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Até sempre, Mortimore
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Esta manhã fomos surpreendidos pela triste notícia do
falecimento de John Mortimore, aos 86 anos, nosso treinador
ao longo de cinco temporadas, distribuídas por duas
passagens no Clube, com vários títulos conquistados e um
legado de amizade e respeito mútuos.
Depois de se ter notabilizado como jogador ao serviço do
Chelsea entre 1956 e 1965, onde chegou a capitanear a
equipa, retirou-se aos 31 anos após uma época em que
representou o Queen's Park Rangers. Abraçou a carreira de
treinador e chegou ao Benfica em 1976 pela mão de Borges
Coutinho.
O começo titubeante no Campeonato gerou alguma desconfiança
(à 5.ª jornada, seis pontos de atraso para o líder – a
vitória valia dois pontos), afinal o Benfica era o bicampeão
nacional em título e ganhara 13 dos 17 Campeonatos
anteriores.
Aparentemente imperturbável, Mortimore promoveu várias
alterações no onze-base da equipa, com destaque para os
"miúdos" Chalana (ainda júnior), José Luís, Eurico e Pietra,
além dos também muito utilizados Alberto e Romeu, partindo
então o Benfica para mais um tricampeonato, fruto de 25
partidas consecutivas sem conhecer a derrota (22 vitórias e
três empates), com o título a ser garantido a quatro jornadas do fim.
Na época seguinte, envolta em polémica, Mortimore não
conseguiu revalidar o título, apesar de o Benfica ter
terminado o Campeonato invicto pela segunda vez na sua
história e de ter obtido a mesma pontuação do campeão.
Apesar da vantagem no confronto direto, vigorava a diferença
de golos como primeiro critério de desempate. O insucesso em
1978/79 ditou a sua saída do Clube.
Regressou em 1985, contratado por Fernando Martins, com a
equipa ainda órfã das saídas, um ano antes, de Eriksson e
Chalana. No Campeonato, o título fugiu perto do final da
prova, mas a época ficou marcada pela conquista da Taça de
Portugal e pela goleada infligida ao Sporting, por 5-0, nos
quartos de final da competição.
No ano seguinte, tudo pareceu desmoronar quando, em
Alvalade, perto do ocaso da primeira volta, sofremos uma
derrota pesada, por 7-1. Mais uma vez, Mortimore pareceu
imune ao contexto adverso e liderou a equipa para mais um
triunfo no Campeonato Nacional, ao qual juntou a sempre
apetecida Taça de Portugal, redimindo-se da goleada sofrida
em Alvalade sagrando-se campeão nacional e vencedor da Taça
de Portugal em partidas frente ao Sporting.
Nas cinco temporadas em que serviu o Benfica, venceu dois
Campeonatos, duas Taças de Portugal, uma Supertaça e três
Taças de Honra. Nos anos subsequentes, fez sempre questão de
vincar a admiração e respeito sentidos pelo Clube que lhe
proporcionou os anos de maior sucesso na sua carreira de
treinador.
Em 2012, durante o intervalo do embate dos quartos de final
da Liga dos Campeões entre Benfica e Chelsea em Stamford
Bridge, Mortimore deu uma volta ao relvado e foi saudado
efusivamente pelos adeptos dos dois clubes. Merecido!
Obrigado, Mortimore, até sempre!
P.S.: Hoje celebramos o 12.º aniversário da Fundação
Benfica, cuja ação social muito enobrece o Sport Lisboa e
Benfica. Parabéns!
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