70 anos de identidade e de memória

REPORTAGEM BTV

A 3.ª mais antiga embaixada benfiquista assinalou o seu 70.º aniversário com um jantar que reuniu mais de 200 convidados, entre os quais o programa da BTV Pelas Casas do Benfica. Numa ocasião em que celebrou o seu longo passado, a Casa Benfica Tomar olhou também para os dias que estão por vir, imaginando-os numa quadra de futsal feminino.

Não são muitas as instituições que chegam aos 70 anos de atividade. Isso, só por si, já é digno de todos os elogios. E, se pensarmos nas particularidades das Casas Benfica, essa longevidade é merecedora de ainda maior admiração. Curvemo-nos, pois, respeitosamente, perante a resiliência, o dinamismo e a paixão de gerações e gerações de Benfiquistas de Tomar, que souberam erguer e manter durante tanto tempo um templo da fé encarnada, ou não fosse esta uma terra de Templários.

"Esta Casa tem uma história muito grande, muito longa. São 70 anos, mas são 70 anos de muitas direções, de muitas pessoas que trabalharam para que a Casa hoje possa estar aberta. Portanto, isto não será o mérito de um presidente ou de uma direção, mas, sim, de todas as pessoas que ao longo dos anos trabalharam para que a Casa consiga sobreviver. Que em muitos períodos também não é fácil, mas, felizmente, as coisas hoje estão a correr muito bem", começou por dizer Abel Bento, o atual presidente da Casa Benfica Tomar.

"Nós tentamos sempre evoluir, é natural. Inclusive, já andamos muito perto de criar algumas modalidades, que não temos, mas estamos a pensar nisso. O futuro passará por aí, mas temos de ir com os pés bem assentes na terra, com calma, de forma a não colocar em causa a sobrevivência da Casa. Acho que temos todas as condições para fazer futsal feminino, para já. Também temos condições para poder fazer alguma formação", disse o dirigente, levantando uma ponta do véu que cobre os dias vindouros.

Mas sonhar com dias que estão para vir é relativamente fácil. O difícil é acumular dias passados, uma quantidade enorme deles, a lutar por uma causa, a contornar dificuldades, a ter força para continuar. Por isso, Tomar, do alto dos seus 70 anos, pode partilhar alguns dos ingredientes do seu sucesso.

"Há muita resiliência, muita dedicação, muito trabalho. Também temos as nossas chatices, mas basicamente é isso, é a união, o trabalho, a dedicação, a resiliência. Porque só assim é que se consegue levar isto por diante. Há muita gente aqui que está longe, e este é o seu bocadinho do Sport Lisboa e Benfica", explicou Abel Bento.

Joaquim Palaricas, outro membro da direção, estava encantado com a afluência. "Está aqui esta moldura humana que de facto mostra o benfiquismo, mostra a paixão, mostra a honra de ser do Benfica. É uma coisa que não se explica, mas sente-se", notou o presidente do Conselho Fiscal.

Também Domingos Almeida Lima compunha essa moldura. A presença do vice-presidente do SLB representa os apoios que hoje existem e que há 70 anos não passavam pela cabeça de ninguém. Ele próprio explicou o significado de se encontrar ali.

"Significa uma enorme honra e significa também uma enorme admiração por todos aqueles que ao longo destes 70 anos permitiram que esta Casa trabalhasse de uma forma notável em prol do Sport Lisboa Benfica. Portanto, como vice-presidente do Benfica com o pelouro das Casas, sinto-me extremamente feliz e honrado por poder participar com esta gente toda, com esta moldura humana, no 70.º aniversário desta Casa", declarou.

De facto, a afluência de Benfiquistas estava a impressionar toda a gente. Jorge Jacinto – ele que, como diretor do Departamento das Casas do Benfica, ilustra bem o carinho e a atenção que o Clube passou a dedicar às embaixadas encarnadas, criando uma estrutura profissional focada no seu apoio – partilhou mais uma confidência nesse sentido.

"O sr. presidente da Assembleia Municipal dizia-me agora que o associativismo está difícil. E que uma associação, que é das mais antigas do concelho, a Casa Benfica Tomar, juntar 200 pessoas, isso já não é normal. E nós temos visto isso. As Casas do Benfica conseguem agregar muitas e muitas pessoas em muitas festas, em muitos jantares, em muitas iniciativas, sejam elas de caráter como este, convívio, seja social, desportivo, isso é a força do Benfica, mas a força também de quem está à frente das Casas do Benfica", elogiou.

E, a propósito de declarações de membros do poder local, a reportagem da BTV recolheu esta do presidente da Câmara Municipal de Tomar.

"Nem sempre a Casa do Benfica teve, digamos, um espaço físico com portas abertas à comunidade, mas é, enquanto instituição, um espaço de encontro, portanto, um espaço de reunião de uma fatia grande da comunidade. Naturalmente, os Benfiquistas, os adeptos do Sport Lisboa e Benfica, são uma fatia grande da nossa comunidade, 70 anos é já também uma marca de identidade e de memória, portanto, é também património da nossa comunidade tomarense", disse Hugo Cristóvão.

A terminar, uma nota de humor. O ex-jogador Pedro Mantorras esteve presente e, como seria de imaginar, foi supersolicitado para tirar fotografias, mal teve tempo para jantar, mas comentou com boa-disposição.

"Comi só salada, estou a fazer dieta, mas está a ser a bom dar alegria a estes Benfiquistas daqui de Tomar. Fizeram 70 anos de aniversário, e é sempre bonito ter este convívio com os Benfiquistas. Para mim, é sempre uma honra enorme representar o Benfica", disse a glória encarnada, resumindo o que, no fundo, todos estavam a fazer ali.