotos: Arquivo / SL Benfica

Última atualização: 7 de fevereiro de 2019

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