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25 outubro 2017, 16h04

No dia do 14.º aniversário do Estádio da Luz – um recinto construído de raiz a pensar no futuro do Benfica e também no Europeu de 2004 –, Rui Costa recorda histórias, momentos e emoções vividos nesta nova Catedral, o maior recinto desportivo do País e, para o administrador da SAD, “o melhor da Europa”.

“Enquanto Benfiquista e enquanto homem do futebol que viaja por grandes relvados pela Europa fora, tenho de dizer às pessoas que ainda não tiveram oportunidade de vir a este Estádio que temos a felicidade de estar naquele que eu considero o melhor estádio da Europa”, disse o antigo futebolista e atual administrador da SAD encarnada, em declarações à BTV.

“O facto de estarmos aqui todos os dias a trabalhar e de todos os dias olharmos para este estádio não retira a beleza. Nenhum outro supera a beleza e a funcionalidade deste. Não só daquilo que se vê das bancadas para o campo como também de todas as infraestruturas à volta dele. A funcionalidade, o interior e a tecnologia batem qualquer outro pelo qual tenhamos passado nos últimos tempos, mesmo aqueles que são mais modernos e mais recentes. Nenhum supera esta obra“, garantiu, dando os parabéns a todos os que “há 14 anos conseguiram fazer uma obra tão bonita, tão elegante como esta”.

Foi a 25 de outubro de 2003 que o velho Estádio da Luz deu lugar à nova Catedral. Construído em tempo recorde (pouco mais de dois anos), a inauguração foi feita com toda a pompa e circunstância. Um espetáculo de luz, cor e som encheu o espaço e coloriu os céus de Lisboa. A primeira noite de 14 anos de emoção que, ainda hoje, Rui Costa não é capaz de explicar.

“O meu passado foi dentro dos relvados e tive o privilégio de jogar neste estádio. Tive muitos momentos fantásticos e inesquecíveis, mas eu destaco dois: o Euro 2004 e depois o meu último jogo da carreira. Era aquilo que eu mais desejava para terminar o meu percurso como futebolista. Essa emoção de jogar aqui – sou suspeito por ser Benfiquista – é enorme, dá um prazer enorme jogar aqui”, confessou.

Foi, aliás, em casa que o Maestro terminou a carreira. Quase dois anos depois de ter regressado ao Clube onde se formou, Rui Costa fez o último jogo da carreira futebolística. 86 minutos que jamais esquecerá.

“Quando fecho os olhos ainda me lembro da atmosfera que este estádio provoca num jogador. Por mais anos que eu viva, nunca vou esquecer o meu último jogo na Luz”, recordou com emoção.

Acabar uma carreira nunca é fácil. Esse dia não se consegue descrever. Quando vês a placa [de substituição], não vês o teu número, vês o fim… é como se fosse um filme e tivesse acabado. O fim de uma coisa que tu fazes desde os seis anos de idade e que já não vais poder voltar a fazer”, lembrou.

“Sempre sonhei ser um jogador importante no Benfica, seria hipocrisia se dissesse o contrário. Mas nunca sonhei sair do futebol com tanto carinho por parte do Clube em que eu sempre sonhei jogar. Ter o estádio a fazer tudo aquilo que me fez… sinto-me o jogador mais vaidoso do mundo. Não há Bola de Ouro que me pague isto”, admitiu.

Os 86 minutos passaram “depressa demais” para o jogador, na altura de 36 anos, num estádio que foi invadido por homenagens ao camisola 10.

“Eu lembro-me de ter olhado não sei quantas vezes para o marcador eletrónico. Uma das sensações que tenho desse jogo é olhar para o placard de minuto a minuto… Parecia uma festa provocada para mim, não parecia um jogo de Campeonato. Era como se naquele dia este estádio fosse meu. Foi um ano em que estávamos no 4.º lugar e o estádio tinha 55 mil pessoas. Acredito que muita gente estava ali para se despedir de mim. Nunca vou ter palavras para agradecer isso.”

“Já passaram 10 épocas e ainda hoje eu não consigo ver as imagens da despedida”, confessou o Maestro.

Urna Eusébio

A 6 de janeiro de 2014, milhares de pessoas disseram o último "adeus" a Eusébio da Silva Ferreira, que morrera no dia anterior. O Benfica não lhe negou o último desejo: estar uma última vez no centro do Estádio da Luz, antes da "volta olímpica", enquanto cerca de 15 mil gargantas gritavam o seu nome e outros tantos rostos combatiam as lágrimas. Entre eles, Rui Costa.

“Foi um dia marcante, muito triste. É um momento deste estádio que, dentro da tristeza, só aqui se poderia ter vivido. Só aquela pessoa poderia ter aquela despedida”, recordou, emocionado. 

Rui Costa continuou sempre ligado ao futebol e ao Benfica. Em 2008 assumiu o cargo de diretor desportivo, tendo consequentemente passado para administrador da SAD, cargo que ocupa até aos dias de hoje.

Texto: Filipa Fernandes Garcia

Fotos: Arquivo / SL Benfica 

Última atualização: 21 de março de 2024

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