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Factos que falam por si
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O Presidente do Sport Lisboa e Benfica, ontem, em
conferência de Imprensa após reunião da Liga, abordou
diversos temas que marcam a atualidade, manifestando a
posição da direção do Benfica em relação a diversos
assuntos.
No que respeita à Liga, e mais concretamente sobre o
presidente, Luís Filipe Vieira reiterou o desagrado pelo
envio de uma carta ao Presidente da República, apelando
à sua intervenção no sentido de possibilitar a
transmissão televisiva em sinal aberto dos jogos.
Tratou-se de uma ideia com a qual o Benfica discorda,
pois poderia prejudicar significativamente um dos seus
parceiros de negócio mais relevantes, agravada pelo
facto de esta proposta ter sido feita em nome do Benfica
e de outros clubes sem o conhecimento destes.
Acrescem ainda as questões da liderança da Liga, do seu
modelo de governação e da localização da sede.
Sem se avaliar, por agora, aspetos da gestão corrente da
Liga, que não estão em causa, fica claro que há um
problema de liderança. Um líder impõe-se naturalmente,
aceite, sem reservas, por quem é liderado. Esta é uma
característica basilar de qualquer líder, constante em
qualquer manual que verse sobre este tema.
Também o modelo de governação foi abordado, havendo uma
proposta em análise, feita por vários clubes. Esta
necessidade advém de o atual modelo de governação,
pensado nos primórdios da Liga, se ter tornado obsoleto.
Luís Filipe Vieira realçou o profissionalismo da gestão
do Benfica, assim como a visão empresarial para o Clube
e SAD, como exemplo da importância que a evolução nestes
domínios pode ter na obtenção de melhores resultados
desportivos e financeiros, sendo que na Liga é a
vertente financeira que está em causa.
E quanto à localização da sede da Liga, o Benfica não
coloca qualquer obstáculo a que esta continue situada na
cidade do Porto e no edifício em que se encontra hoje.
Além de que entende não haver qualquer utilidade para a
existência de uma sucursal em Lisboa, pois só acarreta
custos dispensáveis por não gerar benefícios
consideráveis.
O Presidente Luís Filipe Vieira abordou ainda outros
temas, com destaque para o grave acontecimento do
apedrejamento do autocarro da equipa após o jogo frente
ao Tondela.
Sobre o ato em si, cujas consequências poderiam ter sido
gravíssimas (imagine-se que uma das pedras tivesse
atingido o motorista), não haverá quem não o considere
ignóbil, sabendo-se que se equipara a outros episódios
lamentáveis passados no futebol português. É
absolutamente necessário que este tipo de situações seja
definitivamente erradicado do quotidiano do futebol
português. Luís Filipe Vieira, mais uma vez, apelou às
autoridades que investiguem a fundo o crime perpetrado e
que encontre os autores do mesmo, deixando uma certeza:
caso se trate de sócios do Benfica, serão banidos do
Clube imediata e inapelavelmente.
Houve ainda tempo para reiterar a integral legalidade
dos contratos que estipulam a relação comercial entre
Benfica e Aves, sabendo-se que remetem para práticas
comuns no mundo do futebol, seja em Portugal ou noutro
país qualquer.
E também para salientar a necessidade geral, entre os
clubes, da retoma das competições, procurando-se a sua
estabilidade e potencial de crescimento. Mesmo o
Benfica, cuja boa situação económica e financeira é
sobejamente conhecida e permitiu lidar com a interrupção
das competições sem sobressaltos, não conseguirá evitar
ser afetado pela crise global se esta se prolongar
indefinidamente.
No Benfica não houve cortes de salários, não houve
atrasos nos pagamentos, nem houve o recurso ao lay-off
como noutros clubes. E seria impensável o pagamento de
prémios chorudos a elementos da administração enquanto
se apresentam prejuízos históricos e uma gestão
desastrada que levou a que esse clube esteja sobre
intervenção da UEFA. Mas Luís Filipe Vieira deixou bem
claro que se houver um retrocesso ao nível da realização
das competições e se, porventura, também o Benfica se
vir na contingência de ter de aplicar alguma das medidas
descritas acima, assumi-lo-á pronta e abertamente.
Vivemos tempos muito difíceis e só com enorme
perseverança, competência e transparência poderemos,
todos juntos, ultrapassar as dificuldades.
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