Fábio Cecílio: "Podem contar com muita raça, crer e ambição"

Aos 24 anos, Fábio Cecílio é um dos futsalistas mais utilizados por Joel Rocha em 2017/18. Cumpre a sua terceira época no Benfica, marcou um dos golos na final da Taça da Liga conquistada ao Sporting (2-5) no último domingo e, em vésperas de se juntar à comitiva que vai defender Portugal no Europeu de futsal, concedeu uma entrevista ao Site Oficial do Clube.

Fábio Cecílio falou de si, analisou o trajeto na Luz, revelou os segredos que levaram à festa em Sines e considera que, com foco e trabalho diário, pode haver mais conquistas na corrente temporada.

Já assentaram os pés no chão após a vitória na Taça da Liga?

A conquista foi importante para nós. Temos vindo a desenvolver um trabalho que não é de agora, já é de alguns meses. Ganhámos o troféu, mas vamos continuar a trabalhar todos os dias para, futuramente, chegar bem às competições e ganhar.

É a primeira conquista de muitas em 2017/18?

Trabalhamos dia a dia para conseguir. Temos vários objetivos ao longo do ano, mas o mais importante é chegar às finais e conquistar os troféus. Vamos passo a passo.

Foi importante vencer o primeiro dérbi numa final e logo antes de novo jogo grande para a Liga Sport Zone?

Jogar no Benfica já é uma motivação. Conquistar os troféus traz mais motivação. Mas é como eu digo: trabalhar diariamente para chegar a esses objetivos. São competições diferentes. Uma coisa é o campeonato, outra é a Taça da Liga. O foco tem de ser diário, objetivo a objetivo. Só assim chegaremos lá.

Como analisa a exibição do Benfica na final ofensiva e defensivamente?

Sabíamos que ia ser uma caminhada longa, que não ia ser fácil. Ia haver muita coisa: fadiga, cansaço… Gerimos bem, estivemos bem e a final diz isso. Entrámos bem e fizemos um bom jogo. Não demos grandes oportunidades ao adversário.

No final do jogo, o treinador Joel Rocha caracterizou assim a exibição do Benfica: "Concentração, raça e dar tudo em todos os segundos"... 

Sabíamos que estávamos numa final, que tínhamos um adversário forte pela frente. Quando há raça, ambição e crer estamos mais perto da conquista.

Que peso teve o apoio dos Benfiquistas na bancada do Multiusos de Sines?

Os adeptos têm um papel fundamental para nós. É mais uma ajuda que vem para dentro de campo. Sem dúvida que são a principal ajuda.

Concorda que o Benfica mostrou grande consistência nos jogos com Belenenses e SC Braga?

Claro que sim! Se não fôssemos consistentes não tínhamos chegado à final. Foi o principal, bem como não haver grandes diferenças entre os jogos. Mantivemos sempre a postura e isso foi fundamental para conquistarmos a Taça da Liga.

O campeonato vai parar para se jogar o Europeu. Que análise faz?

A análise é simples de fazer: é uma época em que saíram muitas pessoas e entraram outras. Tivemos de nos entrosar ao longo do tempo. A Supertaça não nos correu tão bem, mas se calhar devido a isso, a haver pessoas novas. O grupo foi crescendo, tivemos alguns percalços, frente ao Belenenses, por exemplo, mas isso não nos afetou. Conseguimos manter sempre a postura e consistência. Foi muito por aí. Tivemos muita vontade, crer, treinar todos os dias, dar tudo no treino.

Assinalou que houve muitas entradas e saídas. A adaptação está conseguida?

Sim, claramente que sim. Até alguns jogadores que ficaram cá da época passada conseguiram introduzir os novos elementos. Ajudou bastante na preparação deles e na nossa. Acho que não têm nada a dizer, porque somos um grupo muito unido, damos tudo, divertimo-nos todos os dias e isso é fundamental num grupo.

O regresso far-se-á com um dérbi. Para além desse embate, o que podem esperar os Benfiquistas daqui para a frente?

Do que depender de mim e do grupo, que conheço muito bem, vamos ter muita raça, crer e ambição. Damos tudo em todos os jogos e a Taça da Liga é exemplo disso. Ninguém deixou de jogar, de ter raça e ambição. Podem contar com isso.

O Fábio Cecílio foi convocado para representar Portugal no Europeu. Que expectativas tem?

De mim podem esperar um jogador a dar tudo todos os dias. Vou treinar bem para chegar bem aos jogos. Passa por trabalhar todos os dias. É assim que sou no Benfica.

O que se pode esperar de Portugal na competição? É favorito?

Portugal está com uma grande Seleção. Muitas pessoas entraram, mas outras ficaram. Temos um bom grupo de trabalho. Agora vamos pensar jogo a jogo.

Que dificuldades podem colocar seleções como a Roménia e a Ucrânia?

Não são fáceis. São fortes fisicamente e agressivos. Sabemos as dificuldades que passámos com eles, mas acho que o foco está em preparar bem os jogos, treinar bem para podermos chegar bem à competição.

Ter o Melhor do Mundo do seu lado coloca mais pressão?

Para nós é um ponto positivo. Se o Ricardinho é o Melhor do Mundo é porque tem todas as qualidades para sê-lo. Torna-se mais fácil jogar com ele. Tem tantas qualidades que uma pessoa até… É como digo: a jogar com os melhores, tornamo-nos melhores. Não há palavras para descrever.

Como viu este Penta do Ricardinho?

De certeza que, todos os dias, pela cabeça dele passa foco e trabalho. Só assim pode chegar bem aos jogos e às várias competições. Daí ser o Melhor do Mundo.

Por falar em Penta. Acredita nesse desígnio no futebol?

Acompanho a equipa de futebol do Benfica. Houve uma parte da temporada em que não estiveram tão bem, mas agora estão. Uma pessoa que jogar futebol ou futsal acredita sempre que vai ser campeão.

O Fábio Cecílio tem 24 anos e está na terceira época na Luz. Que balanço faz?

O balanço é positivo. Tenho vindo a aprender ao longo destes três anos. O Benfica tem muita qualidade. Gosto de aprender no sentido de evoluir. Esse é o nosso papel, bem como dar o máximo todos os dias.

Já marcou os mesmos golos (14) que o total alcançado na época passada. Sabia?

Não sabia, por acaso.

Qual é a fórmula para chegar a estes números?

Não posso falar em segredos, mas, se calhar, a forma como estou a jogar este ano é um pouco diferente do que tenho feito nos últimos anos. Tenho-me dedicado mais à finalização. É um processo evolutivo que me tem ajudado bastante. Agora é manter.

O seu potente remate já era conhecido em Braga. Sente que hoje, todavia, chega mais perto das zonas de finalização?

O que mudou foi tentar aperfeiçoar o meu remate. Tenho um remate forte, seja com o pé direito ou com o esquerdo. No SC Braga já andava a aperfeiçoar, mas no Benfica ainda melhorei. Antes, em 10 remates colocava cinco; agora coloco mais, o que é bom. Quanto ao estilo de jogo… no SC Braga tinha um estilo diferente, era mais ala; no Benfica passo mais pela posição de fixo. São variantes diferentes. Tornei-me um jogador, não digo mais completo, com mais soluções.

Ser ambidestro é uma vantagem no futsal?

Sim! O adversário nunca sabe para que lado vou e isso é importante. Tendo um remate forte com ambos os pés, o adversário nunca sabe para que lado vou ou que pé vou utilizar.

Diferenças entre o Fábio Cecílio do SC Braga, o dos primeiros tempos de Benfica e o atual...

Aperfeiçoar a experiência tática. Trabalhei isso em Braga, mas aqui fi-lo melhor. No Benfica temos várias variações de sistemas táticos, jogamos em 3x1 ou em 4x0. Isso foi o que mudou mais em mim. Faço um jogo mais pensado hoje, estou mais calmo nas zonas de decisão. Fez-me crescer. Depois há a qualidade do grupo. Aqui estão os melhores e isso ajuda bastante.

E o treinador? O que pode dizer de Joel Rocha?

É um treinador perfecionista. Gosta de ser perfeito no que faz, ama o que faz e transmite isso. Gosta de fazer treinos competitivos e isso é bom para nós.

No final da Taça da Liga, Joel Rocha agradeceu às famílias, à dele e às dos jogadores. A sua família é importante para ser melhor no futsal?

Claro que sim! Quando somos acompanhados pelas pessoas que amamos torna-se mais fácil. Estarem presentes em todos os jogos é mais um motivo para ganhar jogos e competições.

Texto e entrevista: Marco Rebelo

Fotos: Tânia Paulo / SL Benfica